Capítulo 6

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oi gentes 💕 Como eu esqueci de att ontem e antes de ontem, hoje eu vou atualizar 3 capítulos! boa leitura 💛


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Desde quando se percebera como um feiticeiro e submundano, Magnus Bane ouvira histórias sobre como Caçadores das Sombras eram seres odiosos, que por trás do disfarce de bondade e justiça, encobriam uma natureza perversa e predisposta à maldade. Ele ouvira relatos de como colocavam nos seres do submundo Marcas tão dolorosas que levavam alguns à loucura. Ouvira falar que capturavam feiticeiros e fadas para serem servos e os obrigavam a abdicar de sua liberdade e imortalidade apenas para servi-los em batalhas contra seu próprio povo.

Ele sabia, portanto, que sentiria uma dor insuportável, que corria o risco de morrer no limbo onde a realidade cruzava com a fantasia e para onde, inevitavelmente, vão todas as pessoas que estão no limite do sofrimento físico. Mas ele não estava nem perto de imaginar a dor excruciante que sentia.

De fato, não era mais dor. Quando Irmão Jesseh circulou seu punho com a estela, sua pele ardeu. Por um segundo ele pensou que a tão anunciada dor era superestimada.

Então, ela veio.

Seu crânio queimou com a intensidade da fornalha aquecida sete vezes onde Sadraque, Mesaque e Abednego foram lançados. Mas ele não era puro e justo diante de Deus, então foi rasgado pelo fogo. Ácido corrosivo nadou pelo seu sangue, revirando suas entranhas, desfazendo seus órgãos em cinza e pó. Estava sendo afogado em uma caldeira de óleo quente e quando abriu a boca para gritar sua dor, ficou sufocado com água fervente descendo pela sua garganta.

Não podia enxergar nada, o mundo estava escuro e sombrio. Não podia encontrar suas mãos, braços, pernas. Era apenas consciência diluída em um mar de tortura escaldante... Perdido em algum lugar vazio, amordaçado, vendado e sendo escalpelado, ele soube por que os cristãos tinham tanto medo do inferno. E deveriam mesmo ter medo. Queimar daquela forma pela eternidade era um terror mudo e sombrio, impensável e indescritível. Naquele momento, se atreveu a falar com o Todo Poderoso. Deus, tenha piedade, me permita morrer...

E a dor passou.

Foi Deus? Não sabia. Mas passou. Ainda não conseguia ver, mas o alívio veio como um sopro fresco e revigorante. Sentiu-se ligado novamente a seu corpo, embora não conseguisse ter força nenhuma para se sustentar. Sabia que estava no chão, pois sentia a pedra fria do mármore contra a pele do seu rosto, e isso era uma benção após todo aquele inferno escaldante.

- É normal ele ficar assim? - ouviu a voz do Lightwood diretamente acima de si e lembrou-se do seu propósito de não demonstrar fraqueza. Fez um esforço para encontrar seus olhos e os obrigou a abrir. O rosto do Caçador de Sombras entrou em foco.
- Ele se recuperou até rápido - o Wayland estava do outro lado, espiando-o com curiosidade e um ar de superioridade.

Preciso me levantar, pensou e forçou-se a encontrar a força das pernas. Apoiou-se nos punhos e joelhos e no segundo seguinte estava em pé. Sentiu o corpo balançar, mas esquivou-se da mão do Lightwood quando este fez menção de ampará-lo. Olhou ao redor, com a visão ainda embaçada, como se enxergasse através de água, e as pessoas o encaravam com interesse incontido. Malditos. Não havia compaixão, exceto nos olhos de Catarina, os quais ele evitou. Não podia mais culpá-la por tê-lo capturado. Ele também faria qualquer coisa para não passar por isso novamente.

Recebeu um anel para colocar no dedo. Era o Anel de Chamado. Enquanto ele não respondesse ao seu senhor, o Anel queimaria sua pele lentamente. Por fim, o suplício terminou e as pessoas se dirigiram ao lado oposto do Salão, para participarem do banquete que estava sendo servido. Era impressionante a forma como todo mundo estava agindo... Como se a tortura que tivessem testemunhado fosse motivo para comemoração. Parabenizavam o Caçador de Sombras, davam lhe tapinhas amistosos nas costas.

Servidão e Liberdade || Malec Where stories live. Discover now