CAPÍTULO 21

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Parei diante de um espelho, tentando me reconhecer

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Parei diante de um espelho, tentando me reconhecer.

Eu usava um vestido que outra pessoa escolhera para mim. De um tom de pêssego que sequer combinava com a cor clara da minha pele, cheio de detalhes em renda preta, tomara que caia, cintura marcada e uma saia aberta, na altura dos joelhos. A maquiagem servia para disfarçar a palidez e os olhos fundos. A raiva.

A sexta e o sábado que passei com Alexander, dormindo nos braços dele, comendo com ele e saindo um pouco daquele quarto para pegar sol, até que me fizeram bem. O problema? Era impossível maquiar o coração. E eu tinha que estar perfeita em todos os sentidos. Não fora o que meu sogro dissera?

Desci as escadas de braços dados com Sérgio, enquanto meus olhos mantinham-se completamente focados em Alexander. Não me importava se alguém percebesse, mas a infelicidade era evidente no meu rosto.

Ouvir todas aquelas pessoas me parabenizando pelo relacionamento e ter que assentir, concordando com a história mirabolante de que eu e Sérgio tínhamos nos conhecido durante uma viagem dele a São Paulo, que fomos apresentados pelo meu pai, que tudo pareceu convergir para que nos apaixonássemos e chegássemos até aquele ponto, provocava uma sensação de náusea dolorosamente incômoda.

Principalmente porque era muito similar à minha história com Alexander.

Levei a mão ao estômago, sabendo que estava vazio desde cedo, quando o monstro voltou para casa, e eu fui obrigada a descer para tomar café da manhã à mesa, mas não conseguia sequer pensar em comer.

Também não queria beber. Muito menos álcool. De nenhum tipo.

Tanto que durante o almoço em si, eu mais fingi comer do que realmente coloquei algo no estômago. Tudo aquilo estava me deixando sem fome. Aquele circo. Porque era assim que eu poderia chamar.

Passei algumas horas ao lado de Sérgio, passeando por entre as pessoas, praticamente calada, deixando que ele conduzisse as coisas. Não podia reclamar do meu "noivo", porque era o mais gentil possível, sempre perguntando se eu estava bem, se precisava de algo. Sentia que poderíamos ser amigos em outras circunstâncias. Só que por mais que não tivesse culpa, o fato de ser filho de quem era e de ser o meu pretendente indesejado me impedia de gostar mais dele.

Foram horas e horas de pura tortura. De sorrisos que precisei forçar ao ponto de parecer completamente falsa. De respostas automáticas e de balançares de cabeça, só para não ter que falar. O alívio só veio quando fui deixada sozinha em um canto, pela primeira vez desde que desci.

Só não fiquei sozinha por muito tempo.

Senti uma mão segurar a minha, que estava caída ao lado do corpo, o que, em qualquer circunstância, poderia ter me feito sobressaltar, mas eu sabia exatamente quem era. O toque familiar me obrigou a fechar os olhos.

Questões do DestinoWhere stories live. Discover now