23° Capítulo- Unidos

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O sábado está lindo, o céu completamente azul clarinho e o sol brilha iluminando tudo

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O sábado está lindo, o céu completamente azul clarinho e o sol brilha iluminando tudo. Em cima da moto enquanto acelero sinto o vento quente batendo em minha pele incomodando me deixando suado e com a blusa grudando no meu corpo.

Paro em frente a clínica, me identifico na recepção e vou em direção ao quarto da minha mãe em seguida com o coração a mil, passo a semana toda com saudades mas ligo todos os dias, por mais que não escute sua voz só de saber notícias fico um pouco tranquilo. Não conseguiria ficar em paz sem saber o seu estado, quero que mesmo com as suas limitações fique bem.

Meu coração dispara ao chegar na porta do quarto e respiro fundo, a médica que está cuidando dela disse que a doença está avançando rapidamente e ela esquece até do que acabou de comer, saber disso dói, óbvio que eu já sabia que ia ser assim, só que ainda tinha esperanças de ser diferente, que um milagre ia acontecer.

Depois de uns segundos coloco a mão na maçaneta e entro vendo o amor da minha vida deitada toda coberta, seus cabelos estão espalhados pelo travesseiro e ela é tão pequena que parece uma criancinha ali. Me aproximo devagar e passo a mão nos fios do seu cabelo com cuidado, ela está de olhos fechados e seu rosto está sereno.

Sento em uma cadeira perto da cama e fico a observando com um sorriso no rosto que aparece de forma involuntária, essa mulher é tão forte, ela é minha inspiração e absolutamente tudo para mim. Foi com dona Clara que aprendi a ser guerreiro e não desistir mesmo quando as coisas estiverem difíceis, mesmo que o mundo esteja desabando nas nossas cabeças precisamos seguir em frente.

Depois de alguns minutos ela abre os olhos e simplesmente sorri para mim, por um momento penso que lembrou de mim mas com certeza não, é só minha mente me iludindo.

— Oi meu amor, tudo bem?

Ela fica me olhando apenas sorrindo com ternura sem falar nada, parece que sua voz simplesmente desapareceu e eu sentirei muitas saudades de ouvi-la.

Abro a sacola que eu trouxe e tiro o pote de dentro dela com uma colher e volto até a cama.

— Olha o que eu trouxe, você vai gostar.

Um sorriso se desenha no meu rosto novamente porque estou realmente feliz, abro o pote e pego um pouco do sorvete de flocos com a colher e a levo até sua boca devagar para não derramar e ela não se sujar. Ela passa os lábios devagar pela colher e fecha os olhos com uma expressão de felicidade como se realmente estivesse degustando e amando o sabor.

Pego meu celular e coloco uma música do Djavan chamada "um amor puro" que ela sempre foi muito fã e ela parece ficar ainda mais animada mesmo sem lembrar de nada, é como se ela sentisse a melodia.

O que há dentro do meu coração
Eu tenho guardado pra te dar
E todas as horas que o tempo
Tem pra me conceder
São tuas até morrer

Todas as suas versões [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now