Questões do Destino

CAPÍTULO 2

Poucas coisas eram tão prazerosas quanto desligar o despertador esperando ter mais algumas horas de sono. E eu raramente fazia isso. Naquela manhã em específico, bati a mão com tanta força na jeringonça velha que ficava sobre a minha mesa de cabeceira, destoando de toda a modernidade da decoração da minha cobertura, que poderia tê-lo quebrado se a porcaria não fosse resistente como um daqueles celulares antigos que mais pareciam tijolos.

Deveria ter me livrado daquela merda há anos, mas foi a primeira coisa que meu pai me deu para a minha "casa de solteiro", como ele gostava de chamar, e toda vez que eu tentava jogá-lo no lixo, pensava no valor sentimental.

Eu poderia me enganar de que ele queria me passar uma daquelas lições de vida inestimáveis sobre o valor do tempo, sobre as memórias e tudo o que não volta do passado, mas ele só queria dizer que eu era impontual mesmo.

Mas isso foi há muito tempo. Quando eu era um garoto cheio de sonhos – e tinha realizado a maioria.

De estudante a CEO em oito anos. Nada mal.

E há exatos oito anos eu não tinha dias de folga – se é que eu poderia chamar assim. Ao menos iria me afastar do ambiente da empresa, passar algum tempo na minha cidade natal e perto do meu pai, que fora o motivo principal que me levou a tomar a decisão que tomei.

Três meses em Destino. No mínimo. Ao menos era o que eu precisaria para preparar toda a campanha de marketing do mais novo candidato à prefeitura da cidade, que, por acaso, era meu melhor amigo.

Enquanto isso eu iria fingir que não estava lá para cuidar do meu velho, porque ele era teimoso o suficiente para odiar a ideia de ser mimado. Mesmo nas circunstâncias em que se encontrava.

Bem, tudo isso poderia esperar, porque o meu vôo só sairia mais tarde.

Girei de lado na cama, e meu braço se esticou para tocar outro corpo nu. Macio, suave, cheio de curvas e quente.

Talvez dormir não fosse uma boa ideia, afinal.

— Hummm — a mulher ao meu lado gemeu quando passei um braço ao redor de sua cintura, puxando seu corpo na minha direção, fazendo-a colar suas costas no meu peito e a bunda perfeita contra minha ereção. — Bom dia, Alex.

— Bom dia — sussurrei em seu ouvido, mordendo o lóbulo de sua orelha.

— Eu te falei que precisava sair cedo esta manhã — ela ronronou, mas não parecia muito interessada em deixar a minha cama.

Tamara era um casinho antigo. Eu tinha alguns, aliás. Ela fazia totalmente o meu tipo: linda, disponível, independente e totalmente alheia a compromissos. As outras também. Eu preferia assim; preferia apostar em companhias conhecidas, porque nunca me decepcionava. Elas também tinham seus amigos coloridos e o acerto era perfeito.