40; cult

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Não sabia dizer se os dias estavam passando rápido ou lento demais, mas não tinha muita diferença para você de qualquer forma. Tudo parecia extenso demais, complicado demais…

Você observava o cômodo da sala com algumas caixas espalhadas por ali, sem muita ansiedade para enfiar suas coisas ali dentro. Por mais que algo no fundo acendesse de forma a querer te deixar ansiosa por estar arrumando suas coisas para ir embora, logo a imagem sombria invadia sua mente, lhe trazendo imensa culpa. Não sabia o que fazer, e aquilo te deixava com um medo devastador.

Respirando fundo você largou as coisas que carregava em mãos, frustrada com tudo de drástico que acontecia em sua vida, sem conseguir achar uma solução; alguma forma para pedir ajuda — ou melhor dizendo, implorar por ajuda.

Com os objetos caídos sobre seus pés, um quadro preenchido por uma fotografia lhe chamou a atenção. Após se abaixar para pegar o objeto, observou com atenção a foto grafada ali. A imagem sua junto com Sal e Larry, há mais ou menos três anos atrás. Um déjà vu gostoso lhe atingiu naquele momento, ao mesmo tempo que em seguida sentia seu coração pesar, cada vez mais e mais.

Com os olhos já preenchidos por lágrimas, você levantou a cabeça para respirar fundo, tentando acalmar aquele turbilhão de sentimentos que vinham tudo de uma vez. Saudades, medo, culpa — e em específico, arrependimento. Odiava o rumo que havia deixado com que sua vida tomasse, e tinha medo que não pudesse consertar essa estrada. Era como se não estivesse vivendo sua própria vida, e não sabia dizer o que era mais estranho.

Largando o quadro sobre o sofá, você secou as lágrimas teimosas que desceram por suas bochechas, antes de pegar as chaves de seu apartamento e sair às pressas dali, a fim de tentar se livrar de todos aqueles pensamentos e sensações, que mesmo fora dos apartamentos Addison a perseguiam.

[...]

Parando em frente ao portão da casa, você permaneceu em silêncio observando a parte da frente. Tudo o que mais queria era poder desfrutar daquela sensação de estar se livrando daqueles malditos apartamentos, poder viver uma nova vida, seguir rumos diferentes. Mas estava presa aquele lugar, e sempre que tinha noção sobre isso, automaticamente seus sonhos evaporavam.

Abrindo o portão e atravessando o quintal em silêncio, você pensou sobre como ali teria uma vida feliz, quase dita como "dos sonhos" se não tivesse se envolvido com tudo aquilo. Pensar que era tarde demais lhe assustava, e por mais que não tivesse esperanças, tentava achar alguma solução.

Tocando a campainha da porta principal, você esperou que alguém lhe atendesse, imaginando que provavelmente haveria alguém em casa. Poucos minutos se passaram e logo viu a maçaneta da porta mexer antes de ser recebida como da última vez, pela Campbell. Pensou que aquilo já estava soando como uma brincadeira de mal gosto, quase.

— Ah, oi — a garota disse assim que olhou para você, dando um sorriso "meia boca", antes de dar espaço para que você entrasse ali — Entra…

Em silêncio você apenas adentrou o cômodo, enfiando as mãos no bolso de sua calça enquanto olhava ao redor. Tudo estava estranhamente silencioso, e já estava começando a pensar que apenas Ash estava ali.

— Todd e Neil saíram para trabalhar, Larry foi visitar a Lisa e Sal disse que ia resolver algumas coisas — a garota explicou como uma resposta a seus questionamentos internos, enquanto você apenas concordou com a cabeça, ainda olhando ao redor.

— Já está morando aqui? — você perguntou finalmente, virando para o rosto para encarar a mesma.

— Ah, pode-se dizer que sim — sorriu a outra, carregando certo orgulho na voz — Eu ainda não trouxe todas as minhas coisas, mas o mais importante eu já arrumei em um dos quartos, então aproveito para vir dormir aqui. Quero conseguir me adaptar rápido.

Obscure Love ; Sally FaceWhere stories live. Discover now