Não recuei quando ele tentou socar meu estômago. Eu deixei, na maior cara de pau, ouvindo sua reprovação logo em seguida. E depois, golpeei-o nas costelas, ouvindo-a estralar com o peso que coloquei no pé. Me abaixei quando seu soco veio em minha direção e o empurrei.
Ele deu dois passos para trás, sem cair na grama molhada.
Choveu durante a noite. E, ainda assim, eu não quis burlar o treino no dia seguinte. Foi uma das primeiras vezes que eu simplesmente quis ir ao treino. Não sei o que aconteceu, mas senti vontade.
Aaden observava cada um dos meus movimentos. Renoward tinha o azar de eu usá-lo como saco de pancadas. Não que eu fosse melhor que ele. O soldado claramente pegava leve comigo, mas eu não tinha dó da força que eu aplicava contra ele.
— Não — advertiu Renoward, de repente. — Não coloque seu dedo debaixo dos outros ao socar alguém. Você já deveria saber disso. Vai quebrá-lo e não vai surtir efeito. Coloque suas unhas no peito da mão e feche-as como se guardasse algo muito pequeno. Seu dedão vai ao lado dos outros.
Ele deu alguns passos na minha direção, mas eu recuei.
— Já entendi.
Soquei-o no estômago do jeito certo. Eu sempre fiz assim, na verdade.
Nenhum dos meus golpes surtia efeito nele. Nada que eu fizesse surtia efeito.
— Certo — disse Renoward.
— Ok, tudo certo — disse Aaden. — Vamos ao intervalo, pessoal.
Havia me esquecido que todos assistiam. Fui até a mesa montada no meio do campo, onde geralmente Portos apoiava sua prancheta com anotações em letras redondas. Alcancei uma das garrafas d'água.
— Você está com raiva — disse Renoward.
— Não estou com raiva. — Quase não o deixei terminar a frase.
Ele levantou as sobrancelhas.
— Quer mesmo que eu acredite nisso?
— Do mesmo jeito que acreditou quando eu disse que não estava chorando? Não, obrigada.
Ele franzia o cenho quando me afastei.
Alcancei Hallie, que observava as outras meninas.
— Sozinha? — questionei.
Ela deu de ombros.
— Às vezes, eu gosto do silêncio.
Franzi o cenho.
— Por quê?
Ela me encarou, com um pouco de indignação nos seus olhos.
— Bem, não tem silêncio aqui, mas eu gosto de não distrair minha cabeça quando tenho a oportunidade.
— Por quê?
Hallie me analisou brevemente.
— É um momento bom. Onde posso respirar e pensar e contemplar as coisas que o Imperador está fazendo.
A garota permaneceu me olhando, com uma expressão de que esperasse que eu dissesse que concordava. Eu queria franzir o cenho. Queria mesmo.
Eu ia responder. Gostaria, de verdade, de ter perguntado sobre o que raios ela estava falando, mas Portos chamou atenção antes mesmo que eu pudesse abrir a boca.
Todos se acumularam perto dele novamente, prontos para ouvir e absorver o que ele dizia.
Mas não deu tempo, não deu tempo.
Um barulho alto foi ouvido. Um tiro foi disparado. Uma pessoa caiu.
E o caos começou.
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Arthora | A Queda de Um Império
Fantasy[Obra concluída ✔] Há 980 anos, Arthora, um dos Sete principais Reinos, foi escravizado. Gaëlle Provence é descendente dos escravos, e esteve nos campos de escravidão quando era uma bebê, até que seu irmão, Hale Provence, fugiu com ela para evitar s...