Capítulo 31

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Alexander Gideon Lightwood conhecia Magnus Bane o suficiente para saber que ele nunca mais diria aquelas coisas novamente. Ele não chegara a implorar, mas foi próximo o bastante disso. Na verdade, ele parecera extremamente vulnerável ali, de pé, olhando para Alexander com os olhos pedintes. Então, quando Alec negou novamente, ele respirou fundo, ergueu os ombros, aceitando a derrota mas se negando a demonstrar mal estar por isso. 

Isso era algo que eu nunca conseguiria fazer, pensou Alec. Se mostrar tão… cru, tão desnudo, tão vulnerável. Pedir por afeto, por uma chance. Ele sentia suas mão ainda tremendo, e torceu-as novamente, tentando impedir que aquela euforia estranha se espalhasse pelo seu corpo. 

Apesar de não encontrar, dentro de si, possibilidade para Magnus permanecer em sua vida, ele estava sentindo uma estranha sensação quente e pulsante em seu peito. Sabia que sua face estava vermelha agora, e havia um leve zumbido em seus ouvidos. 

Eu tenho sentimentos por você ele tinha dito. Eu tenho sentimentos por você ele tinha repetido. Sentimentos, sentimentos, sentimentosPor. Você. Alec sentia a garganta seca e o coração pulando contra as costelas. 

Ninguém tinha dito isso para ele antes. Ninguém diria, depois de Magnus. Ele sabia disso. Sabia disso, e a despeito de tudo, queria guardar essa lembrança em um canto precioso de sua mente, onde de vez enquanto poderia revisitar e sentir como se estivesse vivendo novamente. Fechou os olhos por um instante, a imagem vívida de Magnus lhe surgiu na mente eu tenho sentimentos por você. 

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Magnus passou pelos amigos, que estavam comemorando por terem conseguido acender a fogueira, e caminhou até à borda do encantamento. Podia sentir o ar vibrando, protegendo a casa. Quem olhasse de fora veria somente mais árvores e sentiria automaticamente a “necessidade” de virar à esquerda, se afastando do local onde a cabana estava localizada. 

Magnus queria poder estar camuflado assim. Mas, como sempre, tinha feito exatamente o oposto do que deveria. Ragnor tinha dito “Se preserva”. E ele tinha se exposto para Alec, desnudando os sentimentos e a alma. O resultado: um não. Dois nãos, disse uma vozinha irritante dentro de sua cabeça e ele soltou o ar pela boca, lentamente. A frustração que invadia seu corpo era absolutamente nova. 

Ele já sabia que Alec nunca o aceitaria, claro. Mas era sempre estranhamente doloroso confirmar isso. Passou as mãos pelos braços, espantando o arrepio que lhe percorria. Céus, seu corpo sempre reagia desta forma quando estava muito perto de Alec. Sempre se arrepiava e perdia bastante a noção do bom senso. 

Aos poucos, uma dorzinha estúpida estava se instalando em seu peito. Era quente e sofrida, como um ferimento recente. Magnus sabia o que era. Era a doença dos corações partidos. O feiticeiro aceitava que ela viesse. Aceitava que acontecesse. Era parte natural da vida. Mas, uau… a dorzinha só aumentava a cada segundo. 

- Magnus! - Iza chamou, animada, e ele se virou, piscando os olhos para espantar a lagoa que se formava sob suas pálpebras - acha que somente sal é suficiente para temperar este peixe?

- Com certeza é suficiente - ele disse, cruzando os braços ao se aproximar do grupo - Se estivéssemos numa situação melhor, poderíamos acrescentar suco de limão. 

- Ia ser esplêndido - Ragnor concordou, e se aproximou do amigo, tocando-o no braço, em um afago que dizia eu compreendo, eu sei como se sente. - Infelizmente não podemos ter tudo que queremos. 

- É - Magnus sabia que não estavam mais falando sobre o peixe - Não podemos ter tudo que queremos - repetiu, mais para si mesmo do que para os outros. 

Servidão e Liberdade || Malec Where stories live. Discover now