CAPÍTULO 37

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O modelo não estava muito cooperativo naquele momento

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O modelo não estava muito cooperativo naquele momento. Inclusive tinha chegado a bufar no momento em que me viu apontar a câmera para ele, jogando-se no chão dramaticamente. Eu poderia jurar que revirara os olhos. Claro que a culpa fora minha, que atrapalhei sua soneca de antes do almoço, mas não pude resistir.

— Não seja um menino mau, Godofredo! Deixa a tia Bri fazer umas fotos suas... Hein, querido? — Tentei o meu melhor sorriso, o que sempre funcionava com Seu Chico, mas algo chamou sua atenção e suas orelhas se ergueram em alerta. Sua cabecinha se virou diante de um som que também sempre me deixava igualmente animada.

A voz de Alexander.

Voltei meus olhos na direção de para onde o cachorro estava olhando e... bem... ok. Eu não poderia culpá-lo.

Um espécime glorioso de homem estava montado em um dos cavalos – sem camisa, o que é importantíssimo mencionar –, correndo ao redor do redondel, apaixonado pelo novo cavalo que chegara há duas semanas. Ele dissera que era um presente para Seu Chico, mas era lindo vê-lo curtindo suas raízes. Nós dois queríamos voltar para São Paulo, porque não havia mais sentido em permanecermos ali, já que Sérgio não pretendia mais concorrer nas próximas eleições. Por mais que eu tivesse lembranças maravilhosas daquela cidade, eu ainda tinha meus traumas. Amava a fazenda, estar com aquelas pessoas simples que me tratavam tão bem, comendo a comida deliciosa que preparavam, aprendendo a montar sozinha e curtindo a liberdade que me foi privada por tantos dias. Mas estar em Destino me lembrava dos dias que passei à mercê daquele demônio. Lembrava-me do que meu pai tivera que fazer para que o pesadelo tivesse um fim definitivo e onde ele estava por causa disso.

Pensar em meu pai na cadeia ainda era uma dor que me consumia como uma doença. Eu sabia que Rafael Loureiro era um bom advogado, mas ele matara outra pessoa que já estava contida por policiais. Na frente de policiais. Da imprensa. Com mais de cem testemunhas. Não havia salvação. Ao menos ele estava vivo, mas até que ponto isso era melhor para ele?

Desde que tudo acontecera, há pouco mais de um mês, todas as vezes que começava a pensar nisso, sentia que me fechava em uma enorme depressão, mas tentava afastá-la. Como decidi fazer naquele momento.

Godofredo levantou-se de um pulo e começou a correr na direção do redondel, latindo alucinado para Alex. Com um sorriso levemente desanimado no rosto, comecei a segui-lo.

Câmera na mão, fui incapaz de me conter ao ver Alexander daquele jeito, todo cowboy, com a barba de alguns dias por fazer, os cabelos cheios e desalinhados, calça jeans desbotada, tão altivo, forte e poderoso que quase parecia parte do animal que montava. Havia um sorriso em seu rosto, e o som que ouvimos foi de total deleite pelo galope mais veloz que o cavalo iniciou. Ele amava aquilo. Mas sabia que amava também o que fazia na cidade grande. Era um homem de dois mundos, e eu o admirava por isso.

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