21° Capítulo- Perto

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A semana foi uma merda, sempre estou estressado e triste pelos cantos, pelo menos no trabalho eu me distraia mas no momento que eu chegava em casa era como se só existisse eu no mundo, completamente sozinho

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A semana foi uma merda, sempre estou estressado e triste pelos cantos, pelo menos no trabalho eu me distraia mas no momento que eu chegava em casa era como se só existisse eu no mundo, completamente sozinho. Acendia todas as luzes e sentava no sofá enquanto ligava a tv para ouvir as vozes de pessoas que não conheço mas que naquele momento eram os únicos capazes de não me deixar tão solitário.

Até consegui lidar com a situação mas quando o fim de semana chegou foi ainda pior, todos os lugares que eu olhava lembrava dos meus pais ali comigo me dando imensas saudades. Saudades de trançar o cabelo da minha mãe, do seu cheiro bom, de sua pele macia, de seu sorriso perfeito e da sua voz doce. Saudades do meu pai, apesar de me dar trabalho e dores de cabeça ele é meu tudo e eu espero que esteja bem.

Minha intenção era visitar eles todos os dias durante a semana para mostrar que mesmo não morando juntos sempre vou estar pertinho, mas infelizmente não foi possível, a escola e o trabalho estão sugando minhas energias de uma forma surreal, chego exausto em casa só querendo dormir para no dia seguinte ter disposição para encarar mais correria.

André me chamou para festas, barzinhos mas eu não quis, não tenho forças para absolutamente nada, estou fodido, ele até disse para irmos na boate para eu ficar com a Luna mas neguei. Me preocupo com ela, em como foi estar com outros homens, fico nervoso com seus sentimentos e com tudo que acontece mas eu realmente não consegui ir até lá.

Tiveram momentos que até pensei se ficou magoada por eu não ter ido mas acho que vai entender meus motivos, além disso, nós não temos absolutamente nada e não preciso ficar me cobrando tanto por algo que ela nem deve pensar ou lembrar, talvez para Luna eu fui apenas algumas noites, mesmo vendo em seus olhos o quanto queria que eu ficasse, ainda tenho um pequeno sentimento no fundo do meu coração me pedindo para ir devagar e não me apaixonar por alguém que nem conheço.

Só consegui ver minha mãe no sábado e fiquei completamente abalado ao observar seu estado, a realidade deu um soco bem na minha cara. Ela não anda mais, não fala, mas os brilhos nos seus olhos permanecem.

Eu evitei chorar em sua frente mas quando sai da clínica me debrucei na moto e botei tudo que estava sentindo para fora, é como se eu sentisse que o dia de ela partir estivesse próximo, Alzheimer não é fácil e a cada dia a pessoa só piora e piora sem ter para onde correr e uma cura. Eu juro que daria minha própria vida para que dona Clara ficasse bem, só queria que ela voltasse a se lembrar de tudo e que pudesse voltar a viver como antes, com aquela alegria que contagiava a todos.

No domingo visitei meu pai, ele estava diferente e me deixou um pouco feliz, uma semana foi suficiente para ele ganhar peso e estar mais alegre, com mais vida e sem cheiro de álcool ou drogas, o que me alivia demais. Ele conversou comigo como fazia antes, perguntou sobre minha mãe e eu simplesmente falei a verdade, o que o fez chorar muito, ele se perdeu na vida mas sempre amou muito ela, o amor que eles tinham antes da doença era realmente coisa de filme.

Todas as suas versões [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now