Cap. 42 - Fogo, gelo e sangue

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-Você tem que encontrar o Lucian, sua irmã e o Marko com as garotas, aconteça o que acontecer - James falava sério, a respiração difícil - meu amor, não sei se o veneno vai acabar me paralisando, mas existe um motivo pelo qual essa cerca viva existe no castelo.

Lyrian observava enquanto James, pela segunda vez se dobrava em náuseas intensas. Uma vez que ele já havia sido ferido pelos espinhos, e sem muitas chances de encontrar bardana nas proximidades para administrar rapidamente, não havia muito o que a princesa poderia fazer, além de protegê-lo e oferecer algum conforto durante as crises.

-Espere! Venha comigo - Lyrian tomou a mão de James, gelada como a neve espessa que se acumulava lá fora e quase o arrastou em direção à saída de emergência novamente.

-Não temos tempo para isso - James advertiu enquanto ouvia os gritos lá fora de que os berberes haviam invadido o castelo - Você precisa encontrar os outros e fugir, eu vou encontrar o Thomaz!

-James? É você? - a conhecida voz do príncipe ecoou baixa de algum ponto do corredor escuro - Graças a Deus! Achei que iria morrer aqui nesse corredor sozinho.

James alcançou no escuro a parede e sofregamente se arrastou até o ponto da voz.

-Como você entrou aqui sozinho, Thomaz?

-Também não sei - o príncipe herdeiro falou com a voz entrecortada - acho que meu medo de morrer foi maior que o meu pavor desse lugar.

James alcançou a mão do irmão mais novo e a apertou com força.

-Tenho uma vela, mas temi acendê-la, você sabe o porquê - o mais jovem revelou.

-Sim, eu te entendo, mas agora eu estou aqui e não vou te deixar sozinho aqui. O papai também não está aqui para fazer mal para você - a voz de James era calma e baixa.

Lyrian concluiu, com terror, que os irmãos falavam dos terrores físicos e psicológicos que sofreram na infância nas garras do pai e estremeceu. Aquele homem era verdadeiramente um demônio, como Virgínia sempre afirmou.

-Não temos muito tempo, Thomaz - Lyrian interveio - precisamos encontrar bardana, ou seu irmão pode morrer...

-Eu estou bem - James protestou - vocês precisam encontrar os outros e fugir.

-Você não vai se entregar como um cordeiro ao abate - Thomaz respirou fundo, se levantando e, mesmo de olhos fechados, apoiou o ombro do irmão, que se encolheu um pouco ao toque, mas aceitou o apoio - vamos, princesa. Você lidera o caminho, eu carrego meu irmão.

*

Quando os berberes finalmente romperam a frágil barreira da guarda do castelo, houveram gritos e sons de luta. Criados, escravos, convidados do castelo e soldados lutavam lado a lado com o que havia à mão contra os invasores.

Pontos de incêndio aqui e ali em meio à neve iluminava a noite escura, e aquecia alguns pontos da neve que começava a derreter em certas partes do enorme jardim. Em diversas partes, pessoas jaziam mortas, outras tentavam se arrastar, gravemente feridas.

Marko odiava ferir outras pessoas. Havia aprendido com destreza a luta com espadas, o arco e a lança, mas usava a luta apenas como divertimento, a simples ideia de matar alguém revirava seu estômago, desde que vira a mãe morrer em seus braços, aos seis anos.

-Dê-me o garoto - Marko se dirigiu a Claire, que caminhava com certa dificuldade com o pequeno Cam nos braços.

-Como você vai carrega-lo e lutar se for necessário? - a garota protestou.

Marko parou por um instante e analisou a roupa que a jovem usava. Num movimento rápido e sem dar tempo para que a mesma reagisse, retirou da barra do vestido, habilmente, uma faixa de dois palmos do amplo tecido, deixando a filha do barão chocada.

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⏰ Last updated: Apr 25 ⏰

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