— Eu te amei, Dom. Com toda a força da minha alma, com todo meu ser, durante cada um desses anos — Irina estava sentada na cama, as duas mãos sobre o colo — mesmo com todo o mal que fez a mim e ao meu filho. Eu sempre amei você, e sempre desejei que o seu amor fosse maior que a sua ganância. Ou a sua loucura.
Domenicus parou onde estava próximo da porta, irritado com o rompante de sinceridade de sua amante.
— Você culpa a mim pelos devaneios do nosso filho? — o rei virou-se, uma das mãos na cintura — ele fugiu sem deixar rastros. Meus guardas o procuram há mais de dois meses. Se ele quisesse, já teria voltado.
— Sim, Dom. É sua culpa sim — disse, por fim — foi desumano o que você fez com ele. Se a ameaça fosse real, ou se ele tivesse algo a ver com o suposto plano de invasão, ele já teria feito, você não acha?
O rei suspirou.
— Eu sei reconhecer quando estou errado. Mas acredite, nunca quis machucá-lo de verdade.
Irina se levantou e pegou na escrivaninha um pequeno bilhete.
— Já te mostrei isso — Irina estendeu o pedaço de papel para o rei — foi tudo que ele me deixou quando desapareceu.
"Te amo, mãe.
Não posso mais viver assim.
Partirei para longe, não me procure. Espero que seja feliz e perceba quem faz você ser infeliz. Jay"O rei olhou novamente para o papel, e apertou os cabelos entre os dedos, onde seu filho se metera?
Irina saiu de seu quarto e foi até o quarto de Cam, onde o pequeno brincava no chão de madeira escura com os cavalos de madeira que James havia feito para ele.
Os dois eram muito parecidos. Os cabelos lisos e louro-escuros, os olhos de um azul esverdeado que Irina sabia terem sido herdados de seu pai, o porte altivo e despreocupado. Mesmo ainda sendo tão pequeno, Cam dava mostras de sua personalidade idêntica a do irmão mais velho.
Quando Irina se viu grávida pela primeira vez, sentiu-se perdida. Ela amava Domenicus, mas ele era o herdeiro do trono, e como plebéia, e para piorar, uma rom, jamais poderia se tornar rainha.
Então ela fugiu do próprio clã, do próprio povo, e fora se refugiar com uma amiga que havia passado pelo mesmo e tinha um filho pequeno. Irina criara sozinha James até os seis anos de idade, quando Domenicus os encontrou e os levou para o castelo.
Fora pouco depois disso, que Domenicus havia castigado James pela primeira vez, e quando Irina ameaçou fugir, mandou queimar a cabana que sua amiga e o filho moravam. A criança escapara, mas sua amiga morrera queimada.
Não sobrara ninguém mais a Irina, a não ser James, e o próprio Domenicus. Por isso, durante todos esses anos, ela suportara humilhações e agressões, porque amava seu algoz.
.
Domenicus voltou para o castelo irritado e um tanto quanto contrafeito. James desaparecera há mais de dois meses e nem sinal dele em todo o território.
Entrou nos seus aposentos e tirou o casaco, jogando-o raivosamente sobre o divã. E logo viu um motivo para ficar ainda mais irritado: a rainha.
— O quê faz no meu quarto? — se aproximou abruptamente — já não te falei que não é bem vinda aqui?
— Achei que gostaria de saber por mim, mas talvez prefira saber por outra pessoa... — a rainha fez um carinho no próprio cabelo e depois chamou em voz alta — Doutor!
O médico do castelo entrou timidamente, fez uma reverência ao rei.
— Quem está doente desta vez? — o rei foi direto.
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O filho favorito do Rei - O casamento
RomanceLyrian acabara de completar 17 anos e estava finalmente sendo enviada para seu destino, traçado ainda no ventre da sua mãe: casar se com o príncipe da Bessarábia, Thomaz. A princesa Ucraniana da linhagem Douwey, sexta de uma prole de 8 filhos, não d...