9; sleep

2.7K 368 206
                                    

A frase "nem tudo é um mar de rosas" estava sendo friamente descartada por você, já que no momento, esse mar de rosas estava sendo o melhor de seu dia, e se possível, queria se afundar nele.

Estava tão distraída que tudo em sua volta parecia pequenos meros detalhes, sem significado algum, não lhe era de muita importância.

Você suspirou um tanto pesado, esfregando os olhos e se sentando sobre o colchão, olhando ao redor do quarto. Desde o tal dia junto com Sal, sua mente estava atordoada, como se seus pensamentos e gestos tivessem ficado ali, presos naquele abraço.

Mais um dia se iniciou, havia acordado tão cedo que quando fora para cozinha, avistou sua mãe arrumando a mesa para o café da manhã.

— S/n? — a mulher disse surpresa ao olhar para você — O que houve? Ainda está muito cedo.

— Uh, eu dormi cedo — mentiu — Perdi o sono por agora.

— Oh, certo — a mais velha concordou, por mais que soubesse que não era verdade — E então, como foi na casa de Sal?

Você corou, instantaneamente.

— Tudo certo! — respondeu, rápido demais — Digo, sem problemas. Fizemos a maior parte do trabalho, sabe...

— Hum, sei... — a mulher disse olhando-a de canto de olho. Não comentaria nada sobre o flagra que ela dera nos dois se abraçando em meio ao corredor, por mais que a vontade estivesse ali — Bom, pelo menos poderemos iniciar o dia juntas por hoje.

Você apenas concordou algumas vezes, lembrando-se que sua mãe saía para o trabalho alguns minutos antes de você acordar, quase nunca tomavam café da manhã juntas.

[...]

As aulas estavam sendo as mesmas de todos os dias, sua mente desejava friamente sua casa, para ser mais exata, sua cama. A voz da professora junto ao som do giz batendo contra a lousa fazia com que sua cabeça doesse. Seu desejo de ir embora aumentava cada vez mais e mais.

O som do sino estridente ecoando pelo corredor foi o suficiente para seus colegas de classe se levantarem às pressas e irem em direção a porta da sala, saindo como se a vida pudesse depender disso. Você se levantou, espreguiçando os braços para cima a fim de afastar um pouco de toda a preguiça estabelecida em seu corpo.

Seguiu para o refeitório, vendo apenas Sal e Ash sentados à mesa enquanto Todd, Chug e Maple estavam na fila da cantina. Você então se aproximou da mesa, juntando-se aos dois colegas.

— Hey, S/n — Ash a cumprimentou.

— Oi — você disse esfregando os olhos com as costas das mãos, dando um breve aceno.

Você olhou para Sal, vendo que o garoto também olhava para você. Ambos não disseram nada, mantendo o olhar que sabe-se qual dos mil significados poderia ser ditado.

Ash percebendo a tal "tensão" pigarreou, chamando a atenção de vocês dois que de imediato, olharam para ela.

— E então, como estão sendo as aulas de vocês? — a garota puxou assunto, tirando a tampa do recipiente que ela trouxe com seu lanche.

— Céus, eu só queria a minha cama, sinceramente — você quem respondeu, massageando suas temporâneas.

— Bem, estão sendo tranquilas pelo menos até agora — Sal respondeu, lembrando-se o quanto se dava bem com aquela matéria.

— Ah Sal, eu apenas gostaria que dividisse comigo um pouco da sua facilidade com números e tudo que envolve muita matemática — você murmurou, apoiando a cabeça na própria mão e encarando o colega, que apenas riu.

— Não é assim tão complicado — o garoto disse, mas sua visão sobre a matemática continuava a mesma — Se precisar, um dia posso te ajudar com suas atividades — ofereceu. Você apenas sorriu e concordou com a cabeça.

— Aonde está o Larry? — perguntou, dando falta do mais velho.

— Ele disse que precisava resolver alguma coisa na direção, mas não nos disse sobre o que era — Ashley respondeu, e ambos os três ficaram curiosos.

Sem mais perguntas você apenas deitou sua cabeça sobre a mesa, em busca de algum descanso que sabia que não encontraria a não ser sua cama. Sua rotina estava sendo essa todos os dias no colégio, o sono constante invadindo quase ao ponto de fazê-la dormir ali mesmo se acabasse se permitindo a isso.

Sal apoiou a cabeça na mão para olhar você, por mais que não fosse possível de se ver, ele sorria. Ele observava seu rosto, os olhos quase fechando-se em uma linha reta, alguns fios de seus cabelos caindo sobre seu rosto com a forma que se deitava.

Você então abriu um pouco os olhos ao sentir certa movimentação ao seu lado, e então viu Sal a imitar: o garoto deitou a cabeça sobre a mesa da mesma forma que você fizera, deixando com que as madeixas azuis presas em Maria Chiquinhas caíssem sobre a prótese do mesmo.

Ambos riram com o olhar direcionado um para o outro. Você empurrou o braço de Sal levemente com uma das mãos, quase não conseguindo com a tamanha preguiça, e ele apenas riu mais.

Definitivamente, ouvir ele rir era uma das melhores partes de seu dia.

Obscure Love ; Sally FaceWhere stories live. Discover now