O filho favorito do Rei - O casamento

Cap.39 - O dia do casamento

Música enchia os corredores do castelo. Sons de risadas e de dança faziam o castelo parecer quente e acolhedor para quem via de fora.

Uma linda cobertura de ouro para as coisas podres e fétidas que haviam por dentro, pensou Lyrian enquanto descia as escadas rumo ao salão.

Thomaz a interceptou antes que ela chegasse de fato ao salão.

–Você sabe o que houve com Isobel? Ela não quer falar comigo, e parece doente... Você poderia...

–Acho que temos problemas maiores para resolver agora que você descobrir porque Isobel está furiosa com você, Thomaz. Se não encontrarmos um jeito de livrarmos a minha irmã sem termos que nos casar, não vai de fato adiantar a Isobel perdoar seja lá qual merda você fez.

–Nossa, nunca vi você falando assim - Thomaz pegou a mão de Lyrian e colocou sobre o braço - o que houve com você?

Lyrian parou, indignada.

–O que houve comigo, Thomaz? Em que mundo você vive? Seu pai prende minha irmã, ameaça queimá-la numa fogueira e eu estou diferente? Eu estou é furiosa.

Thomaz sentiu-se envergonhado por um instante. A vida toda foi educado para ser o rei, para que suas vontades e necessidades fossem superiores a qualquer outra, então não aprendera a pensar nas dificuldades de outras pessoas.

–Vocês tem algum plano? - Thomaz sussurrou discretamente.

–Meu único plano no momento é só aceitar casar com você se seu pai libertar minha irmã. Eu ainda tenho a última palavra para que esse casamento ocorra, mas ainda assim temo que seu pai planeje algo contra minha irmã.

–Como saberemos se ele vai honrar sua promessa? - Thomaz pareceu preocupado.

–Teremos de nos casar - Lyrian deu um desanimado suspiro - só assim saberemos se vai cumprir ou não.

–E se não cumprir? - insistiu o príncipe.

–Então terei de enfrentá-lo...

*

James se encontrava ansioso como nunca antes. Se ele tivesse tido pelo menos a chance de organizar a fuga com Lyrian, estaria mais tranquilo. Tudo estava organizado com Lucian, Marko e lord Damian Frietzbach, um nobre holandês que supostamente se encantaria com Virgínia, a tiraria para dançar e ajudaria a fugir.

Mais cedo, James havia conversado secretamente com sua mãe, que havia contado sobre os planos do rei, de fazer com que Virgínia tivesse um surto em frente a todos no baile desta noite, forçando uma condenação pública da princesa e livrando Irina.

Irina, por sua vez, ordenou que James afastasse imediatamente as duas princesas do castelo, ambas corriam perigo.

O rapaz havia então rapidamente modificado seus planos: era preciso tirar Lyrian e Virgínia do castelo silenciosamente e urgentemente. Contatou então um velho amigo de exército, que havia se prontificado a ajudar, James tiraria Lyrian pela saída secreta dos aposentos reais, que pouquíssimas pessoas sabiam da existência, enquanto Lucian interceptaria Virgínia na entrada da cozinha.

O plano era simples e desde que fossem cuidadosos, o rei só sentiria falta das duas princesas quando os quatro já estivessem em relativa segurança.

Mas na prática, as coisas não eram tão simples assim. Há cerca de trinta minutos James se encontrava pronto para sair de seu esconderijo, a passagem secreta do rei e buscar Lyrian, mas, no escritório onde essa passagem era anexa, encontravam-se seu pai, e o padre Hernest.

–Certo. Eu posso conseguir o flagrante, mas preciso que a execução seja rápida, ou corremos o risco de que haja uma insurgência da noiva do meu filho. Já está tudo combinado, e os próprios convidados da festa vão pedir que a garota seja queimada - o rei falava sem nem ao menos respirar entre as palavras, num tom baixo - tem de ser rápido.