c a p í tu l o 1 3

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— Querida, você precisa me dizer seu nome e o que aconteceu, tudo bem? — Uma das paramédicas pede e me obrigo a engolir o choro e abrir os olhos. 

— Melanie Louise Hills. Não lembro direito, acho que tropecei e caí da escada. Meu ombro direito está doendo muito e estou com falta de ar. — Falo e ela assente escrevendo numa prancheta. Decido ocultar o fato de que minha mãe pode ter me jogado escada abaixo, ainda não tenho certeza se foi isso o que aconteceu. A paramédica coloca uma máscara de oxigênio em meu rosto e um acesso com soro em minha mão esquerda. Olho para o garoto de olhos castanhos e ele se inclina em minha direção. 

— Sou Liam, filho do Geoff. — Ele sussurra e fico mais aliviada. — Fui deixar as chaves que ele levou por engano. Fiquei quase meia hora tocando a campainha e ninguém atendeu. A porta estava entreaberta então eu entrei e te vi caída no chão da sala. Gritei socorro mas você estava sozinha, por isso chamei a ambulância. 

— Obrigada. — Agradeço e ele dá ombros com um sorriso. Seu sorriso é lindo e seus olhos castanhos parecem sorrir junto com seus lábios ligeiramente rosados. Ele é magro, tem a pele clara e uma sombra de barba por fazer. Olhando para ele agora é completamente compreensível que eu não o tenha reconhecido, esse Liam na minha frente é diferente do menino gordinho que eu vi nas fotos que Geoff tem na carteira. Desvio os olhos envergonhada e fico encarando o teto da ambulância até chegarmos ao hospital. — Você não precisa ficar me esperando, já me ajudou muito. — Falo quando as portas da ambulância se abrem e de cara reconheço que não estou no K.S.H.. Agradeço aos céus por não ter sido levada para lá, a última coisa que eu preciso é ser motivo de fofoca num lugar que eu quero me firmar profissionalmente. Liam balança a cabeça negativamente e faz um gesto de desdém com as mãos. 

Sou removida com cuidado mas mesmo assim sinto uma fisgada de dor que vai diretamente para o meu ombro. Meus olhos se enchem de lágrimas e mordo a bochecha por dentro para tentar ignorar a dor lancinante que está tomando conta do lado direito do meu corpo. Sou levada pelos corredores até uma sala onde faço uma check-up completo. Assim que termino de fazer os exames sou levada para um leito na enfermaria. Uma enfermeira com cabelos cor de fogo abre a cortina azul e se aproxima com a mesma prancheta que a paramédica estava na ambulância e me pergunta se sou alérgica a algum tipo de medicamento e aplica analgésico no meu acesso. O remédio começa a fazer efeito quando o médico vem me atender. Ele é baixinho, usa óculos e quase não tem cabelo em sua cabeça. Ele me olha de um jeito estranho e sorri quando pega a prancheta da mão da enfermeira. 

— Se eu não tivesse lido o seu nome não teria te reconhecido, como você cresceu! A última vez que nos vimos você era apenas uma menininha assustada. — O médico diz com entusiasmo e calafrios começam a subir devagar pela minha espinha quando ele chega mais perto e me ajeito desconfortavelmente na cama. Minha boca se abre mas minha voz sumiu. Ele toca minha mão com delicadeza e consigo ver seus olhos escuros cheios de lágrimas. — Vamos ter tempo para colocar o assunto em dia mais tarde. Mely, agora você precisa me dizer o que aconteceu e onde está doendo. — Ele me chama com tanto carinho pelo apelido de infância que não ouço a anos e tudo começa a ficar lento e fora de foco. O encaro descaradamente e ele sorri erguendo as sobrancelhas grossas acima da armação do óculos antes de desviar o olhar para falar alguma coisa com a enfermeira. Meu coração acelera, meus pés ficam dormentes e sinais coloridos começam apitar dentro da minha cabeça quando o susto passa e finalmente consigo ler o nome escrito em seu jaleco e olho novamente para seu rosto. Eu o conheço.

— Tio John? — Sussurro e ele volta sua atenção para mim. A sensação que eu tenho é que fui colocada numa máquina centrifugadora com força máxima e que não tem botão para desligar. 

— Estava perguntando para a Amy — ele faz um movimento com os olhos mostrando a enfermeira ruiva ao seu lado — o que aconteceu já que você parece estar muito confusa. Na prancheta diz que você caiu da escada e desmaiou com a queda, foi isso mesmo? — Balanço a cabeça positivamente e apenas respondo que sim ou não. Minha cabeça está pesando, meus olhos ardendo mas a dor no ombro é apenas um incômodo bobo. Um outro enfermeiro entrega os raios-x e ele examina cuidadosamente. — Você fez uma pequena bagunça por aqui, Melanie. Você deslocou o ombro e o desmaio foi causado pelo impacto da sua queda que, pelo visto, não foi pequena. Vai doer um pouco para colocar seu ombro no lugar mas nada que um analgésico e um bom filme não resolvam. — Ele diz me olhando carinhosamente enquanto eu continuo paralisada enquanto flashes de memórias distantes dançam por trás dos meus olhos. — Você vai ter que ficar quinze dias com esse ombro imobilizado e ter muito gelo para a dor de cabeça. Vamos cuidar logo disso, você precisa descansar e temos muito o que conversar. 

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