eu estou te esperando dormir

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Ficamos abraçadinhos que nem idiotas por um tempo, até Noah ter a belíssima ideia de assistirmos um filme. O notebook estava num cantinho, então Urrea o traz ao colo e abre. Sentamos encostados na parede do terraço, nos cobrimos com o cobertor e levamos cerca de quinze minutos decidindo qual filme iremos assistir. Após mil anos caçando filmes estrangeiros, paramos em The Way He Looks. Ficamos bem juntos mesmo. Eu até coloco minha perna direita em cima das pernas dele, porque eu sempre me sinto confortável assim. Eu gosto de abrir exceções para algum tipo de grude em alguns momentos. Talvez porque ficamos bastante tempo longe um do outro, e meio que tudo se acumulou. Eu me sinto bem agora. Aqui. Com ele.

E tudo está perfeitamente bem, sabe? Estamos assistindo ao filme e tudo está indo bem. Bem. Bem mesmo. Até ele começar a acariciar meu joelho. Até então, tudo bem. Afinal, é só um carinho, né? Pois bem. As coisas começam a piorar conforme os minutos do longa vão passando. Ele fica distraído demais assistindo que nem percebe que está deslizando a mão para a região interna da minha coxa que, se me permite a observação, é uma das partes mais sensíveis para mim. Mexo um pouco a perna para dar um "se toque" a ele, mas Noah simplesmente não percebe. Tipo... Como? Como não?

Tento me concentrar no filme, mas eu perco a legenda em alguns momentos quando sinto um coiso com seus dedos subindo e descendo na minha coxa. E só atinge o ápice quando ele aparece com a outra mão e as duas ficam explorando essa região. Eu acho que eu deveria me afastar e cruzar as pernas, porém não quero que ele pense que estou rejeitando seu carinho. É que meu corpo não entende isso como carinho. Está mais para atiça.

Me sinto bem descaradinho ao deslizar meu corpo para frente, aumentando mais a área de contato. Acho que... Se está acontecendo, eu não devo fugir disso, porque... Sabe, quando terei outra oportunidade, entende? Mesmo que ele esteja indo para baixo demais... Demais... Tento parar de pensar nisso, porém... Bem... É que meu corpo, ele... Sabe... Bem, está na cara.

— Quer? — Noah aparece outra vez com o pacote de jujubas. Glória! Eu já estava morrendo com suas mãos em mim.

— Não, obrigado — balanço a cabeça na negativa.

Ele come algumas gominhas, depois guarda, enfia as mãos dentro da coberta outra vez e volta a fazer aquilo em mim. Fico olhando para seu rosto, tentando checar se ele está dando de dissimulado ou realmente não percebe que isso pode dar ruim para mim. Mas não, Noah realmente parece não fazer ideia. A inocência dele, meu pai...

— Tá desconfortável? — me pergunta do nada. Eu o olho sem entender muito bem. — É que você não para quieto.

Por que será, né?

— Ah, não é isso... — fico olhando o monitor, porque encarar ele enquanto as pontas dos seus dedos estão constantemente tocando minha roupa íntima (acho que o short não tem mais utilidade nenhuma na minha vida, porque a mão de Noah já entrou faz tempo). — É que sou inquieto mesmo.

Noah estreita os olhos por alguns segundos, quando o encaro estranhando o silêncio.

— Balela — faz uma careta. — Mas se não quiser me contar, está tudo bem...

Está tudo tão bem que ele decide me beijar. Vamos ficar fazendo isso constantemente? Não sei. Só gostaria que ele cessasse o toque enquanto me beija, porque assim fica muita coisa para eu lidar. Meu corpo é um só, não tem como aguentar esse combo de informação, não. Ainda mais porque meu corpo adora um cumprimento. Eu sou bem gentil também. Se Noah fala "oi", todos os meus membros se erguem para cumprimentá-lo. Todos. Sim, todos. Isso se chama educação. Mamãe me deu. 🥴

— Você está recuando? — pergunta, bem próximo a mim, após eu ter correspondido ao beijo bem de qualquer jeito. Estou meio tenso aqui.

— Não? — nem eu sei se foi uma pergunta ou afirmação. Acho que até eu estou com dúvida sobre mim.

thé et fleurs  ✰  Nosh  ❖  Now UnitedOnde histórias criam vida. Descubra agora