eu não me vesti de anjinho

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Foi confirmado. Vai prestar? Nem um pouco. Mas eu finjo que sim, estou amando fingir que sim. E como ninguém dirige barco nem nada do tipo, tivemos que pagar um cara. E estamos levando carne e bebida alcoólica. O tanto de dinheiro que gastamos com garrafas é simplesmente igual ao meu primeiro salário. Se não morrermos hoje, com certeza morreremos na Grécia.

Lamar disse que lá é lindo. Lindo demais. E que a casa que iremos ficar tem uma arquitetura única. Única, foi a palavra que ele utilizou para dizer. E que Atenas é incrível, que visitaram outra ilha também, que tudo era lindo. Lindo e perfeito. Falou do papel higiênico, de como a comida era gostosa, da televisão que não se entendia nada, do azul néon do mar e como queimou a bunda ao sentar-se numa escadaria pintada de branco. Disse que ficou assada e quis até me mostrar. Eu falei que poderia ser depois, mas não sei se ele entendeu que eu estava brincando de ser malicioso.

E aqui estamos nós, tentando entrar na minivan que Lamar alugou, com as todas nossas coisas. Noah está vestindo uma bermuda de flamingos, sandálias de tiras largas, e uma camiseta humorada que diz "what's up, beaches?" com uma ilustração de praia acima. Tomara que ele não use essa porra na Grécia. Se ele aparecer com ela lá, infelizmente vou ter que botar fogo. Camisa digna de tiozão do "pavê ou pacumê", com esse humor terrível em colocar "beaches" ou invés de "bitches". Parabéns, Noah, por me fazer questionar o porquê de eu gostar de você.

— Vai ter que tirar essa caixa térmica daí, ou alguém vai ter que ficar no colo de alguém — Bailey adverte. — Está muito grande. O que é isso?

— Josh disse que era para encher de gelo, água e tem a torta gelada que ele trouxe para a gente comer depois da carne — Krystian conta no meu lugar.

— Pra que água? A gente já vai estar cercado de água! — a burrice de Bailey me faz querer levantar uma hashtag no Twitter para cancelar ele logo. Cancela, cancela essa peste.

— Você é peixe, por acaso? — cruzo os braços.

— Tá, então Noah fica no meu colo e sua caixa com água doce fica aí onde está — e percebo que nem ele está mais com paciência para brigar comigo. Que bom.

— Por que Noah no seu colo? — e pra que porra eu fui perguntar isso? Por que, Josh? As interpretações são amplas. Bem amplas. — E-eu fico no colo de Lamar. Né, Lamar?

— Que colo o quê, Beauchamp? Ninguém vai ficar no meu colo, não — a porra do Lamar decide rejeitar.

— Lamar, seu colo emana a energia do "vem sentar que eu quero", então não reclama — eu me levanto de onde estou e me sento no colo dele. Deixo que Noah sente no meu lugar, porque é mil vezes melhor do que vê-lo no colo de Bailey com toda aquela palhaçada e provocação que acontece quando estão próximos. E Noah não vai ficar nunca no meu colo, porque Bailey vai ficar brigando, então é bem melhor que eu sente em Lamar mesmo. Prefiro.

Eu sei que Lamar está com a cara fechada. Eu não digo mais nada. Lotamos a minivan com um bocado de coisas desnecessárias. Tipo as bóias de macarrão coloridas que o filipino traz consigo. Ou a caixa térmica com a carne que iremos comer. Eu estava para trazer um balde para caso algum de nós vomitar, mas falaram que iria ocupar espaço e que não iremos usar. Hmm... Eu amo dizer que avisei, por isso deixo tudo bem quieto.

— Você é chato pra caralho, Beauchamp — Lamar sussurra comigo. Eu pego seus braços e jogo ao redor do meu quadril.

— Cala a boca, você gosta — digo, e ele não reclama do que falo.

E assim que nos acomodamos, Krystian pede para o motorista dar a partida. E aqui vamos nós, brigando sobre quem irá colocar a música no carro e qual será a próxima, porque a playlist que Bailey fez só tem baixaria, e que iremos escutar quando estivermos já na embarcação. E no meio dos "one kiss is all it takes" e "thank you next", Krystian vai gritando:

thé et fleurs  ✰  Nosh  ❖  Now UnitedWhere stories live. Discover now