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Abro os olhos devagar afastando as mãos do rosto. Escorrego-as por todas as partes do meu corpo, procurando por algum buraco de bala, alguma cachoeira de sangue vazando de mim.

Suspiro profundamente quando meus dedos deslizam por minhas pernas, minha barriga e meus braço, intactos.

E então, com meu coração fervilhando em minha boca, eu estico meu rosto para olhar o corpo do homem jogado no chão ao lado do carro, a arma caída no banco a minha frente.

- Heaven! - alguém grita por mim em desespero. - Heaven, pelo amor de Deus!

- Eu tô aqui. - grito de volta, jogando meu corpo contra a porta do carro, abrindo-a. - eu tô bem, Mad.

Ela corre em minha direção se atirando em meus braços. Mad se agarra em mim com tanta força que nós quase caímos no chão. Uma de suas pernas está enroscada em volta de mim, os braços me apertando com toda a força que consegue por.

- Está tudo bem... - murmuro, cuspindo alguns fios de cabelo dela para longe da minha boca.

- Meu Deus! - ela afasta o rosto para me encarar nos olhos. - Quantas vezes eu vou ter que salvar sua vida, hein?

- Espero que essa seja a última.

Ela sorri para mim com os olhos ainda aflitos. A garota de cabelos rosas segura firme meu rosto, me dando um selinho demorado antes de se afastar.

- Eu também espero. - ela diz. - mas dessa vez, não fui eu. - ela aponta a cabeça para um cara há alguns metros de distância de nós. Ele me encara fixamente por alguns instantes, abaixando a arma quando nota que eu a encaro um pouco assustada.

Os olhos castanhos escuros continuam me encarando, enquanto os fios grossos enrolados em uma espécie de dreads escondem metade do seu rosto bronzeado. Eu balanço a cabeça para cima e para baixo em um movimento quase imperceptível de agradecimento. Ele não diz nada, nem se movimenta de volta, apenas desvia o olhar de mim para o galpão aceso ao fundo, me dando a visão de suas costas largas cobertas pela roupa escura.

- Aquele é o TJ? - pergunto, observando ele enfiar a arma na cintura e depois, puxar um cigarro do bolso e colocar nos lábios como se nada tivesse acontecido.

Ela confirma com a cabeça.

- Melhor a gente entrar, o movimento pode chamar atenção. - ele nos interrompe, me deixando surpresa com seu sotaque um pouco carregado. A fumaça do cigarro deixa seus lábios com tanta leveza que me deixa enjoada.

- Vamos Heav. - Madelyne segura firme minha mão, me guiando para longe do carro.

- Ma-mas e o corpo?

- O TJ da um jeito nisso depois.

TJ sai na frente, começando a nos guiar rumo ao galpão. Mad me puxa o caminho todo, para que eu não olhe para trás e veja o corpo de Marcus perto do carro, banhado em sangue.

Quando passamos pela porta do galpão, um arrepio estranho percorre todo meu corpo, acompanhado de uma sensação estranha.

- Tá tudo bem, acabou. - Mad sussurra para mim.

E sem ter certeza se acabou mesmo, eu confirmo com a cabeça.

                                        •••


Nós adentramos o galpão, TJ na frente com seu cigarro e Madelyne e eu atrás, minha mão esquerda pressionando seu antebraço com força. Eu aproximo minha mão livre do rosto, protegendo meus olhos da claridade forte vinda da lâmpada acesa no meio do galpão. Mad continua me guiando até chegarmos em um espaço quase vazio, ocupado por várias caixas empilhadas uma em cima da outra, todas em um tom bege claro. TJ continua seu trajeto até uma porta escura, por onde ele passa e a deixa aberta, sumindo na escuridão do local sem olhar para trás.

HEAVENWhere stories live. Discover now