Capítulo 32

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Não era segredo para ninguém que Magnus Bane era um ser noturno. Entretanto, ele amava o dia quase tanto quanto a noite. Na verdade, o que ele realmente prezava era o ar livre, o cheiro da liberdade, o vento soprando em seu rosto. A noite tinha, sobre o dia, a incrível vantagem de torná-lo menos visível. Isso era bom, principalmente em tempos em que os submundanos não eram tão apreciados assim. 

Ele estava andando lado a lado com Simon, que estava obviamente entediado. 

- Nesse ritmo, vamos chegar lá somente na semana que vem - o vampiro ia dizendo. 

- Hmpf - Magnus bufou, mas apertou o passo. 

O sol ia surgindo, e conforme o combinado, tinham saído da cabana pela madrugada, para tentar uma aproximação com Lídia Branwell. Havia uma possibilidade de Robert e Maryse terem obrigado a cortesã a deixar a residência em que estava estabelecida. Mas ela estava grávida, conforme Alec informara, e provavelmente afirmaria que a criança era Lightwood. Se ela for inteligente Magnus ia pensando com certeza diria isso. Era a única possibilidade de não ser expulsa da casa. 

Embora Simon reclamasse que eles estavam andando devagar, na verdade eles estavam andando mais rápido do que qualquer humano. As árvores eram como vultos ao lado deles, e estavam quase chegando à estrada principal. Magnus calculava que eles já estavam há cerca de 30 quilômetros da casa de Lídia. 

A estrada principal era um risco. Estariam expostos lá. Muito expostos. Mesmo protegidos por feitiços potentes, ainda tinham de ser muito cautelosos. Afinal, eles estavam tecnicamente invisíveis, mas qualquer caçador de sombras com a Runa da Visão ativada conseguiria enxergá-los. E além disso, eles eram bastante sólidos, claro. Não podiam se dar ao luxo de trombarem em alguma coisa, ou alguém. E obviamente, as pessoas poderiam ouvi-los. 

- Parece muito tranquilo aqui - Simon sussurrou, olhando a estrada de terra, aberta no meio da floresta, com grandes carvalhos ladeando as margens. 

- Nem por isso podemos nos descuidar, fique perto de mim, e vamos devagar.

Magnus estava orgulhoso de si mesmo. O feitiço era tão bom que eles não podiam ver um ao outro e precisavam se guiar pela voz. 

- Eu estou perto de você - Simon resmungou, e eles começaram a caminhar cuidadosamente. 

  A viagem realmente foi bem tranquila. Eles cruzaram com várias pessoas, mas nenhum caçador de sombra ou submundano. Quando alguém surgia na estrada, ou quando ouviam vozes, eles ficavam imóveis, ou a depender da quantidade de gente, se afastavam para detrás das árvores. Quando eles começaram a avistar a vila, o sol já estava alto e claro, mais perto do meio do céu. 

    A vila parecia anormalmente quieta, vista de longe, com uma fumaça tímida no extremo sul. Magnus sentiu o estômago se remexer. A configuração da vila estava diferente, por conta das alterações que os Lightwood tinham feito após o Grande Incêndio. Para além do término das poucas ruas, agora mais largas e limpas, no canto Oeste da vila, a Casa Lightwood se erguia imponente. Havia um fosso separando a Casa da Vila e uma ponte sobre ele. 

    Vista de tão longe a Casa dava impressão de estar desabitada. Não se viam mais os criados de antes trabalhando ao redor e cultivando alimentos, e nem as criadas estendendo lençóis brancos para secar. Parecia um deserto, quase uma casa em ruínas, sem as ruínas, mas com o mesmo ar desolado.

 Magnus tentou apertar os olhos para enxergar mais. 

- Não deve ter ficado alguém lá - Simon murmurou em algum ponto à sua direita - Aposto que os criados devem ter voltado para a vila, para suas famílias. 

Servidão e Liberdade || Malec Onde histórias criam vida. Descubra agora