Business | noart

29

Sina Deinert.‌

"Me sinto perdido no tempo e espaço, dentro de mim carrego um vazio e a saudade de tudo aquilo que sonhava viver."

É a primeira frase que vejo quando olho para o chão e vejo o livro aberto que caiu da prateleira.

Infelizmente eu me sentia vazia.

Não era aquele vazio de quando terminei com o Baylor, não sentia mais aquele vazio de dependência emocional, era apenas o vazio de companhia em minha vida. O vazio da cama sem ele ao meu lado, o vazio no sofá enquanto assistia alguma série, o vazio na cozinha enquanto ele me preparava um café, o vazio no banheiro de quando tomávamos banho juntos.

Imaginei que depois da conversa que tive com Noah, tudo iria melhorar já que a dor maior foi na noite do jantar na casa dos meus pais, mas estava completamente errada.

Algo me incomodava, me deixava desconfortável, me tirava o juízo e me deixava inquieta.

Eu não sabia dizer exatamente o que era, mas minha intuição me dizia que coisa boa não era.

Minha mãe me convidou para ir tomar café da manhã com ela e meu pai, e claro, eu aceitei sem pensar duas vezes, o que eu mais precisava agora era ver minha família antes de encarar mais um dia de trabalho ao lado de Noah.

Faço minha higiene matinal, tomo um banho gelado, faço uma maquiagem para tentar esconder as olheiras, visto um vestido florido e finalizo calçando uma sandália na cor bege nos pés.

Vou até a cozinha e troco apenas a caixa de areia de Booker, já que seus potes de água e ração estavam cheios e beijo rapidamente sua cabeça, jogando minha bolsa no ombro e saindo em seguida.

Quando entro em meu carro, aciono no gps o endereço enviado por minha mãe e dirijo até o local escolhido por ela.

Era uma cafeteria elegante, que ficava de frente ao mar. As paredes eram de vidros para que os clientes pudessem ter a visão da praia, as mesas eram brancas com quatro cadeiras no mesmo tom, toda a decoração em rosa pastel com sutis toques femininos e um delicioso cheiro de café e croissant preenchia todo o ambiente.

Vejo meus pais sentados em uma mesa no canto direito e caminho na direção deles. Minha mãe, ao me ver, levanta-se sorridente da cadeira e me puxa pelos ombros, me apertando forte num abraço.

De repente, como se algo tivesse mudado dentro dela, Alex se afasta e com a cabeça levemente inclinada para o lado e com a testa enrugada, me olha com semblante de confusão.

—‌‌ Aconteceu algo, mamãe? —‌‌ Questiono, preocupada com o que pode ter se passado dentro de sua mente.

—‌‌ Não meu amor, sente-se. —‌‌ Ela balança a cabeça e volta para sua cadeira.

Dou de ombros e vou até meu pai, beijando o topo de sua cabeça.

—‌‌ Como você está meu amor? Como está sendo em seu novo trabalho? —‌‌ Ele pergunta e eu dou a volta na mesa, sentando em uma das cadeiras vazias.