CAPÍTULO 20

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            Eu não conseguia mais sorrir

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Eu não conseguia mais sorrir.

Às vezes pensava que estava agindo como uma garota mimada, afinal, quantas pessoas em situações muito piores do que eu ainda conseguiam enxergar luzes coloridas no fim do túnel? Por que, ao contemplar o meu futuro, eu só conseguia ver a escuridão?

Pensava em Karenina e percebia o quão ingrata eu era. Ela perdera tantas coisas, fora impedida de fazer o que mais amava, de andar, de se movimentar, de ter uma vida independente, e, ainda assim, extraíra forças da alma para seguir vivendo da melhor forma possível.

Eu era prisioneira em uma gaiola de ouro. Havia grades na janela do meu quarto, eu estava trancada há dias, sem ver quase ninguém, sem dar um passo além daquele cômodo, mas a comida era farta – embora eu pouco conseguisse comer –, eu tinha um teto sobre a minha cabeça, minha família estava segura e...

Merda! A quem eu queria enganar? Eu não era forte o suficiente para me contentar com essas coisas. Minha vontade era gritar a plenos pulmões que não era justo. Porque realmente não era.

Passei a dormir mais do que ficar acordada, como se isso pudesse fazer os dias passarem mais rápido. Ouvia a voz de Alexander nos corredores ou quando ele batia na minha porta, mas dificilmente lhe respondia, porque era ainda mais doloroso.

Cristiane era a única com quem conversava. E muito brevemente, porque ela tinha mais medo de Cláudio do que qualquer outra pessoa. O filho da puta ameaçava a todos e usava a mãe dela para controlá-la. Era ela quem ficava com a chave do meu quarto, e pedira um milhão de desculpas por isso, mas com o patrão rondando-a e vigiando-a, não havia chances de me ajudar. Levava minhas refeições nos horários corretos, conversava um pouco comigo, mas logo saía, me deixando sozinha novamente.

E isso durou até um dia em que ouvi a chave girando na fechadura em um horário diferente do normal. Três da tarde. Estava deitada na cama, como passara a ser constante, então rapidamente me coloquei em alerta, porque sempre temia visitas inesperadas de Cláudio.

Mas a voz de Alexander me surpreendeu.

— Brianna, posso entrar?

Entrar? Ele... podia?

Podíamos nos ver? Era... possível?

— Pode — minha boca respondeu mais rápido do que meu coração, que parecia titubear e gaguejar.

Quando ele entrou, não estava sozinho, mas acompanhado de Sérgio, com quem mal tive tempo de falar. Eu teria que me casar com ele, mas sequer havíamos trocado duas palavras.

Casamento.

Por mais que eu tivesse tido tempo suficiente para pensar no assunto, tudo era tão absurdo que eu não havia assimilado a ideia de que teria que me unir a uma pessoa a quem não amava, dizer sim em um altar, perante um padre, corroborando com uma história absurda de chantagem e manipulação.

Questões do DestinoWhere stories live. Discover now