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- Se vou ficar responsável pela caixa registradora, por que eu tenho que me vestir assim? - Observo meu reflexo fantasiado em frente ao espelho.

- O que que tem de errado com a roupa? - Sidney, ou só Dinny, desvia sua atenção de sua bolsa para mim, encarando meus olhos diretamente no espelho.

- Não me sinto confortável usando essa coisa - seguro firme o tecido do top escuro de lantejoulas, puxando para longe do meu corpo, deixando a peça colar nele de volta. - me dá falta de ar.

- Como uma peça tão curta pode te dar falta de ar? - ela estreita os olhos para me encarar.

- É... é complicado. Você não entenderia...

- Dinny, dá pra parar de conversar com a garota nova e voltar pra lá? Temos trabalho para fazer.

A voz de Blia surge de repente entre nós, os pelos do meu braço se eriçando instantâneamente.

Blia joga o peso do corpo no batente da porta, cruzando os braços em cima dos seios quase a mostra, os olhos escuros começando a nos encarar. Dinny enfia um cigarro entre os seios, guardando sua bolsa no armário das funcionários. Então a garota levanta as mãos em sinal de rendição e deixa a sala, me deixando a sós em um silêncio desconfortável com os olhos julgadores de Blia.

- Tenho mesmo que vestir isso? - volto a insistir.

- Todas as outras garotas vestem, não sei porquê achou que não vestiria. - dá de ombros. - Achou que teria tratamento especial aqui, não é?

Arregalo os olhos.

- O que? Claro que não Blia.

- Espero que não, porque não terá. - ela afasta uma mecha do cabelo para trás da orelha, desfazendo a pose. Engulo em seco quando noto o corpo da garota se arrastando em minha direção. - Pode ser amiguinha do Matteo, mas não terá tratamento especial aqui por causa disso, entendeu? - assinto, com receio. - muito bem.

Os dedos frios de Blia tocam os meus ombros, girando meu corpo em direção ao espelho, me deixando de costas para ela. A garota tomba a cabeça para o lado para me observar, deslizando os dedos pelos meus braços descobertos. Seus olhos são sérios enquanto me toca, me analisando como um animal de espécie rara. Minha garganta ameaça fechar, mas minha mente me mantém com um pouco de sanidade, mesmo desacreditada do que a garota está fazendo. Mas afinal de contas: o que ela está fazendo?

- A roupa não ficou ruim. - sopra para o meu ouvido. - Dá pra notar que não é o seu estilo, mas não está nada mal. Então finja que está feliz e vamos trabalhar, Cliffin não gosta de atrasos. - os dedos sobem para os meus ombros. - Vamos. - Ela me lança um olhar de soslaio em direção ao meu reflexo no espelho, deixando os braços tocarem minha cintura antes de sair e me deixar sozinha no quarto das funcionárias.

Sinto um alívio de aprovação inundar meu peito, como se ela achar minha roupa boa em meu corpo fosse o que eu precisasse.

Jogo meu corpo em direção a parede, respirando profundamente. Fascinação passa por minha mente. Arrependimento passa por minha mente. E excitação passa por minha mente, o último me deixando incomodada.

Direciono meus olhos de volta para o espelho, obsevando a roupa curta e apertada vestida em meu corpo. O top preto de lantejoulas parece dois números menores, deixando meus seios tão espremidos que me sufocam. Eu passo meus dedos por minha barriga, descendo para o cós do short, a peça escura e curta deixando minhas pernas totalmente descobertas. Se não fosse a meia calça arrastão eu sentiria frio em todas as noites de trabalho.

Suspiro desviando meus olhos do espelho rapidamente, ouvindo Blia gritar por meu nome no salão.

Deixo a sala com um frio intenso na barriga e uma preocupação eminente surgindo em minha cabeça.



HEAVENWhere stories live. Discover now