c a p í t u l o 45

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Minha cabeça está girando em todas as direções possíveis e não consigo formular um pensamento coerente quando desligo o carro. Passei a tarde inteira trancada no escritório do restaurante até me sentir calma o suficiente para dirigir de volta para casa. Passo a mão no meu pulso dolorido e posso jurar que ainda sinto dedos gélidos de Louis me segurando. Saio do carro quase aos tropeços olhando para todos os lados ainda assustada e deixo as chaves caírem pelo menos duas vezes antes de conseguir abrir a porta e voltar a trancá-la quando entro em casa.

As luzes estão apagadas mostrando que estou completamente sozinha e não me importo de acendê-las, deixo minha bolsa sobre o aparador e vou até o banheiro entrando debaixo do chuveiro sem tirar minha roupa ou sapato. Nem toda água do mundo é capaz de tirar a tensão dos meus ombros e clarear minhas ideias já que tudo parece turvo e confuso demais.

Saio do chuveiro me sentindo à beira de uma hipotermia e deixo as roupas molhadas sobre a pia do banheiro. Fico apenas de calcinha e me enrolo numa toalha que parece pequena fina demais para esquentar meu corpo e vou para o meu quarto com uma dor de cabeça que quase me deixa enjoada. Encontro uma camisa preta de Harry e visto-a como se ela fosse capaz de levar para longe o frio, medo e incerteza que está fazendo meus ossos doerem.

O tempo parece não passar enquanto eu olho para o teto com a sensação de ter sido jogada numa máquina de moer carne na velocidade máxima. Já repassei milhares de vezes o meu quase diálogo com o jogador de futebol extremamente bêbado e ainda não entendi o que o levou a agir de forma tão grosseira e agressiva ou porque fiquei tão afetada pela sua presença. Um riso nervoso se transforma numa crise que me deixa sem fôlego e com os olhos cheios de lágrimas quando me imagino contando o que houve hoje mais cedo para alguém, e decido que pelo menos por enquanto, vou guardar apenas para mim essa tarde completamente louca e quase irreal.

Me sentindo um pouco menos assustada e acreditando estar dentro da série policial que Iris e Liam são viciados, saio do meu quarto com o notebook debaixo do braço em busca do meu celular e mergulho numa pesquisa sobre a vida do cara que além de deixar marcas vermelhas e doloridas no meu pulso, entrou na minha cabeça de um jeito quase perturbador.

Já se passou das dez da noite quando o cansaço e fome são maiores do que minha curiosidade e decido encerrar a minha pesquisa investigativa sobre a vida de Louis que parecia ser perfeita até que de repente, há oito meses atrás ele caiu num espiral de desgraça regado a álcool, cigarro, stripers e confusão tanto dentro quanto fora de campo que o levou ao afastamento do que a maioria dos comentaristas esportivos diziam ser "o futuro do futebol britânico". Quase quatro horas de pesquisa em todas as fontes possíveis no meu celular e no notebook não me levaram a lugar nenhum e a sensação que reina é pura frustração.

Fecho o notebook e deixo o celular sobre a mesa quando meu estômago quase grita pedindo socorro. Agradecendo imensamente a indústria de comidas nada saudáveis, pego um cheeseburguer pronto e deixo no microondas pelo tempo indicado na embalagem enquanto uso um mixer para fazer suco de morango porque equilíbrio é tudo. Como alguns morangos para diminuir a culpa que sinto toda vez que minto quando minha avó pergunta se estou me alimentando direito.

Acabo de comer e me apresso em limpar o que sujei na cozinha para me impedir de voltar ao que aconteceu mais cedo, distraio meus pensamentos colocando as coisas nos seus devidos lugares ouvindo música num volume quase inaudível por conta do horário. Termino de tirar toda a roupa da secadora e coloco sobre a bancada da área de serviço me sentindo cansada demais para guardá-las depois da minha faxina noturna não esperada. Tiro as duas peças de roupa que estou vestida e coloco no cesto de roupas que acabei de esvaziar. Corro para o banheiro completamente despida e tomo um banho rápido. Escovo os dentes e penteio o cabelo tentando me impedir de acordar com uma bagunça embaraçada e cheia de nós.

The Only Reason - HSWhere stories live. Discover now