eu queria te fazer uma coroa de flores

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Que pouca vergonha. Que pouca vergonha. Sinto tanta vergonha. Encosto a cabeça no ombro de Noah, que mastiga um pedaço de torrada, e então ele pega minha mão e começa a acariciar distraidamente. Apesar das desgraças da noite anterior, não estamos muito mau humorados. Comemos tarde, ademais, por termos passado tempo demais tentando explicar às pessoas da internet (sem mencionar minha mãe, que ligou-me só para saber se o lance do noivado era real ou conversa de bêbado) que era brincadeira, estávamos bêbados e brincamos mais do que deveríamos. E, apesar disso tudo, aparentemente assinamos digitalmente um documento que comprova que eu perdi no pedra, papel e tesoura e, sendo assim, devo dar um beijo em Bailey. Também confirmei que iria brincar de morto com ele, o qual iria deitar e eu iria enterrar. Sério. Eu. Não. Sei. O. Que. Aconteceu. Ontem.

— Não tá com fome? — Noah acaricia o meu queixo, abaixando um pouco a cabeça para tentar me ver. — Hm?

— Não muito — solto um suspiro, então olho para o anel que ainda está no meu dedo. Ele é apertado e fiquei com medo de forçar para tirar.

— Coma — ele beija minha mão carinhosamente. É tão brega que, se ele não fizesse, eu estranharia. — Senão vou ficar triste e vou fazer greve de fome.

— Sua vida é uma greve de fome, Noah — pego sobre a mesa o pote de iogurte grego que pedi.

Estamos na área do restaurante, debaixo de uns sombreiros, olhando o horizonte e, vez ou outra, algumas pessoas na grande piscina principal de borda infinita. Minha cabeça ainda dói, por isso não faço questão de me jogar na piscina ainda. Prefiro ficar quietinho, na sombra, abraçado a Noah. Ele se tornou meu porto seguro agora.

— Nossa, Joshiye — ele inclina-se mais na direção que estou, põe a mão no meu rosto e passa a cutucar alguma coisa debaixo do meu olho direito. — Tinha uma poeirinha estranha...

— Me dê beijo — ergo o queixo, para que ele alcance meus lábios com mais facilidade.

Noah sorri todo boboca para mim e fica fingindo que vai me beijar, mas se afasta quando chega perto. Ele joga o braço pelos meus ombros, abraça-me com força, puxa-me para perto. E eu continuo aqui, esperando o beijo.

— Tome o iogurte e aí a gente conversa sobre beijo — ele de repente começa a jogar o jogo que faço para fazê-lo comer algo. Bandido.

— Bandido — eu resmungo, cutucando o iogurte com a colher antes de tomar.

Eu estou exausto, ainda que tenha dormido bastante. Acho que as porcarias que bebi ontem, mais as coisas que fiz, me detonaram por completo. Acho que vou cochilar no braço de Noah, ainda mais se ele continuar com as carícias no meu ombro e, ainda por cima, na minha mão esquerda quando está desocupada. Ele sussurra no meu ouvido que estou com cheiro de chiclete hoje, o que é estranho, porque normalmente tenho um cheiro meio floral com doce, tipo mel ou baunilha. Não presto tanta atenção no que diz, apenas na sua voz. Eu termino o iogurte escutando-o falar que não consegue achar meu cheiro em nenhum dos meus perfumes e hidratantes, porque, mesmo sabendo que é errado, ele foi investigar e não achou.

— Eu não sinto — é o que respondo.

— É normal — Noah diz. — Uh, a propósito... O que vamos fazer hoje?

— Eu tinha planejado ir a uma praia, depois fazer algumas compras e também ir em lugares históricos e artísticos. Tenho os nomes lá na suíte...

— Ah... — ele parece pensativo.

Ergo o corpo, desencostando do seu, e olho em seus olhos.

— Você quer ficar aqui, né?

Noah ri envergonhado e concorda ao balançar a cabeça.

thé et fleurs  ✰  Nosh  ❖  Now Unitedजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें