eu vou fugir

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Tenho medo de que alguém tenha me visto com Noah. E isso é ruim. Certamente que sua afirmação acerca de ser bom guardar coisas intocáveis está correta. Não obstante, achei que nosso caso seria isto. Bailey não me enche o saco depois do incidente com o coco, também seus olhares sobre nós dois dizem tudo. Talvez não tudo, porque ele parece desconfiar de algo. Não deixamos claro, porque mal conversamos após o episódio do beijo. E também nos ocupamos depois, caindo no mar de verdade, sentindo o sol secar minha pele quando não estava abaixo da superfície. Foi bom nos divertir. Então, honestamente, não ligo se Bailey ter nos visto ou talvez Lamar também ou mais alguém. Desconfio que sim, porém não devo me importar, devo?

Após o almoço, passamos a tarde fazendo mais turismo e, de quebra, ainda fizemos atividades legais como andar de barco e praticar mergulho. Já estou destruído quando chegamos em casa. Fiquei tanto tempo no mar hoje que estou com a sensação de que ainda estou lá. É estranho, eu acho. É tão esquisito sentir como se as ondas estivessem ao redor de mim movendo-se calmamente e fazendo-me boiar... Eu acho que estou no paraíso.

São nove horas e meia, estou jogado numa espreguiçadeira tomando sorvete de menta, observando Heyoon e Hina tirarem fotos na piscina. O céu ainda está escurecendo. Assistimos o início do sol poente há uma hora atrás, numa das praias que visitamos hoje, mas já estamos aqui de volta. Acho que tudo fica lindo neste horário, embora já esteja meio escuro demais para estar sendo apalpado pelo alaranjado. Eu tirei inúmeras fotos e ainda pedi para Lamar tirar minhas também. Acho que tenho o suficiente para atualizar minhas redes por mais de um mês.

Noah passa direto por mim e segue por um lugar que não sei onde é. Eu ainda não explorei tudo daqui, acho que por uma questão de preguiça mesmo. Me levanto num pulo e sigo ele na pontinha do pé, até a lateral da casa. Fico um tanto surpreso ao dar-me conta de que se trata de um lance de escadas. Ele sobe. Eu subo junto com ele. Quando percebo, já estamos no terraço que eu nem sabia que existia.

Além de alguns vasos de plantas, conta com um par de mesa, o dobro de cadeiras e alguns painéis solares. É tão alto que dá para ver o mar e metade da vizinhança. Eu nem sabia que aqui era tão legal, acolhedor e reservado. Agora entendi o porquê de um colchão jogado aleatoriamente e uma cesta de lixinhos com embalagens de biscoitos, iogurte e salgadinhos gregos. Acho que Noah está montando uma base aqui.

- Veio fumar escondido? - pergunto do nada.

Ele toma um susto e vira-se para mim.

- Que susto! - põe a mão no peito e ri. - Você me seguiu?

- Claro - me sento numa das cadeiras. Noah cai com tudo no colchão. - Tá se escondendo aqui, é?

- Eu vou passar a noite aqui, tomando um ventinho e acordando com o sol - estufa o peito, de certo modo envaidecido.

- Boa sorte - eu digo. - Porque vai ter que acordar cedo.

Noah faz uma careta e deixa alguns pacotes de comida sobre o ninho improvisado dele. Fica organizando tudo até que me lembro de uma coisa.

- Como está a faculdade? - pareço até aquelas tias que não sabem nada da sua vida e quando te vêem só fazem perguntar sobre a escola ou namoradinhos. - Você tem estudado ou jogou pra cima?

- Ah, o semestre acabou. Nem era para Krystian ter levado minha faculdade em consideração, porque já está no final do semestre mesmo. Essas últimas aulas são só fechamento de notas, segunda chamada e recuperação. Eu não me importo com notas, não preciso fazer segunda chamada e Deus me livre recuperação - ele faz outra careta, depois joga todas as guloseimas para fora do colchão e dá uns tapinhas no cobertor. - Você pode sentar aqui, se quiser.

thé et fleurs  ✰  Nosh  ❖  Now UnitedOnde histórias criam vida. Descubra agora