c a p í t u l o 3 0

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Vinte dias.

Quatrocentas e oitenta horas.

Uma infinidade de minutos, segundos e milésimos.

Esse é o tempo quase exato desde o dia que sai do quarto de Harry e não voltei mais. Minhas desculpas por não poder ir mais ao hospital se esgotaram e fui obrigada a abrir o jogo com as pessoas ao meu redor. Sinto como se meu coração tivesse sido incinerado e as cinzas jogadas no mar. Meu humor está péssimo e nem as fofocas sobre o affair de Iris e Liam ou a vitória de Niall num campeonato mega importante de golfe tem me deixado mais animada. 

Falo com Anne diariamente e foi uma tarefa hercúlea contar para ela sobre os meus sentimentos e como fiquei magoada, mesmo que sem tanta razão, com tudo o que Harry falou e a forma com que fui tratada por ele. Esperava que ela me dissesse que o meu ciclo ao lado deles tivesse chegado ao fim e que eu teria que me afastar até que as coisas se ajeitassem porém ela não fez isso. Me deixando absurdamente chocada, Anne deu um abraço tão apertado que quase perdi o fôlego e tivemos uma conversa que me fez lembrar a que tive com meus avós antes do meu castelo de areia desmoronar aos meus pés.  Coincidentemente que o assunto era o mesmo, minha conversa com Anne foi completamente diferente por estar ouvindo o seu ponto de vista como mãe do cara que eu estou platônica e perdidamente apaixonada. Mas nossa conversa, duas sessões de terapia e um rodízio para chorar quase todas as noites no colo de alguém não diminuiu minha mágoa, tudo isso me fez sentir ainda mais errada e culpada por ter deixado as coisas chegarem ao ponto que estão hoje. 


— Você está prestando atenção? — Gleene pergunta me tirando do transe e fico vermelha por não ter escutado uma única palavra que saiu da sua boca. — Sem problema, vamos recapitular quais são as placas e logo você vai poder fazer a prova para conseguir sua habilitação.

— Estou com dor de cabeça, não aguento mais olhar para essas placas. — Uso a mesma desculpa esfarrapada e abaixo a cabeça sobre as folhas que estão na minha frente.

— Tem tido notícias da causa da sua dor de cabeça? — Gleene pergunta e balanço a cabeça confirmando. — Você não vai mesmo voltar atrás? — Nego e mesmo sem olhar sei que ela está fazendo cara feia. — Melanie Louise Hills.

— Detesto quando alguém me chama pelo nome todo, fico me sentindo uma criança fazendo besteira. — Retruco ainda sem levantar a cabeça e pelo canto do olho vejo Gleene sentar ao meu lado.

— Mas você está fazendo besteira, borboleta. — A voz da minha avó me faz pular da cadeira com uma folha colada na minha testa. 

— Também acho. —  Gleene fala levantando para dar um high five com a minha avó e dou língua para as duas. 

—  Prefiro ajudar com Gemma para Anne ficar mais tempo com Harry. —  Falo mexendo no meu bloco de anotações sem olhar diretamente para nenhuma das duas.

—  Ele já voltou a andar e vai receber alta amanhã. — Minha avó fala e fico surpresa por Anne  ou Tio John não terem me contado nada a respeito disso. — Acho que você deveria ir lá.

— Não é uma boa ideia, a última coisa que preciso agora é ter Harry questionando quais são as minhas intenções ocultas sobre ele ou a família dele. —  Falo amargurada me impedindo de ficar feliz ao ponto de querer ir até o KSH comemorar sua saída como se fosse uma vitória conquistada por mim.

— Você deveria ir. —  Gleene repete a frase da minha avó e preciso abaixar a cabeça de novo para não chorar. 

—  Ele não me quer lá. —  Resmungo emburrada e detesto a sensação que fica no meu peito quando essas palavras deixam a minha boca.

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