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O vento batia contra meu rosto e era como se renovasse o ar do meu corpo. Nunca havia feito isso, mas foi a melhor coisa que já experimentei, apesar de que ainda estava com dor e um pouco grogue de sabe-se lá que remédio me deram.

Sentia a mão firme de Renoward ao redor da minha cintura. Sentia-o atrás de mim como um escudo protetor, enquanto guiava o pégaso na direção contrária ao hospital. Zylia e Aaden voavam um pouco mais a frente.

Sentia o ar fresco, com cheiro de flores da primavera. Isso me lembrava meu aniversário, apesar de que não estava muito a fim de pensar nisso.

Eu tinha a sensação de tudo ser um sonho. Por um momento, imaginei se o Imperador me manteria assim até algum momento da minha vida, apesar de não fazer sentido nenhum.

Então me veio outro pensamento. Os soldados de Sulman fizeram minha pressão cair naquele dia do abrigo e, se pensasse, eu não fazia ideia do que aconteceu do lado de fora depois que fui jogada. E se eu ainda estivesse em um sonho por causa deles?

— Renoward — chamei.

Senti seus olhos sobre mim, me analisando por um instante.

— Hm.

— Pode me dizer uma coisa que só você sabe?

Se fosse um sonho, ele não saberia responder.

Ele ficou alguns segundos no seu típico silêncio.

— Eu não sei muito sobre você.

— Me diga o que sabe. E não precisa ser sobre mim.

Sei que ele pensou nos momentos seguintes.

— Você é teimosa.

Eu neguei, fazendo uma careta logo em seguida pela dor de cabeça.

— Não. Algo diferente.

— Diferente como?

— Mais pessoal.

O soldado ficou em silêncio de novo.

— Você quer provar que isso não é um sonho? Sou tão inalcançável para você achar que está sonhando?

Revirei os olhos.

— Responde logo antes que eu mude de ideia.

— E se eu te contar algo meu? Sua consciência jamais saberia disso.

Eu o observei, virando a cabeça para trás e deixando meu cabelo tampar minha visão. Eu o retirei do rosto, ainda olhando para o príncipe.

Ele baixou os olhos para mim. Então disse:

— Da mesma forma que você ama profiteroles e comeria uma bandeja inteira, eu comeria toda uma caixa de biscoito Sablé.

— Biscoito Sablé? Aqueles que derretem na boca e esfarelam?

— Esses mesmos.

Eu abri um sorriso. É. Não era um sonho.

Nos aproximamos do palácio de Zylia, completamente concertado e novo; magnífico. A luz do pôr do sol (não tão bonito quanto o que o Imperador pintou) refletia no castelo, deixando-o ainda mais esbelto.

Ao pousarmos, Renoward se desvencilhou rápido. Ele desceu e fez menção de me pegar, mas eu afastei suas mãos enluvadas.

— Pode deixar. Eu consigo descer.

Mesmo assim, ele se manteve perto enquanto eu pulava. Minhas pernas cederam e eu caí, levando as mãos ao chão e sujando-as de terra.

— Consegue, huh?

Arthora | A Queda de Um ImpérioWhere stories live. Discover now