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Acordo com o barulho de música alta abafada. Esfrego os olhos com as costas de uma das mãos, me sentando na cama macia. Não demora muito para eu perceber que não estou no meu quarto, a maciez em baixo de mim e a pornografia gritada com batidas elétricas nunca viriam do meu prédio.

Eu com certeza ainda estou na Delta.

Me arrasto até a beirada da cama, tocando meus pés no chão frio, recuando rapidamente para a cama. Onde estão meus sapatos mesmo?

- Aposto 50 pratas que não consegue engolir os dois! - Alguém grita ao lado de fora, me fazendo arregalar os olhos.

Não faço ideia de quem seja o dono da voz, mas a embriaguez é notável nas palavras gritadas.

- Não... - resmungo, pulando pra fora da cama. - Não, não, não... - na ponta dos pés, eu ando devagar até a porta, encostando meu rosto na planície de madeira. - Não... - as palavras negativas são tudo o que eu consigo dizer. - Não tem uma festa rolando do outro lado da porta, por Deus... não!

Eu desço minhas mãos até a maçaneta, girando-a vagarosamente, com os olhos fechados. Demoro a abri-lôs por alguns segundos, rezando internamente para que a música seja só uma alucinação, que a voz gritada segundos atrás seja só o meu subconsciente tentando me punir de alguma forma.

Abro a porta ainda de olhos fechados. Quando a pressão para abri-lôs se torna mais leve, consigo enxergar todo o espaço da mansão da Delta preenchido por jovens embriagados. Eu bato a porta do quarto de Duncan rapidamente, encostando meu corpo cansado no material áspero.

- Céus...como é que eu vou sair daqui?

Fito a janela entre aberta, notando a paisagem ao lado de fora completamente escurecida. Eu dormi por quantas horas?

Aos poucos, eu me afasto da porta, tomando todo o cuidado para não esbarrar em algo enquanto tento fazer o caminho até a janela, também tomando todo o cuidado para que não me vejam. Quando meus dedos encostam no material do qual é feito a única janela do quarto, eu consigo ter uma visão ampla da quantidade de pessoas presentes no ambiente. Tem que ser bem enérgico para abandonar o sossego de uma tarde fresca para se juntar a centenas de pessoas bêbadas e viciadas em sexo.

Um garoto levanta uma espécie de cigarro esquisito em minha direção, me lançando uma piscadela. Eu desço meu corpo para o chão em um susto abrupto, me escondendo embaixo da janela ao lado da mesa de estudos de Duncan.

Eu devia ter apodrecido na enfermaria, seria menos cansativo para mim. Eu evitaria muitas coisas. Talvez o meu nome completo na lista de transas universitárias de Duncan Matteo.

Não consigo parar de pensar no que Madelyne me disse. No que ela cuspiu na minha cara antes de eu deixar o quarto e...acontecer o que aconteceu. E se toda essa gentileza na verdade for parte disto? Parte de um plano sujo para tentar me trazer para o seu quarto? Se for, ele já conseguiu, porque estou exatamente em seu cômodo agora, vestida com sua camiseta três números maiores que eu. Muitas garotas devem tê-la vestido. O pano amarelo deslizando pelos corpos suados depois de passarem horas dentro desse quarto fazendo sexo.

Não, eu sou só paranóica.

Duncan é um bom rapaz, um dos mais gentis que já conheci.

Eu não tenho um histórico muito bom de relacionamento com pessoas do sexo oposto, geralmente eles só se aproximavam para fazer chacota de tudo que envolvia o meu nome, mas a sinceridade no olhar de Duncan foi um das primeiras coisas que notei nele...junto do seu corpo extremamente atlético e alto. Santo Deus...

Até quando me contou sobre seu relacionamento com Madelyne ele se mostrou bem maduro e sincero, o que me surpreendeu, de verdade. Em minha cabeça a péssima convivência que os dois tem era resultado de algo bem mais grave, cheguei a pensar até em coisas ilegais.

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