Virgínia havia colhido uma enorme quantidade das pequenas flores cor-de-rosa, e caminhava rumo ao castelo.
Lucian a alcançou antes que ela subisse a pequena escada que separava o jardim da cozinha — após os acontecimentos do baile de máscaras, Virgínia evitava a entrada principal do castelo para diminuir as chances de encontrar o rei.
—Boa tarde, milady — Lucian fez uma reverência — como tem passado?
Virgínia sentiu suas faces enrubescerem.
—Boa tarde, milorde. Vou bem, e o senhor, como tem passado?
—A partir do momento em que meus olhos te viram, meu dia melhorou consideravelmente — Lucian abriu um enorme sorriso, mas Virgínia baixou a cabeça e estava saindo da sua presença, quando foi parada.
—Por favor — a mão forte, mas gentil, a segurava próxima de seu cotovelo — não vá ainda. Me desculpe se a incomodo. Tentarei não falar mais coisas assim.
—Não consigo entender, milorde, porque sendo um homem com uma alma tão pura, pode zombar de mim dessa forma.
—Zombar de milady? — Lucian se sentia confuso.
—Os homens somente zombam de mim, pois nunca serei como as outras mulheres…
—Eu jamais zombaria de você — Lucian tocou com suavidade a mão com que Virgínia segurava a cesta com flores. Ela não recuou — e você tem razão. Você não é como as outras mulheres. E é ser diferente que a torna tão especial.
Virgínia olhou atenta para o homem negro e forte à sua frente. Um belo par de asas brancas brilhava às suas costas, e uma luz envolvia-o.
—Tão linda - suspirou Virgínia.
—O quê? — Lucian sorriu, encabulado.
—Sua alma. Ela tem luz própria.
Nesse momento, Virgínia estremeceu, retirando rapidamente a mão do toque de Lucian, e instintivamente escondeu-se atrás do homem, que rapidamente sacou sua espada, pronto para defender Virgínia de quem quer que fosse, mas qual não foi sua surpresa ao ver, parado na porta da cozinha, o rei Domenicus.
Ainda mantendo a jovem atrás de si, Lucian guardou a espada e fez uma reverência ao rei.
—É bom ver que a senhorita está mais disposta — o rei aduziu — queria dar-lhe pessoalmente a notícia: prendemos o canalha que a atacou no baile. Ele será levado à forca.
Virgínia espiou por sobre o ombro de Lucian. O rei estava acompanhado de dois oficiais com as mesmas insígnias que Lucian, mas ela nada respondeu, e continuou escondida.
—Bom, temos muito a decidir nesta tarde, comandante Grigori. O aguardamos no salão de guerra.
—Claro, majestade. Estarei lá em um minuto — Lucian respondeu, um pouco desconfiado do tratamento de Virgínia para com o rei.
Assim que o rei voltou para dentro do castelo, Lucian se virou, e viu uma Virgínia assustada e trêmula à sua frente.
—James me escolheu como seu padrinho, diga à sua irmã que ela precisa de uma madrinha. Encontro vocês à meia-noite no pombal — Lucian disse quase num sussurro, tomou a mão de Virgínia e pousou um delicado beijo em seu dorso.
Virgínia assentiu, e entrou correndo cozinha adentro, enquanto Lucian seguia para o salão de guerra.
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Lyrian havia escolhido as seis damas, mesmo na certeza de que não precisaria de nenhuma delas, já que fugiria com James. Mesmo assim, precisava manter as aparências até a noite, quando estaria livre.
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O filho favorito do Rei - O casamento
RomanceLyrian acabara de completar 17 anos e estava finalmente sendo enviada para seu destino, traçado ainda no ventre da sua mãe: casar se com o príncipe da Bessarábia, Thomaz. A princesa Ucraniana da linhagem Douwey, sexta de uma prole de 8 filhos, não d...