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Em muitos filmes na tv eu via os jovens acordando no dia seguinte de uma bebedeira totalmente destruídos. Os olhos decaídos e o pavor da luz forte do sol alarmavam que o álcool tinha passado não só por suas bocas nervosas, mas para o interior, bem no estômago, se embolando junto dos outros alimentos sendo digeridos.

Eu não fazia ideia do quanto é difícil até meu corpo passar pelos mesmos sintomas.

É como uma gripe das brabas, mas sem a coriza e os espirros frequentes, com uma dor de cabeça forte e uma sensação de ter sido atropelada por uma bicicleta.

Eu preferia que uma bicicleta passasse por cima de mim incontáveis vezes do que isso.

Abro os olhos bem devagar, me arrependendo imediatamente, sentindo os raios vindos da janela queimarem minha retina. Ao olhar ao redor, noto que não estou no quarto da universidade, o que me espanta. Uso meus braços para empurrar meu corpo para cima, me sentando no lugar onde estou deitada.

Não é uma cama.

Levo um segundo susto ao notar minhas pernas nuas embaixo da coberta fina.

Eu estou sem meus jeans em um... sofá?

- Jesus...o que foi que eu fiz? - escondo meus olhos atrás da minha mão, sentindo minha cabeça latejar, tudo ao mesmo tempo. Aperto o cobertor em volta do meu corpo, sentindo o tecido roçar em minha pele.

De repente, um cheiro de café forte começa aos poucos invadir meu nariz, me deixando mais desconfiada. A porta do quarto estranho é empurrada e uma garota conhecida passa por ela, com uma bandeja em mãos.

- Parece que alguém acordou - Mad diz, usando a mão livre para empurrar a porta. - Como vai minha bebum favorita?

Suspiro, preocupada.

- Então eu realmente bebi?

- Bebeu? Você se esbaldou no álcool, aquilo foi mais do que beber.

- Santo Deus!

- É, pois é. - ela nega com a cabeça, soltando uma risada anasalada. - Trouxe café e cupcakess pra você.

- Cupcakes? - desvio minha atenção para o bolinho colorido e recheado em cima da bandeja. - Acredita que eu nunca comi?

- Jura? - ela me encara com uma das sobrancelhas arqueadas. - Não é possível. - noto um que irônico em sua fala.

- Pois é. - dou uma pausa, pensativa. - Mad...onde nós estamos? E por que eu estou sem minha calça?

- Bom... - ela deixa a bandeja em cima do braço do sofá, se aproximando de mim. Mad desvia sua atenção para a janela iluminada pela luz do sol, voltando-a para o meu rosto. - Vamos devagar. - ela se senta ao meu lado, com cuidado para não derrubar as coisas. - Nós estamos no galpão do TJ, dormimos aqui.

- Dormimos aqui? E por que?

Ela suspira fundo, se remexendo no sofá, incomodada.

- Querida - ela pega minha mão. - você quase tomou um tiro ontem enquanto estava de vigia no carro. - Arregalos os olhos. - Não se lembra?

Meus olhos ficam paralisados, observando a expressão suave no rosto dela. Eu observo os olhos de Madelyne com atenção, esperando que seja uma piada de mal gosto, mas ela continua com os mesmos olhos brandos, o rosto sem expressão alguma. Neste pequeno espaço tempo, algumas memórias retornam a minha mente.

Meu corpo todo vibra quando a arma de Marcus é apontada para mim em meus devaneios.

- Acho que estou estou me lembrando. - ela aperta minha mão, deslizando o polegar sobe minha pele. - Eu...eu quase morri.

HEAVENWhere stories live. Discover now