8

1.5K 299 230
                                    

Olá minha maçãzinhas, um breve aviso: Este capítulo será curto. Não me matem, mas não posso ficar fazendo capítulos grandes somente para encher linguiça, não iria condizer com o que quero para a história. Então será um pouco mais curto que os outros, mas importante pq a partir dele dará início a um dos plots mais importantes da história. Espero que gostem e se possível votem e comentem para ajudar no crescimento da história, as vezes sinto falta dos comentários de vcs em alguns capítulos e sinto que não está tão bom assim. Em fim, boa leitura e não matem a autora, amo vocês.

- Acho que alguém precisa de uma toalha.

Madelyne me fita de cima a baixo, os olhos negros e curiosos aprofundados em mim.

- É... - balbucio, usando o peso do meu corpo molhado para fechar a porta do nosso quarto.

A chuva lavou mesmo a minha alma. E eu fiquei nela por muito mais tempo do que precisava.

   No caminho até o prédio dos quartos eu quase entrei em colapso. Minha mente deu um curto circuito tão intenso que a única coisa que me fez voltar a realidade foi as gotas intensas da chuva fria batendo com brutalidade no meu corpo. Madelyne, Duncan, os caras do becos, meu pai, todos os assuntos rondaram ao mesmo tempo na minha cabeça, me forçaram a pensar neles em conjunto. Quando me dei conta, minhas lágrimas estavam se misturando com as gotas de chuva. Eu nunca precisei lidar com tantas coisas ao mesmo tempo, foi uma primeira experiência bem conturbada para uma garota simples de cidade pequena como eu.

- Eu pego pra você. - ela sorri amigável, dando um pulo da cama para se prontificar em pegar a toalha.

Eu confirmo com a cabeça, em silêncio, me aproximando da minha cama. Observo atentamente o lençol de cor rosa... totalmente diferente do bege gastado que costumo forrar minha cama.

- Madelyne... - passo uma das mãos no rosto, secando um pouco a umidade. - você trocou o lençol da minha cama?

- Sim, troquei. - eu viro o rosto em sua direção, obsevando-a balançar a toalha branca retirada do meu lado do guarda roupa. - Quando saí hoje cedo para a aula eu notei que o lençol era tão sem graça, sabe? Um bege tão sem vida. Esse rosa combina muito mais com sua cama. - ela me entrega a toalha, desviando sua atenção para observar sua obra de arte orgulhosamente. - Não é bonito?

Tombo a cabeça para o lado, fitando o lençol com mais atenção. O tecido rosa claro parece um pedaço de algodão doce, decorado com as mais pequenas e delicadas borboletas desenhadas que eu já vi. Em que universo eu poderia imaginar que ela teria um lençol desses? Madelyne é o tipo de pessoa que se cobre com cobertores de luxo de uma cor só, pelo menos era isso o que eu pensava.

Mas como eu já tinha deduzido antes, ela é imprevisível. Até nas roupas de cama.

- É fofo. - eu nego com a cabeça, soltando uma risadinha baixa. - obrigada.

- Por trocar sua roupa de cama  horrível? Não tem de que, faz parte do curso de design de moda, sabia?

O que mais me surpreende é ela cursar moda. Na verdade não muito, ela tem um estilo próprio que só alguém que entende de moda teria.

- Não só por isso - jogo a toalha em um dos ombros, aproximando uma das mãos da dela. - eu digo obrigada por tudo. Você...chegou na hora exata ontem.

- Ah... - ela volta me encarar. Então como no dia da festa eu noto o quanto seus olhos pretos são hipnotizantes, capazes de fazer você dizer seus piores segredos. Ela os desvia rapidamente para a cama e suas bochechas pálidas tomam um vermelho tão vivo que me surpreendem. Madelyne Logan está envergonhada? - aquilo não foi nada, era o que qualquer um deveria fazer. Qualquer um que fosse empático.

- Muitas pessoas passariam para longe daquela cena, mas você ficou e teve coragem de espantar aqueles caras por mim. - pressiono minhas mãos na dela, passando o polegar delicadamente por seus dedos. - eu serei eternamente grata.

- Sério? Eu costumo cobrar minhas dividas de gratidão. - Madelyne sorri de lado. Eu nego com a cabeça, me afastando dela. O momento simples e fofo acabou. - Uns 150 dólares de entrada e depois nós resolvemos o resto com o meu advogado.

150 dólares.

10 dólares.

Todo o dinheiro da mensalidade perdido...

Engulo em seco, cobrindo meu rosto com a toalha.

Eu ainda não tive coragem de ligar para o meu pai. De lhe contar o que houve e suplicar para me mandar mais dinheiro. Seria uma sessão de perguntas que sinceramente, eu não estou com cabeça para responder.

Suspiro pesadamente, forrando a toalha na cama, me sentando em cima do pano de algodão.

   Eu passo alguns poucos minutos sentada, refletindo sobre meus dias até aqui, enquanto observo a cama de Madelyne. Meus olhos passeaim do travesseiro branco até o lençol forrado perfeitamente na cama, notando o cobertor rosa estampado por alguns ursos de pelúcia. Sorrio, engulindo em seco pouco depois, quando minha conversa com Duncan resurge em minha mente.

"Cuidado com as expectativas que você vai colocar nessa amizade..."

"Ela costuma magoar as pessoas sem perceber..."

A voz grave dele ecoa por minha mente, como um alerta, um aviso do que eu posso enfrentar se resolver ter qualquer espécie de relacionamento com ela.

Se eu me aproximar mais do que já estamos próximas...

Se eu deixar Madelyne entrar em minha vida de vez...

Não vai se fácil afastá-la se for preciso.

- Heaven? Você ouviu o que eu disse? - ela estala os dedos esguíos em frente ao meu rosto.

- O que? - subo meus olhos para o seu rosto, a encarando atordoada, retirada bruscamente de meus devaneios.

- Seu celular tá tocando...e tá irritante. - ela aponta para o pequeno aparelho preto ao meu lado, vibrando intensamente. - Acho que é o seu pai, eu só consegui ler as duas primeiras letras e...

- Ah, tá, tá... - cubro meu celular com as mãos rapidamente, torcendo para que a música já conhecida por mim pare de tocar. - não é o meu pai...

- Sério? Porque as duas primeiras letras...

- Não é ele, Madelyne... não é o meu pai.

- Ah.. então tá. - ela dá de ombros. - Eu preciso sair pra ver uma coisa importante - ela anda até a janela, obsevando o clima chuvoso atentamente. - Você está bem? Quer que eu fique aqui com você?

- Não precisa, eu estou bem.

Ela confirma com a cabeça, puxando uma jaqueta jeans desfiada do guarda roupa, pegando sua bolsa e indo até a porta.

- Vai ficar bem mesmo? Eu posso demorar um pouco.

- Madelyne... - suspiro, empurrando o celular para longe. - eu estou bem... só...vai para o seu compromisso.

- Tá, tá bom. - ela levanta as mãos. - Vejo você mais tarde. Se der certo, eu trago presentinhos. - Madelyne sorri para mim, deixando um beijo no ar antes de sair.

- Eu vou ficar bem...eu acho. - resmungo, jogando meu corpo molhado contra a cama sem me importar.

Eu fecho os olhos, preocupada. Com o coração em dúvida e os ouvidos ocupados pelo som do meu celular, tocando de novo...e de novo...e de novo.

- Eu sinto muito pai, mas não consigo falar com o senhor agora.

Deslizo o indicador na tela, silenciando o aparelho de uma vez por todas.

HEAVENWhere stories live. Discover now