CAPÍTULO 35

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Os dias passaram depressa

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Os dias passaram depressa. Muito mais do que eu desejaria.

Era a quarta vez que vestia o estúpido vestido de noiva, mas aquela era a oficial. Eu sabia que Alex e Sérgio vinham montando uma armadilha, algo que me salvaria de levar aquele casamento adiante, mas pouco me era contado. Meu companheiro de "cela" dizia que era uma forma de não gerar expectativas e que eles não queriam me deixar nervosa para que algo desse errado. A estratégia era que eu não soubesse de nada para agir o máximo normal possível.

Se é que dava para agir com normalidade numa situação como aquela.

Uma batida na porta do quarto me fez sobressaltar. Ela não estava trancada daquela vez, mas eu sabia que havia seguranças de prontidão, para o caso de eu decidir bancar a Julia Roberts em Noiva em Fuga.

Por um momento... por um breve momento, desejei que fosse Alexander. Que em um rompante de desespero, por não ter conseguido montar um plano plausível, ele tivesse surgido para me levar embora dali antes que eu pudesse dizer sim e me tornar a Sra. Mondego.

O que, na verdade, não poderia acontecer. Sem algo que incriminasse Cláudio, eu fugir ou ser literalmente raptada à beira do altar não faria diferença. As pessoas que eu amava iriam sofrer.

Era triste, inclusive, pensar que minha mãe não estaria presente. Cláudio perguntou se eu queria chamá-la, junto a Karenina, mas, por instrução de Alex, tendo Sérgio como interlocutor, neguei. De acordo com eles, poderia haver uma reação negativa quando tudo – o que eu não sabia o que era – fosse revelado. O que não me deixava exatamente segura.

Só que não era Alex do outro lado da porta, mas meu pai.

Não nos víamos há alguns dias, e eu tentei controlar minhas reações ao encontrá-lo ali, magro, abatido, com olheiras enormes e sem conseguir me encarar. Era como ver outra pessoa. A culpa o destruíra e iria destruir a mim também se eu não fizesse algo para contornar.

— Sei que não tenho o direito nem de chegar perto de você, mas queria te ver antes de tudo — ele começou a falar. — Posso entrar?

— Claro — respondi em um arfar, que nem sabia se ele tinha ouvido. Fosse como fosse, dei-lhe espaço para passar, e ele o fez.

Fechei a porta, e ele ficou parado, olhando para as grades na janela.

— Nada disso teria acontecido com você se eu não fosse um idiota — a voz rouca soava quase ameaçadora, mas não a mim. Era uma ameaça a si mesmo. — Se não tivesse confiado em uma pessoa tão cegamente ao ponto de perder a noção de tudo.

Eu não poderia dizer nada. Era verdade, embora fosse cruel demais, e eu não estivesse muito a fim de deixá-lo ainda pior.

— Mas hoje tudo vai acabar. De uma forma ou de outra.

Questões do DestinoWhere stories live. Discover now