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- Procurei por você em toda parte - fixo meus olhos em Duncan, prestando atenção em sua fala. - Por que não me ligou? Eu teria voltado para te fazer companhia no quarto.

Suspiro, ajeitando a pilha de livros nos braços.

Estamos a caminho da biblioteca, na verdade eu estou. O prazo para entrega dos livros se encerrou a dois dias atrás, e como minha vida anda em uma maré de azar eu me esqueci de levá-los de volta a seu lugar de origem.

Se a bibliotecária já não gostava de mim antes imagine agora.

- Não quis atrapalhar sua diversão, era a sua festa Duncan - dou de ombros, com cuidado para não derrubar os livros.

O garoto roda um dos braços em volta dos livros, pegando metade, me dando a visão completa da paisagem a nossa frente.

- Você não iria me atrapalhar...e o ambiente estava uma droga para mim. - ele também dá de ombros.

- Sério? Não foi isso que eu fiquei sabendo. - nego com a cabeça. A imagem de Rideon embriagado em minha frente surge em minha mente, comentando sobre Duncan estar em algum canto se entregando ao prazer momentâneo do álcool. - Me disseram que você estava se divertindo com um copo de bebida barata.

Ele me encara confuso.

- Quem te disse isso?

- Rideon. - respondo em um lampejo, sem rodeios.

- O Rideon é um babaca Heaven, não devia acreditar nas coisas que ele diz. - Engulo em seco. - É só um fodido que faz de tudo para comer alguém...me desculpe a expressão.

Fito o rosto dele, meus olhos vazios perdidos em suas íris.

"Um fodido que faz de tudo para comer alguém..."

Infelizmente eu já sei disso.

O momento que passei com Rideon no pequeno quarto em baixo da escada foi um erro. Não que eu não tenha gostado, pelo contrário, querendo ou não os dedos dele indo e voltando dentro de mim foram uma das sensações mais satisfatórias que senti em semanas, mas também foi um gatilho horrível do que já passei por deixar que algo parecido acontecesse no passado.

Por mais que me sinta culpada e arrependida eu adorei ter a sensação do líquido ejaculatório prestes a deixar o meu corpo de novo, meus olhos se revirando em completo ecstasy e luxúria.

Mas não quero que se repita.

- Ei...está tudo bem? - os dedos de Duncan tocam meu rosto, deslizando sobe minha bochecha. - Eu disse alguma coisa errada?

- Não - nego com a cabeça, voltando a seguir meu trajeto rumo a biblioteca. - Você não disse nada de errado. Eu só... - tento buscar uma desculpa. - eu só... só estou pensando em alguns problemas.

- Que tipo de problemas?

- Você gosta mesmo de saber o porquê das coisas, hein?

- Curiosidade insistente é um dos meus grandes defeitos. - ele volta a dar de ombros, entre risadas. - Mas quero saber  porque talvez posso ajudá-la... Eu quero ajudá-la.

- Acho que não Duncan, dessa vez você não pode me ajudar. Acho que ninguém pode...

- Posso pelo menos tentar?

Desvio minha atenção do caminho para ele, voltando a fitar os olhos castanho claros. Duncan parece sincero em querer me ajudar, o que me faz lhe entregar um sorriso simples sem mostrar os dentes. Ele anda na frente, se aproximando da biblioteca, empurrando a porta para que eu passe.

HEAVENWhere stories live. Discover now