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Quando voltei, senhor Rews ainda estava no pequeno quarto. Ele se levantou apressado, me observando com a sacola com duas caixas do remédio e um termômetro.

E as lágrimas que escorriam do meu rosto, as quais não pude evitar.

— Oh, finalmente. Está tudo aí?

Assenti.

Meu irmão não se deu o trabalho de abrir os olhos.

— Disseram que ele precisa tomar uma cápsula a cada oito horas — falei, me reprimindo pela voz de choro. — E que ele vai ficar bem.

— Isso é bom. Na verdade, isso é ótimo. — O segurança caminhou até meu irmão e o tocou de leve no ombro. — Querido, sua irmã voltou.

Hale levantou num impulso, ainda que estivesse cansado demais. Ele me observou como se procurasse machucados, arranhões ou qualquer coisa que indicasse que estava machucada. Eu me aproximei, deixando que ele observasse que não existia nenhum ferimento, mas que nada correra bem.

— Gaëlle...

Puxei seus braços e deixei que ele me envolvesse. Nesses momentos, apenas meu irmão conseguia me manter calma. Hale me apertou quando meus soluços ficaram mais aparentes.

— Eu estou bem — assegurei.

— Você não parece bem. Foi seguida? Alguém te machucou?

— Pai... — minha voz falhou, enquanto eu observava o segurança abrir uma das caixas e analisar um papel que tirou de dentro da mesma. Meu irmão franzia a testa para mim.

— O quê? Como e por quê?

— Ele queria fazer uma proposta, mandar em mim, não sei. Me ameaçou... Disse que se nos encontrar, eu vou ser obrigada a voltar com ele. Eu não quero, Hale, não quero.

Ele respirou fundo, acariciando minhas costas.

— Ele não vai nos achar, ok? Se acalme um pouco, beba água, deite na cama e relaxe. Nós conversamos sobre isso depois.

Olhei para senhor Rews. De seus olhos, emanava a compaixão, mesmo que ele jamais tenha ouvido sobre nossa história. Ele acenou com a cabeça.

— Faça o que seu irmão disse. Tudo ficará bem logo. — Ele se virou para meu irmão. — Agora, tome. Vou pegar a água, só um minuto — disse senhor Rews, estendendo a cápsula.

Meu irmão ergueu a mão e, com um movimento, colocou dentro da boca e engoliu, fazendo uma careta.

Sr. Rews me entendeu a garrafa.

— É ruim? — perguntei, depois de tomar vários goles.

— É horrível — respondeu. — Parece que estou engolindo areia com sal.

Sorri observando-o, quando ainda aparentava estar doente. Sabia que o efeito não era imediato, mas tinha medo de que não funcionasse.

Estendi a água para Hale, mas ele negou.

— Vai ficar com mais sono do que o normal, mas sempre que acordar se sentirá melhor — disse senhor Rews. — Descanse pelos próximos dois dias e não pense em fazer besteiras.

E então, o segurança do museu virou-se para mim.

— Não deixe que ele faça besteiras. E meça a febre dele sempre que ele acordar. Dentro da caixa há um manual para aprender como manusear o termômetro. Eu volto daqui a dois dias para ver como estão.

Assenti.

— Eu vou dar um jeito de pagar...

— Oh, não, querida, pare com isso. Eu já disse que é um presente. Gosto de ajudá-los e vou fazer isso até que não me seja mais possível.

Arthora | A Queda de Um ImpérioTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon