39

823 91 39
                                    

Oi maçazinhas, eu só queria dar um aviso rápido: Esse capítulo e alguns que estão por vir podem conter alguns gatilhos. Como eu já falei, HEAVEN está a poucos capítulos de entrar em reta final, então isso significa que a nossa protagonista vai começar a ter algumas lembranças e reflexões sobre a vida antiga. O que ela passava e tudo mais, fora um acontecimento que está por vir. Então, acho que esse é o primeiro dos capítulos que podem conter gatilho de pensamentos depressivos, ansiosos e até suicidas. A Heaven é uma personagem que passou por muitas coisas na infância e adolescência, coisas que agora que reencontrou a mãe, despertou gatilhos nela. Queria deixar esse aviso porque não posso jogar coisas assim do nada pra vcs lerem. Em fim, boa leitura e obrigada por acompanharem HEAVEN até aqui.
Ps: vou tirar um tempinho para responder os comentários de vcs, desculpa por não fazer antes.



Continuo consciente em todo o caminho até o hospital dentro da ambulância, mas me recuso a abrir os olhos. Eu não consigo. Não consigo abrir os olhos e voltar a uma realidade cheia de mentiras sobre minha própria vida, onde eu vivi anos sendo uma criança infeliz por ter uma mãe que preferiu ir embora ao invés de ficar comigo, mas que na verdade foi embora para salvar minha vida. Onde vivi anos com um pai que me amava e ao mesmo tempo, mentia para mim sobre tudo. Sobre quem eu era. Quem nós éramos.  O que eu me tornaria. Um pai que talvez agora, nem seja meu pai de verdade.

Alguém aperta minha mão, desliza os dedos por meu braço ferido e depois, volta a segurar minha mão de novo.

Eu sei que é ela, sei que é minha mãe. Também não quero abrir os olhos porque não sei o que dizer quando eu os abrir e dar de cara com ela me observando, preocupada comigo. Como todas as mães ficam quando seus filhos não estão bem.

Por anos eu almejei essa preocupação. Esse aperto firme na minha mão tentando me acalentar.

Ele nunca veio.

E agora que eu o sinto, não consigo abrir os olhos para poder vê-lo de tão perto.

A ambulância para e os paramédicos pedem para minha mãe descer, eu escuto tudo enquanto ainda estou de olhos fechados e tento me concentrar em minha respiração. Ela deixa um pequeno beijo em minha mão e o barulho dela pulando da ambulância invade meus ouvidos. Sinto uma brisa leve em meu rosto e uma movimentação bem rápida, então deduzo que já estão me tirando do carro. É tudo muito rápido. Minha saída. A brisa se transformando em um vento mais forte conforme carregam meu corpo na maca. Meu peito subindo e descendo enquanto tudo isso acontece. As tosses agarradas a minha garganta com dificuldade de sair.

Todo esse tempo eu tinha crises de asma.

E o pior de tudo isso? Lá no fundo eu sempre soube.

- Tentem não deixar ela mais nervosa do que já está - uma voz masculina diz, apressada. - Por aqui.

E então eu sou levada para um lugar onde eu consigo enxergar a luz.


                                         •••

Estou mais calma e minha respiração não é mais tão pesada. As tosses cessaram um pouco e o grande aperto que eu carregava no peito vai sumindo conforme eu observo o quarto onde estou.

Estamos mesmo no hospital.

Quando ela gritou que sua filha estava quase morrendo, as pessoas ouviram e a ambulância chegou.

Um misto de alegria e tristeza invadem meu peito, me deixando um pouco desconfortável.

Estou triste por tudo ao meu redor ser uma mentira. Estou feliz por algumas dessas coisas serem mentira.

HEAVENWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu