Capítulo 52

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- Londres está quente...

Maryse não respondeu ao comentário. Alec deu de ombros levemente e voltou a comer seu bolo de limão. Estavam em Londres. Até recentemente era chamada de Vila London. Entretanto, crescera desenfreadamente nos últimos tempos, e já era consenso geral que fosse uma cidade. E estava fazendo calor. Muito calor. Alec olhou novamente para a porta, mas ainda não havia sinal de Magnus.

- Ele não vai fugir, Alexander – Maryse disse, por fim.

- Não estou pensando que ele vai fugir – Alec disse, rindo pelo nariz.

- Isso é demais... – Maryse disse, a voz tingida de certa desaprovação.

- Desculpe? – Alec perguntou, perdendo o interesse pelo bolo de limão, que realmente estava bem gostoso até alguns segundos atrás. – O que disse?

- Olhe a forma como fala comigo, Alexander – ela repreendeu, meneando a cabeça – Ainda sou sua mãe.

- Desculpe, senhora minha mãe – ele disse, imprimindo um leve sarcasmo na voz (herança da convivência diária com Magnus, certamente) – O que disse?

Ela mastigou outro pedaço do bolo, lentamente, pesando as palavras. Ele esperou, impacientemente.

- Eu disse que isso é demais – ela repetiu – Tudo isso é demais para mim.

Alec cruzou os braços. A convivência com Maryse na Casa realmente não estava das melhores. Ela não tinha chegado a reclamar, mas suas expressões desaprovadoras e o nítido esforço que ela fazia para parecer não se importar com Magnus sentado à mesa durante as refeições, era o suficiente. Ela claramente desaprovava a vida que o filho levava.

- Sinto muito – ele disse – Mas não é algo que eu possa mudar.

- Eu sei – ela disse, parecendo meio cansada – Eu vejo a forma como olha para aquele feiticeiro.

- O nome dele é...

- Eu sei qual é o nome dele, Alexander – Maryse resmungou – Acredite em mim, eu sei exatamente qual é o nome dele. O que não muda o fato de quem ele é.

- Lá vamos nós – Alec suspirou e olhou para os lados. Felizmente, todos os clientes da pequena taverna eram mundanos e pareciam não estar nem um pouco interessados na conversa que eles estavam tendo.

- Eu estou me mudando de volta para Idris – Maryse disse – Não pretendo atrapalhar a vida que vocês levam.

- A senhora certamente sabe que ficar em Somerset conosco é a melhor opção.

- Não vejo porquê, Alexander – ela suspirou também – Em Idris eu tenho família também.

Ela de fato tinha irmãs, cunhados e sobrinhos em Idris. Mas Alec tinha alimentado a esperança de que talvez um dia ela pudesse considerar Magnus e Rafe como família também. Entretanto, essa viagem a Londres estava sendo reveladora. Após quatro meses do nascimento de Rafe, Magnus finalmente tinha conseguindo relaxar e concordado com a contratação de uma ama para ele.

Agora, que o bebê estava com seis meses, ele tinha se sentido seguro para deixá-lo por dois dias com a ama, Izzy e todos os criados, e ir a Londres para comprarem algumas coisas de que realmente estavam precisando: ingredientes para suas poções, roupas para o bebê e roupas e calçados para Magnus e Alec.

Maryse tinha decidido ir na viagem, por sua própria conta e risco. Ela não tinha ainda ficado tanto tempo perto do casal e ver a intimidade deles e a forma como se relacionavam tinha sido o estopim para que ela revelasse o que realmente pensava sobre. E o que ela realmente pensava sobre, era isto: “era demais” e ela “preferia morar longe”.

Servidão e Liberdade || Malec Where stories live. Discover now