Questões do Destino

CAPÍTULO 24

Enfiei o pé no acelerador na estrada, depois de deixar Victor em sua casa. Queria chegar o quanto antes em Destino e, consequentemente, na casa dos Mondego, porque Sérgio me mandara uma mensagem que me preocupou, dizendo que Brianna não estava bem.

E como poderia estar?

Merda! O que diabos poderia ter acontecido? E por que ele não me explicara melhor?

Entrei na casa, ultrapassando os portões e parando o carro na minha vaga de sempre. Saltei sem nem me preocupar com a minha pequena bagagem. Subi as escadas de dois em dois degraus, passando por Margô e cumprimentando-a de uma forma que eu não faria em uma situação normal.

Ouvi alguns sons vindos da sala de jantar, e sabia que as visitas de Cláudio ainda estavam presentes. Enviei uma mensagem para meu amigo, pedindo que me encontrasse na cozinha, e ele não demorou mais do que cinco minutos para aparecer.

— Onde está Brianna? — perguntei quase em desespero e percebi o quão rouca a minha voz soou. Era raiva, pura e cristalina, que me consumia sem piedade. — O que aconteceu com ela?

— Não sei. Ela passou mal durante o almoço, e eu a levei para o quarto. Precisei carregá-la. Mal conseguia se manter de pé.

— Puta que pariu! Ela não deve estar comendo direito! — Cerrei as mãos em punho, irritado, alucinado. — Eu quero vê-la. Não me diga que está trancada naquele quarto.

— Eu saí e não tranquei a porta, é claro. Deixei-a dormindo.

Fiquei em silêncio, pensando, um pouco atordoado e sem saber o que dizer. Não dormia direito há alguns dias, apavorado pelo que poderia estar acontecendo e vidrado em tentar pesquisar qualquer coisa, mesmo sabendo que Cláudio era esperto demais para deixar um escândalo vazar. Chegar naquela merda de casa e não poder ver Brianna, depois de saber que tinha passado mal, era para me enlouquecer.

Até mesmo Sérgio estava me irritando naquele momento. Não que eu fosse lhe dizer isso, mas ele tinha prometido que cuidaria dela, não tinha?

— Meu pai vai sair logo depois que todos os convidados forem embora e vai passar uma semana fora da cidade. Por que não pega Brianna e a tira um pouco daqui? Posso ficar em contato. Caso ele volte, você a traz de volta. Vocês dois merecem conversar sem tanta pressão em volta. Ela precisa respirar um pouco de ar puro e sair daquele quarto.

Meus ombros caíram imediatamente com aquela sugestão. Precisava me lembrar de que aquele cara ao meu lado era o meu melhor amigo. Não importava quem era seu pai, eu sabia que Sérgio era diferente, não corroborava com a loucura toda.

— Se levá-la, não vou trazê-la de volta. Como acha que vou ter coragem de colocá-la em um carro, dirigir até aqui e entregá-la de bandeja ao seu pai, para que a maltrate e a torne uma prisioneira nesta casa?