CAPÍTULO 7

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Trovões e relâmpagos lutavam entre si lá fora, embora ainda sem chuva, pouco depois de Alexander me pousar cuidadosamente no sofá de couro desgastado do hall de entrada do motel – que ao menos não tinha um nome descarado, era algo como De Passagem

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Trovões e relâmpagos lutavam entre si lá fora, embora ainda sem chuva, pouco depois de Alexander me pousar cuidadosamente no sofá de couro desgastado do hall de entrada do motel – que ao menos não tinha um nome descarado, era algo como De Passagem. Quase simpático.

As paredes eram igualmente velhas, mal pintadas, e havia alguns quadros tortos na parede, de filmes antigos, provavelmente tentando dar um aspecto noir ao ambiente, embora não combinasse em nada. Uma luz baixa, avermelhada, deveria estar contrastando tanto com a cor dos meus cabelos quanto do rubor no meu rosto por estar ali.

— Você fica bem aqui? — Meus olhos foram atraídos para Alex, que falava comigo, inclinado, próximo demais, o que me surpreendeu.

— Sim, sim.

Depois da minha resposta, ele se afastou, dando-me uma boa visão de suas costas, que pareciam ainda maiores sob o blazer bem cortado. Meus pés ardiam, e eu estava assustada com tudo o que tinha acabado de acontecer, desconfortável, sem saber como nos viraríamos dali em diante, mas era difícil não apreciar o tipo de homem que me fazia companhia. Pensar na forma como me pegou no colo sem qualquer esforço e como até a última célula de seu corpo – que deveria ser extremamente interessante por baixo de toda aquela roupa – parecia pertencer a um cavalheiro, me fazia quase pensar que eu tinha sorte. Apesar de tudo.

O cara do lado de trás do balcão – um senhor de uns sessenta anos ou mais, com uma camisa mal fechada em sua barriga proeminente – olhava para nós com curiosidade, e eu não poderia culpá-lo. Éramos, provavelmente, um acontecimento.

— Foi do carro de vocês o estrondo? — ele perguntou antes mesmo de Alex dizer qualquer coisa.

— Sim. A árvore caiu sobre o capô. Por pouco não foi pior.

— É Deus, né? Às vezes ele está prestando atenção.

Alexander deu uma olhada para mim, e eu quase conseguia ler seus olhos indicando que o sujeito era uma figura.

— Sim, às vezes está. Foi uma sorte também termos parado aqui perto. Minha amiga se machucou nos estilhaços, e nós precisamos de dois quartos para esta noite, por favor — pediu com toda a sua educação de sempre, enquanto eu lutava contra a minha vontade de me manifestar e dizer que poderíamos compartilhar uma mesma acomodação, sem problemas. Que seria um... prazer.

Ainda bem que minha língua estava mais controlada do que minha mente.

— Ih, moço... não foi muita sorte, não. Sabe por quê? Eu to sem vaga.

— Nem um único quarto? — Alexander olhou para mim, todo preocupado. — Posso dormir no chão, se for o caso.

Fiquei calada, e minha expressão provavelmente era ilegível para ele, ainda bem, porque eu poderia jurar que meus pensamentos estavam gritando.

Questões do DestinoWhere stories live. Discover now