Capítulo 33

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Como bom estrategista que era, Alec optou por se preparar para o pior. Precisava agir como se fosse uma armadilha, assim teria muito mais chances de não ser pego em uma. Foi isso que ele disse aos outros, ao redor da mesa. Todos escutaram, atentos, e ele mostrou, no mapa, os pontos cruciais aos quais deveriam prestar maior atenção.

- E precisamos, claro, tentar uma aproximação com o pessoal da vila. Quantos ainda vivem lá?

- Quatrocentas e dezessete pessoas - foi a resposta pronta de Izzy. 

- Atualmente? - Alec se lembrava de que quando administrava a vila, ela continha cerca de 520 moradores. Muitos tinham se mudado então, e ele esperava muito que não tivessem sido os melhores homens.  

- Sim - Izzy assentiu. 

Alec não perguntou como ela conseguira a informação. Apenas confiaria na irmã. Como sempre tinha feito. 

- Precisamos saber quantos homens ainda residem lá, e tentar conseguir a confiança deles, para que se unam a nós. 

- Pode deixar isso comigo - Magnus se pronunciou, e Alec tentou não demonstrar o leve pânico que agitava seu ventre. 

- Prefiro que você foque na reconstrução das defesas dos limites - ele disse, cautelosamente - Pelo que me disse, há muitos buracos na muralha que construiu. 

- Sim - Magnus concordou. Era inevitável que a proteção que tinha feito se mantivesse sólida enquanto ele estava tão longe. 

-  Eu preciso falar diretamente com o povo - Alec suspirou. - Se quero passar a imagem de um possível líder novamente, preciso ir por mim mesmo.

Todos concordaram com um aceno de cabeça. Quando estava planejando qualquer atividade, Alec se transformava. Seus ombros ficavam altivos, sua voz ficava mais enérgica, e as pessoas tendiam a confiar nele rapidamente. Não era diferente agora, e ele sentia-se mais confortável ao perceber que até Ragnor lhe ouvia atentamente, e que Simon tinha parado de tentar tocar o cabelo de Izzy, para escutar melhor.

- Temos cerca de quinze dias para terminar os preparativos. Nesse meio tempo, preciso treinar. Preciso voltar a usar minha estela. E quem não souber o básico de defesa pessoal e combate precisa aprender algumas coisas. Quem precisa de alguma ajuda com isso?

Simon e Ragnor levantaram as mãos, tímidos. 

-  Sim, vocês e Magnus precisam aprender um pouco mais. 

-  Eu? - Magnus encarou-o, nem um pouco feliz.

-  Sim, você.

- Você já me ensinou o básico - o feiticeiro protestou. 

- Não creio que você tenha praticado desde então - Alec levantou uma sobrancelha, e então se esquivou rapidamente para a esquerda quando o punho de Magnus passou raspando na sua mandíbula. 

- Viu? - Magnus também levantou uma sobrancelha, rindo - Eu ainda lembro. Além disso como terei tempo para preparar os feitiços de proteção? Eles são muito cansativos! 

- Eu te ajudo - Ragnor se ofereceu. Mas Alec precisava dele para outra coisa. 

-  Bom, tinha pensado em colocá-lo em combate, Ragnor - ele disse. 

-  Como? - Ragnor inclinou a cabeça, estreitando os olhos, e Alec teve a sensação de ver seus chifres tremulando. 

- Seria como um elemento surpresa - Alec explicou - O papel dos feiticeiros sempre foi proteger os senhores por meio de feitiços e magia… Eles não esperam que um feiticeiro lute assim. 

Servidão e Liberdade || Malec Where stories live. Discover now