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- Com frio? - Madelyne me pergunta, batendo a porta do carro.

Confirmo com a cabeça, sentindo meu pescoço congelar com o movimento, a parte de trás ficando exposta ao ar gelado da noite enquanto eu o movimento.

Ela solta uma risada anasalada, estendendo os braços cobertos pela jaqueta em minha direção.

- Vem cá.

Ela me chama, e eu deixo o banco de motorista do carro vazio para me aconchegar em seus braços.

Nós ficamos abraçadas até uma das luzes do galpão ser apagada. Quando tudo fica escuro, o celular dela apita em seu bolso, fazendo minha barriga vibrar um pouco. Mad solta uma das mãos, puxando o aparelho do bolso, aproximando-o do rosto para ler a mensagem.

- Já estão vindo. - diz, com os olhos atentos a tela do celular. - Pode ficar aqui só por um instante? Parece que o Dom tá com um problema lá dentro.

Subo meus olhos para observar os dela, ainda atentos ao celular.

- O que aconteceu?

- Nada demais, só um probleminha com as ar...com umas coisas. Se importa de ficar dois minutos aqui sem mim, querida? Prometo que já volto.

Fito o rosto dela por alguns instantes. Os olhos baixos na tela acesa. Os lábios rosados se movimentando para falar comigo. O peito subindo e descendo por baixo do meu queixo. Me sinto incomodada.

Mas não quero que ela saiba.

- Tudo bem. - reluto em me distanciar de seus braços, mas acabo fazendo. - Vai lá.

- Eu já volto. - confirma, deixando um beijo entre meus cabelos antes de sair.

Meus ombros despencam quando ela some no escuro, no caminho próximo ao casarão.

Ainda me sinto incomodada.

Uma sensação estranha invade meu peito, me causando esse incômodo. Um desconforto que eu costumava sentir nos meus primeiros dias em San Diego, mas que sumiu com o tempo. Agora, cercada de dúvidas e com um pouco de receio, ele parece crescer de novo em meu interior. O maldito desconforto que eu relutei para sumir, deixando as pressões religiosas de lado e tomando coragem para ter minhas próprias opiniões.

Meu esforço parece ter sido em vão.

Só parece.

Abraço meu corpo, esfregando minhas mãos nas laterais dos meus braço, tentando afastar o frio. Eu visto moletom e uma camiseta comprida por baixo, mas mesmo assim o frio parece não passar. É como se o clima gelado só existisse para mim, já que a própria Madelyne veste uma camiseta azul de alças finas embaixo de sua jaqueta jeans surrada.

A friagem da noite só parece atingir os de corações desesperados.

Isso fica mais claro para mim ao notar os amigos de Mad se aproximando, cada um com suas camisetas de manga curta de costume e armas mas mãos.

Arregalo os olhos ao prestar atenção na última informação.

Armas mas mãos.

Dom anda na frente, carregando uma arma um pouco maior. Ele ajeita o boné na cabeça com sua mão livre, usando a outra para carregar a arma sem preocupação nenhuma. Meu coração se agita rapidamente com a hipótese daquela coisa escura cair de suas mãos e provocar um acidente.

- Santo Deus... - sussurro, apertando o casaco contra meu corpo.

Seth e Tigger - o cara dos colares - caminham logo atrás, cada um com uma arma menor, também andando despreocupados. Eles se juntam como uma boyband, murmurando algumas coisas desconexas antes de entrarem no carro.

HEAVENWhere stories live. Discover now