42; liar...

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Os dias iam se passando, e junto com eles a decadência era mútua. Seu psicológico estava tão destruído que quase não conseguia esconder em sua própria feição, o que deixava seus amigos e principalmente namorado muito preocupados.

Era ainda pior quando ia até a casa onde todos estavam morando, e as perguntas sobre quando você se mudaria ficavam mais frequentes. E junto disso, todas as vezes em que Ashley te olhava com um semblante cínico, como se estivesse prestes a abrir a boca e contar sobre tudo. Era uma ameaça psicológica que conseguia deixar tudo ainda pior para o seu lado, deixando-a sem saber mais o que fazer.

Era tudo o que você mais queria no começo, se mudar. Havia ficado tão contente com a menção de todos se mudarem dos apartamentos Addison, era reconfortante pensar que estaria livre de toda aquela merda, e principalmente quando sua mãe disse que se mudaria em breve também. Mas agora, sabendo que isso seria o melhor caminho para o próprio culto, você não conseguia. Você não podia…

Estava sem saída, sem a mínima escapatória. E pensar sobre isso te assustava, pensar sobre como eram mínimas as chances de isso tudo dar certo…

[...]

Mais um final de semana estava se aproximando, e isso já não te trazia nem sequer um mínimo de ânimo. Iria passar o dia na casa de seus amigos e namorado, e nem mesmo isso te trazia algum conforto. Qualquer mínimo pensamento te assustava, principalmente quando estava perto de Sal. Tinha medo que o culto fizesse algo, algo que você não pudesse ter a noção e tempo de impedir.

Respirando fundo tentando acalmar todos esses sentimentos ruins, você passou as mãos pelo próprio rosto enquanto tentava manter seus pensamentos em ordem — o que era quase que uma missão impossível.

Sabia que, cada dia estava ficando sem argumentos para aquela maldita pergunta, que estava sendo tão frequente nas últimas semanas. Às vezes queria simplesmente soltar tudo de uma vez, dizer toda a verdade, mas não tinha coragem — não ainda. Aquilo era como um pesadelo que atormentava todas as suas noites, mas a triste realidade era que não era um pesadelo, infelizmente.

Em passos lentos você se aproximava da casa já conhecida, a casa qual tinha o sonho de se mudar e viver uma vida normal. Mas agora, esse sonho já havia evaporado há muito tempo.

Encarando a maçaneta por alguns segundos, você respirou fundo antes de levar a mão até a mesma e abrir a porta, entrando no cômodo já bem conhecido. Fechando a porta atrás de si, você olhou ao redor para observar um pouco melhor o cômodo. Era muito agradável, a atmosfera era completamente diferente dos cômodos dos apartamentos Addison, algo ali lhe trazia uma pequena sensação de paz, ao menos por breves segundos. Tudo o que mais queria na vida era poder ter uma vida normal estando ali naquela casa, com seus amigos, seu namorado.

— Sal? Larry? São vocês? — você ouviu a voz já conhecida chamar, enquanto ouvia os passos vindos da escada. Com o olhar fixo ali, você viu quando Ashley rapidamente mudou a expressão quando os olhos dela caíram sobre você.

Para ser sincera, você já estava ficando um pouco cansada de encontrá-la ali todas as vezes que aparecia. Ela nem mesmo havia migrado para lá 100%, mas agora parecia fazer questão de estar ali a todo o momento, principalmente quando você aparecia.

— Você… — ela disse assim que pisou no cômodo, olhando para você com aquele mesmo desgosto. Sua expressão carregando desprezo por sua pessoa, ela não fazia questão de disfarçar nem mesmo quando estava na frente dos meninos — Sal não está aqui, o que você quer? — perguntou de forma ríspida, fazendo com que você levantasse a sobrancelha.

— Desde quando alguma coisa que eu faça é da sua conta? — rebateu da mesma forma, com rispidez — E que eu saiba, de certa forma a casa é minha também, eu posso pisar os pés aqui quando eu bem entender.

— Você nem mesmo trouxe alguma de suas coisas, então não, a casa não é sua! Por mim, você nem mesmo pisaria seus pés na frente da calçada, traidora! — apontou, com ódio carregado na voz.

— A casa não é minha? — cruzando os braços, você respirou fundo tentando não perder o controle da situação, o que estava sendo bem difícil nas últimas semanas — Não é bem isso que o Sal diz…

— Isso porque ele não sabe quem você é de verdade… — a garota rebateu, enquanto devagar ela se aproximava de você. Seu olhar como de costume, era carregado de ódio, um ódio que ela fazia questão de deixar bem evidente — Você acha mesmo que, quando eles descobrirem tudo, vão querer alguém como você aqui? Ao nosso lado, convivendo debaixo do mesmo teto? NUNCA — ela dizia, apontando o dedo para você — Você cavou a sua própria cova, s/n… Acha mesmo que alguém vai ficar do seu lado? É só eu abrir a minha boca pra contar sobre você e o culto, que todo o seu teatro vai acabar… Ninguém vai querer olhar pra essa sua cara, nem mesmo Sal…

Em silêncio você escutava a garota, enquanto devagar suas mãos se fechavam em punho. Aquelas palavras te deixavam irritada ao ponto de te enjoarem. Não sabia aonde Ashley queria chegar com aquela pressão psicológica contra você, mas naquele ponto, o copo já havia transbordado há muito tempo.

Sem conseguir mais se controlar, sua mão foi de encontro ao rosto de Ashley, deixando um tapa forte e estalado contra a bochecha dela. Sentia seu corpo tremer, assustada com sua própria ação, mas não estava arrependida. Com a mão sobre a própria bochecha já avermelhada, Ashley te olhou com o semblante mais irritado que antes, erguendo a mão para retribuir o tapa, e teria dado certo se você não tivesse segurado o pulso da garota antes, a impedindo.

— Eu NÃO quero brigar com você, Ashley! — você disse alto, apertando o pulso da garota — Eu nunca quis! Mas você não colabora, desde que nos conhecemos! Eu não tenho culpa se você não sabe lidar com perdas, e eu sinto muito se você gostava de Sal e acha que eu atrapalhei qualquer das mínimas chances que você tinha, mas eu não planejei isso! — aos poucos, você aumentava o tom de voz, junto com o aperto contra o pulso da garota. Estava tão irritada que por um momento, sentiu perder o controle de si mesma… — Eu estou CANSADA dessa merda! Do seu joguinho psicológico contra mim! Isso não é justo, eu estou tentando fazer a coisa certa pra todo mundo!

— Mentira! — Ashley disse, tentando se soltar, o que foi em vão — Você não está fazendo merda nenhuma! Apenas estragando as coisas, desde o começo! Teria sido muito melhor se não tivesse aparecido em nossas vidas, nós iríamos conseguir nos virar sem você! Você apenas vai estragar tudo com essa sua mentira de que entrou no culto apenas para ajudar! Você quer ferrar com a nossa vida, com a vida do Sal!

— NÃO! — gritou enquanto soltava o pulso da garota, sentindo seus próprios olhos se preencherem pelas lágrimas que estavam por vir — Você não entende, Ashley…

— Não entendo, e nem mesmo me interessa entender! — retrucou, aproveitando a oportunidade para segurar seu braço com força, querendo descontar toda a raiva que estava sentindo — Por que você não se junta apenas ao culto logo de uma vez e nos deixa em paz!? Ninguém precisa de você aqui!

— O que está acontecendo aqui!? — uma voz familiar logo soou pelo cômodo, chamando a atenção das duas, que rapidamente olharam em direção a porta onde se encontravam os dois rapazes; Sal e Larry.

Seu semblante rapidamente havia mudado, enquanto o desespero dentro de si tomava conta. Sabia que aquele seria o fim, e que Ashley abriria todo o jogo…

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O que será que a Ash vai fazer? 🙈 Só consigo planejar a treta HAUSHS

Como vocês estão amorzinhos? Tudo bem? Me perdoem a demora, eu planejava postar bem antes mas tava atolada de coisa pra fazer, trabalho, ansiosa com o resultado dos exames da minha mãe, enfim... Vou tentar compensar essa demora 💚

O que acharam do capítulo? Quais as teorias de vocês? 👀

Fiquem bem e até a próxima! Amo vocês 🍄🦋✨

Obscure Love ; Sally FaceWhere stories live. Discover now