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Atenção: Este capítulo pode conter gatilhos de violência, então se for muito sensível a este tipo de conteúdo não leia. É um pedaço  de virada da história, mas não quero que se sintam mal lendo. Amo vocês e obrigada por acompanharem está história com tanto afinco. Boa leitura, maçãzinhas do Éden.

De todas as besteiras que eu já fiz essa com certeza está entre as piores, e eu nem sou de fazer besteiras, sempre fui muito bem instruída em casa a não cometer erros graves.

Se você errar estará pecando, se pecar vai morrer queimada no fogo do inferno. Meu pai sempre me alertava.

Era uma boa razão para evitar erros.

   Eu troco minha bolsa de lugar ajeitando ela em meu outro ombro. A rua está mergulhada em um silêncio até que curioso, e eu engulo em seco notando o beco iluminado somente por um poste solitário logo a frente. Eu não deveria estar aqui. Não deveria estar vagando sozinha por este bairro que eu não faço ideia de qual seja o nome. Mas eu me deixei levar pela raiva. E quando estamos tomados pela raiva intensa nós sempre fazemos besteiras, cometemos erros que nos arrependemos depois. Meu erro foi sair correndo pelo portão da faculdade, sem me dar conta de para onde estava indo. Agora estou aqui, arrastando meu corpo cansado pelas ruas estranhas de San Diego, onde eu pensei que fosse bonito por todas as partes.

Obviamente eu estava enganada.

- Ei Marcus, saca só o que eu encontrei.

Uma voz masculina ruge de algum canto, me fazendo arregalar os olhos.

Fecho os dedos na alça de minha bolsa, apertando-a com mais força, sentindo meus pés descalços desacelerarem os movimentos pouco a pouco, até eu parar no meio da calçada.

O homem que tinha gritado me encara por alguns segundos, os olhos brilhando como se eu fosse alguma espécie de tesouro perdido. Ele vira seu boné vermelho para trás, me dando a visão completa de seu rosto pálido. Por Deus, ele parece assustador como um pesadelo.

- Espero que seja a 100 pratas ou estamos fodi... - o tal de Marcus se junta ao outro cara, também fixando seus olhos em mim. - Mas olha só...uma garotinha perdida...você é mesmo um idiota de sorte.

Marcus é mais alto que o primeiro cara, com os braços cobertos por um casaco preto de moletom. Os cabelos longos e negros caem sobre os seus ombros, se movimentando ferozmente a medida em que ele se aproxima de seu companheiro.

- Não estou perdida... - engulo em seco, tentando impor um pouco de autoridade a eles. - sei muito bem para onde vou.

- Tem certeza? - o primeiro cara resolve me confrontar. - Sabe que aqui é uma rua sem saída, não sabe? Alí na frente fica o beco - ele aponta para o pedaço de escuridão a nossa frente. -  aquele lugar fede como a porra de um banheiro de bar, você não vai querer entrar lá... não tem porquê entrar lá.

Então ele dá um passo a frente, me fazendo recuar. Meu coração logo dispara, agitado como se eu estivesse descendo os três degraus da escada dos quartos novamente. Eu corro meus olhos por toda a paisagem, olhando ao redor em busca de algo que eu possa me defender. Mas não há nada, a não ser minha bolsa entre meus dedos e um pouco de fé. Nada a mais para tentar me salvar.

- Eu...eu perdi um brinco alí, tenho que ir procurá-lo. - levanto o rosto, tomada por um pouco de coragem momentânea, então aperto um pouco mais minha bolsa contra meu ombro e tento passar por eles. Mas o tal de Marcus força o corpo contra o meu. - eu perdi o brinco, não ouviu? Me deixe passar para tentar encontrá-lo.

- Calma princesa, pra que toda essa pressa? Eu posso te ajudar a procurar...depois de batermos um papo.

- Estou atrasada - me afasto. - me deixa passar...por favor.

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