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Eu congelei. Mas não por muito tempo. As pessoas ao meu redor começaram a correr para todos os lados. Tive tempo de ver Aaden sacar uma arma.

Corri. Não vi quem foi atingido, não vi onde estavam as pessoas. Eu precisava correr, precisava alcançar o castelo, precisava achar meu irmão.

Minhas pernas já queimavam; eu estava sem fôlego, ansiosa e com medo. Não queria morrer.

Disparos vinham de todos os lados, na nossa direção, na minha direção. Me queriam. É claro que queriam. Não é todos os dias que se vê um arthoriano fora da cerca; fora da escravidão. Se bem que não teria como saber, a não ser que alguém tenha denunciado aos sulmanitas.

As armas não paravam. Havia pólvora, balas, corpos, furos, desespero por toda a parte. Algo explodiu lá na frente, quebrando e destruindo parte do castelo. Os tijolos quebrados atingiram algumas pessoas que passavam ali perto.

Eu ainda estava longe. Muito longe.

Corri mais, sem me importar se mal conseguia ouvir.

Algo me atingiu de lado. Fui arrastada com um peso em cima de mim. Fechei os olhos, tentando me proteger. O peso me esmagou e tentei me desvencilhar, pensado que tinham me encontrado. Me levariam agora.

Percebi que era Aaden. Portos estava ali. Ele me salvou de algumas balas. O soldado abaixou os olhos pra mim.

— Você está bem?

Assenti em resposta, observando-o ficar de pé e atirar em outra direção. Eu sabia sobre armas. De repente, e fora de momento, quis saber qual ele usava. Não fui capaz de pensar nisso. Não fui capaz de raciocinar.

— Fique aqui e espere. Atente-se ao momento em que eu disser que você pode ir.

Apenas assenti de novo, sentindo meu coração palpitar, na garganta, querendo pular fora de tudo aquilo.

O sol queria que eu derretesse, e os soldados queriam que eu morresse.

Olhei para a porta de vidro do palácio, onde guardas atiravam com suas armas na direção dos tiros. Mas não havia direção. Estavam escondidos, espalhados em algum lugar que não podíamos ver. As árvores e arbustos baixos deveriam cobri-los, embora ainda fosse possível ver se alguém estivesse ali no meio.

Não havia fonte para os tiros.

A porta de vidro do castelo estilhaçou-se. Parte de sua estrutura já estava perfurada. Os soldados que guardavam a porta estavam mortos.

Dois guardas saíram as pressas do castelo, carregando um corpo inerte nos braços. Esse corpo era esguio e louro. Seus olhos estavam fechados. Sangue escorria dele.

— Não.

Eu gritei. Aaden gritou para que eu permanecesse ali, mas eu não dei ouvidos.

Corri na direção deles, mal sentindo as lágrimas mornas escorrerem pelo meu rosto pálido. Eu corri, corri muito rápido, em sua direção. Na direção dele. Da minha única família. E ele estava sendo levado para longe.

Meu coração estava disparado, medo e desgosto queriam que minhas pernas parassem de se mover. Eu senti as lágrimas se misturarem ao vento enquanto eu corria mais do que tinha capacidade.

Pelo menos me deixe ficar com o corpo, eu queria implorar.

Não me importei com as balas, não me importei que o mundo estivesse desmoronando ao meu redor e as pessoas estivessem morrendo. Estavam levando tudo o que eu tinha.

E eu não podia perdê-lo.

Não.

O tempo pareceu ficar mais lento e Hale cada vez mais longe.

Arthora | A Queda de Um ImpérioWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu