eu estou desesperado

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Noah tenta segurar minha mão enquanto caminho pelo pátio. De relance, vejo Hina posando para o fotógrafo, junto com as outras madrinhas. Não sei o que fazer agora. Por um lado, quero acreditar que talvez estejamos agindo precipitadamente. Concomitantemente, porém, agarra-me a mente a ideia de que eu esteja com meus instintos frescos e acesos, pois hei de ter razão. Endereço-me onde encontra-se Bailey, que tenta em vão fazer uma ligação ao sumido. E, no meio da nossa discussão sobre onde possivelmente possa estar, dou-me conta: 

— Onde está Lamar? 

Ninguém sabe. Rodamos todos os lugares, até nos dividimos para buscar. Não encontramos. Vou em todos os cômodos da mansão, inclusive os superiores, os quartos, banheiros, áreas de lazer, até detrás da churrasqueira eu procuro e nada do Morris. Nada. Em lugar nenhum. Expandimos nossa área de busca. Eu, Bailey e Noah decidimos sair e ir buscar pela vizinhança, uma vez que nenhum dos dois está atendendo os telefonemas ou respondendo nossas mensagens.

— Acho que se você não tivesse bloqueado meu número, eu teria falado com você antes... — Bailey vai comentando durante o percurso. 

Mas é claro. Dei block no Telegram e, quando percebi que estava começando a me mandar mensagens pelo chip do celular, eu decidi que iria dar block no seu número também. Não me arrependo disso. No entanto, honestamente, compreendo que talvez tenha piorado um pouco a questão do sumiço dos dois rapazes. Certamente cometi um erro. 

— Cala a boca — lhe respondo. Noah solta um suspiro ao meu lado. — Não vê que eu estou desesperado? 

— Relaxa... — Urrea põe a mão em meu ombro, tenta me acalmar com esse tom baixinho dele. Mas não é verdade. Ele está tão nervoso quanto eu com essa história toda. 

— Ah, vamos entrar nesse bar sinistro aí... — May aponta para o bar onde eu e Noah fomos mais cedo. — Parece coisa de filme de terror, né? Como devem ser os filmes gregos de terror? Não assisti muitos filmes gregos. Só assisti Hércules... Hmm... Deve ter mais alguns sobre mitologia grega... Ah, também tem Quatro amigas e um jeans viajante... 

— Você tem consciência de que nenhum desses filmes são gregos, né? — lhe digo, descendo um pouco a ladeira para chegar ao bar. — Sinceramente, Bailey, se eu sou a dondoca do grupo... Então você é a loira burra. E eu me sinto tão mal por estar contribuindo com esses estereótipos ridículos... Mas você é. 

— A dondoca também é burra, tá? — ele rebate. 

— A dondoca aqui está bronzeada, vestindo roupa cara, loira e estufada de euro... — cruzo os braços. — Se aceitei seu rótulo ridículo, aceite o meu. 

— Tá, então abra a porta — ele aponta para a maçaneta da porta transparente. — Eu sou burra, não sei abrir. 

— Eu sou dondoca, eu não toco em lugares onde milhões pessoas encostaram com dedos de meleca, espirro e restos de fezes. 

— Como alguém teria restos de fezes nas mãos? 

— Tem gente que não sabe usar o papel higiênico — lhe respondo. — Você não deve saber, já que é burra.

— Já deu, né?!! — repentinamente, Noah surta e abre a porta. — Vocês escolheram o momento perfeito para ficar de briguinha!

Deboche? Ironia? Aliens raptaram Noah e substituíram por uma sósia? Ele, bravinho assim? Gritando comigo? Comigo? Gritando? Quê? 

— Relaxa, Noahzinho — Bailey ri e segue atrás dele para dentro do estabelecimento. — Só estamos tentando quebrar o gelo. 

— Tá, mas não precisa exagerar... — ele nos diz, e assim percebo que seu silêncio todo desde que soube do sumiço de Krys está trazendo estranheza. 

thé et fleurs  ✰  Nosh  ❖  Now UnitedWhere stories live. Discover now