48; shaken...

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Quando achava que mais nada poderia te surpreender, algo sempre chegava para acabar com todas essas idéias. Não sabia o que pensar naquele momento, e ficar no quarto divagando pelo resto da semana não podia ser a sugestão mais viável — por mais que fosse o que mais queria.

Já havia se passado mais um dia, e havia perdido mais uma noite de sono remoendo tudo o que estava acontecendo junto com o que acabara de descobrir sobre si mesma. Se sentia um caco, se despedaçando cada vez mais e mais, em diversos pedaços.

Estava sentada sobre a cama, com a luz de fora clareando todo o cômodo, já que deviam ser em torno das duas da tarde. Em mãos você segurava o capuz escuro que era usado nas atividades do culto, observando-o de forma aérea, apertando o tecido com tanta força que mais um pouco poderia chegar a rasgá-lo. Sentia uma repulsa imensa daquilo, sua maior vontade era atear fogo. E talvez, em algum momento iria realmente fazer isso — ao menos é o que esperava, se tudo desse certo no fim…

Respirando fundo, você largou o capuz sobre a cama e se levantou, pegando as chaves de casa e saindo logo em seguida. Não aguentava ficar mais nem um minuto dentro de seu próprio apartamento, principalmente depois da última revelação que tivera. Estava angustiada, o que mais queria no momento era ir atrás de Sal e conversar com ele, e precisava desesperadamente disso. Ele precisava saber…

Enquanto esperava o elevador descer até o térreo, se recordava mais uma vez da imagem de Sal com seu olhar carregado de tristeza, quando ele se recusou a conversar contigo naquele momento. Pensava sobre o que faria caso ele a rejeitasse de novo, não poderia adiar mais.

Como a própria Rosenberg havia lhe dito, seu tempo estava acabando…

No meio do caminho consequentemente você havia diminuído seus passos, conforme a ansiedade ia preenchendo seu peito. Rapidamente começava a formular e planejar sobre como abordaria o assunto, e todas as construções chegavam a fim nenhum. Não sabia o que iria dizer, nem como iria dizer. Além disso, não sabia nem se Sal iria querer te ouvir.

Aquilo te deixava ainda mais estressada do que já estava nas últimas semanas, lhe trazendo um mal estar como consequência.

Logo a frente não muito longe, você conseguia ver a construção da casa onde seus amigos e namorado agora moravam. Casa onde você, em uma lembrança que parecia muito distante, ansiava morar…

Quando parou em frente ao portão do local, precisou respirar fundo algumas vezes antes de abri-lo e entrar, caminhando em passos lentos pelo caminho de concreto que dava de encontro até a porta da entrada principal. Sua mão passeou pela maçaneta por alguns segundos, antes de se recordar que talvez naquela altura do campeonato, não fosse mais tão bem vinda para simplesmente entrar como se fizesse parte das pessoas que moravam ali.

Tal pensamento lhe apertou o coração…

Afastando a mão da maçaneta, você então deu três batidas na porta e se afastou um pouco para trás, esperando que alguém a atendesse. E levou apenas poucos segundos para isso acontecer.

E, ironicamente, não se surpreendeu com a figura de Ashley parada em frente a porta carregando Gizmo no colo. A Campbell olhou para você carregando um semblante surpreso, antes de suspirar e se abaixando para colocar o gato no chão, que ronronou se esfregando em suas pernas antes de seguir tranquilamente para o rumo do pequeno jardim.

Você deu um pequeno sorriso com os olhos pairando sobre o animal, antes de ajeitar a postura e voltar a olhar Ash, que naquele momento não carregava a melhor das expressões.

— O que você está fazendo aqui? — ela perguntou cruzando os braços em seguida, sem dar espaço para que você entrasse no cômodo.

— Eu… Precisava conversar com Sal… — explicou antes de respirar fundo com o olhar duro que a garota lhe lançava, tentando não perder a paciência — É importante…

Obscure Love ; Sally FaceWhere stories live. Discover now