Cap. 29 - Tudo Que Um Pai Podia Querer

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— 'Frate' — o pequeno Cam chamava o irmão enquanto dormia inocentemente em seu berço de mogno entalhado — um artefato pesado e incômodo que o rei fizera questão de mandar fazer quando o garoto nasceu, já que quando o filho mais velho nascera, Irina vivia de favor no casebre humilde de sua amiga.

O garotinho de cabelos loiros e olhos profundamente azuis, há meses tinha o sono agitado, e alguns dias, se encontrava febril. Irina sabia que ele não melhoraria enquanto não visse o amado irmão, e isso não ocorreria tão cedo, com o rei no encalço de James.

—'Durma, raklo' — Irina acariciou o cabelo do filho e caminhou até a janela do quarto que dividia com o pequeno. A janela entreaberta deixava entrar uma brisa fresca. Ela se enrolou melhor em sua manta e foi fechar a janela.

— Maman — uma voz baixa e conhecida falou do lado de fora da janela, quando Irina se aproximou para fechá-la.

A bela mulher se espantou, mas abriu ainda mais a janela, dando passagem ao filho mais velho, que subiu rapidamente e se apressou em fechar novamente a janela.

Os dois se abraçaram ternamente. Não há nada mais doloroso para uma mãe que a ausência de seu filho.

— 'O que faz aqui? Se seu pai te pegar aqui...' — James fez sinal para que a mãe fizesse silêncio, então apagou as velas do candelabro e em seguida entreabriu lentamente a porta do quarto, observando o corredor vazio.

— Vim ver vocês — deu alguns passos e chegou até o berço onde Cam dormia, e acariciou-lhe ternamente os cabelos — mas não posso me demorar. Se ele desconfiar que estou aqui, pode fazer-lhe algum mal.

— 'Você sabe que não tenho mais medo dele' — Irina afirmou veemente.

— Mas deveria, Maman. Se ele lhe fizer algo, quem cuidará do pequeno Cam? A rainha?

Irina pensou em retrucar a afirmação do filho mais velho, mas sabia que no fundo ele tinha razão.

— 'Você vai levá-la com você?' — Irina perguntou, os olhos perdidos, a lembrança de que o filho já não era aquele menininho correndo pelos campos de lavanda, e sim um homem, que a enchia de orgulho.

— 'Sim, Maman. Não hoje, mas vou levá-la. E quando estivermos em segurança, voltarei para buscar você e Cam' — James tomou as mãos da mãe, depositando um beijo em cada uma, depois se ajoelhou em sua frente para tomar-lhe a benção.

— 'Deus te abençoe, te guarde e guie, raklo' — ela falou com autoridade.

James abraçou a mãe mais uma vez, deu um beijo na testa de Cam, que sorria dormindo e saltou pela janela, sendo engolido pela escuridão.

*

— Você sabe, lorde Prior, que não confio em qualquer homem à frente do batalhão de dragões — o rei estava no salão de guerra, os dedos cruzados atrás das costas, andava até a janela aberta, depois retornava à mesa, onde três de seus homens de confiança estavam sentados.

— Sim, majestade. Mas sem o jovem James à frente do batalhão, é preciso que um novo comandante seja escalado, mesmo que interinamente. Minha proposta é que seja o lorde Immanuel Millikev. Ele também é jovem, perspicaz com a espada e muito honrado — Prior passou as mãos pelos cabelos grisalhos — além disso, é de meu agrado que ele se case com minha filha Isobel. Ele é um homem de posses, mas sem títulos, um título de comandante já seria de bom tamanho para o futuro marido de minha filha.

O rei observou enquanto seu braço direito se remexia inquieto na cadeira. Ele era um homem de posses, com um título quase tão antigo quanto a sua linhagem real,e com certeza, com muita influência. Aceitar a proposta dele parecia não tão absurdo. James estava desaparecido, e se ele retornasse, Domenicus não fazia ideia de que ele aceitaria voltar ao antigo cargo.

O filho favorito do Rei - O casamentoWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu