CAPÍTULO 2

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Pride girou Minerva pela última vez e Noble parou de tocar. Ela suspirou e se abanou, ele sorriu, estava aliviado, mas achava que conseguiu evitar transparecer.
"Sede?" Ele perguntou, ela sorriu. Eles se dirigiram ao aparador, ela tomou refrigerante, ele tomou suco. Pride discretamente cheirou o copo antes de beber, Violet o tinha dopado, ele tinha certeza disso, ainda que ela negasse e Joe corresse sempre que ele levantava o assunto.
Depois de se refrescarem, Pride a guiou para fora do refeitório, na mesa deles, apenas Honor e Celina estavam sentados, Honor olhava para todos os lados procurando alguém que o salvasse do falatório da humana.
"Devíamos salvar o seu irmão, ele parece desesperado." Ela disse.
"Ele tem medo de fêmeas, é bom passar o maior tempo possível com uma. Mesmo que seja uma que não pare de falar como a sua amiga."
Ela riu. Minerva era direta e havia algo nela, que ele gostava, Pride não sabia o quê, mas estava lá.
Eles andaram a esmo pela estrada até ficarem bem no meio do mato.
"Por que me trouxe aqui, Pride? Eu sei que não quer me beijar. Você parecer ter alergia de mim." Ela disse, um pouco decepcionada.
"O que houve entre você e Simple?" Ele notou os olhares entre os dois, se fosse fazer a proposta a ela, precisava ter certeza de que não bateria de frente com seu irmãozinho. Pride não conseguia vê-los como os machos adultos que eles tentavam tanto fingir ser, para ele, Simple ainda era aquela coisa gordinha e rosa que seu pai lhe entregou e disse para guardar o cheiro. Valiant estava muito nervoso aquela noite. Três bebês não era algo que esperavam, a doutora demorou a chegar, havia um trabalhador humano muito mal no hospital, então, sua mãe praticamente deu à luz aos três pestinhas sozinha. Quando eles foram saindo, seu pai, todo atrapalhado, enrolou Simple numa manta, deu para Pride guardar o cheiro e o nome: Simple. Candid foi parar nos braços de Honor e Honest, o último, foi para os braços de Noble. Curiosamente, Honest se identificava mais com Joe e Candid com Noble, mas Simple tinha aquele laço estranho com Pride.
"Nós transamos e foi bom, muito bom. Presumo que agora, voltamos e eu vá embora, uma vez que ele deve estar fazendo tudo o que fez comigo com Marcy, não é?" Ela disse, com os punhos fechados.
"Se não queria que ele compartilhasse sexo com Marcy não devia ter ido dançar comigo." Ela olhou para o céu.
"Eu fiquei confusa por você me convidar, pensei que você queria que eu me explicasse. Eu quero me explicar." Ela disse se aproximando, ele se encostou numa árvore, esperava que ela não pensasse que ele estava se afastando dela. Ele estava, mas não queria que ela tivesse certeza.
"Você tem de se explicar para Thorment, ele quase morreu, eu não. A revista não poderia me atingir, eu não saio da Reserva, nem meus filhotes. Aquela foi a primeira e última vez." Ele disse, ela sorriu.
"Eu precisava..."
"Já disse que não quero explicações. Eu quero te fazer uma proposta. Mas preciso saber se você sente algo especial pelo meu irmãozinho." Ele se aproximou. Ela cheirava bem, isso sempre o incomodou, era um cheiro diferente, havia algo diferente nela. Pride podia fechar os olhos e se concentrar apenas naquele cheiro. Se ela não falasse, se ele não abrisse os olhos, talvez...
"Irmãozinho? Ele não é tão menor que você." Ela disse, sua voz o fez se afastar.
"Ele tem doze anos, eu tenho quase vinte, isso faz dele meu irmãzinho." Ela deu um passo para trás, era a reação clássica das humanas quando descobriam que foram fodidas por um filhote de doze anos. Ainda que Simple pudesse ser considerado adulto por sua mente.
"Eu não sei o que dizer. Doze anos! Ele não fala, nem age como um garoto de doze anos. Ele inclusive..." Ela ergueu os olhos para ele.
"Fode como um homem adulto? Bom, ele faz isso desde os nove, pode-se dizer que tem mais experiência que eu." Ela fechou a cara.
"Sua proposta?" Ela era direta, isso era muito bom.
"Casamento. Humano, claro, afinal não sabemos o que vai dar. Eu preciso de uma fêmea para cuidar dos meus filhotes, minha mãe está exausta e é injusto com ela." Ela abriu a boca, mas ele continuou:
"Você ama a sua livraria, mas seu tio, morto a poucos meses atrás, lhe deixou falida, uma ordem de despejo já foi entregue. Eu posso pagar as suas dívidas em troca de um casamento. Não haverá sexo, pelo menos por enquanto. Não sou experiente como meu irmãozinho, mas sei dar prazer a uma fêmea. Acho que podemos fazer dar certo." Ele disse e depois disso, Pride se sentiu vazio. Era o fim. Se Minerva aceitasse, Livie poderia descansar.
"Por que eu?" Ela perguntou.
"Eu tenho um sexto sentido, uma acuidade mental, ou algo assim. Eu senti uma aura diferente em você, Minerva. Quando saímos, eu meio que fugi, mas você me atrai. Não sexualmente, mas eu me sinto bem perto de você. Sei que isso é muito pouco, mas é mais que ficar parado no tempo sonhando com a fêmea que eu perdi."
Minerva acenou. Pride se aproximou, a energia estranha estava lá, ele tocou no rosto dela, um choque o percorreu, não o choque bom de excitação mas não era propriamente ruim. Era algo, não importava o quê.
"Eu preciso pensar. Eu gostei dos seus filhos. Sheer é enérgico, não é? E Lily! Uma florzinha!" Ela sorriu, estava falando a verdade.
"Sheer é um capeta, não é 'enérgico'." Ele riu.
"Mas acertou quanto a Lily. Ela é um amor."
Minerva o olhou nos olhos, Pride viu bem onde seus olhos eram diferentes. Era para ela ter olhos verdes claros, mas seu olho direito era quase que todo tomado por raios azuis. Mas o verde, a base, continuava lá.
"Eu vou pensar com carinho." Ela disse.
"Não precisa ser com carinho. Pense com sua cabeça. Pese bem os prós e contras, inclusive o fato de que eu ainda sou vinculado a mãe dos meus filhotes, mesmo ela estando morta. Isso significa que nunca vou amar você."
Ela aguentou o tranco, o olhando de frente, sem fraquejar. Poucas mulheres ouviriam uma sentença tão definitiva e verdadeira e continuariam de pé. Minerva ficou.
Ele se aproximou mais e a beijou de leve na boca. Minerva tinha lábios grossos, macios e vermelhos. Pride gostou da sensação, não era excitação, era aquela curiosa sensação de segurança, de bem estar. Ele pegou em sua mão e voltaram ao refeitório. Quando entrou de mãos dadas com Minerva, seus olhos se encontraram com os de sua mãe, ela sorriu, aprovando. Violet não estava a vista, mas ele a procuraria antes de tomar seu remédio para dormir.
"Quantos dias eu tenho?" Ela perguntou.
"Quem decide isso não sou eu, mas sim sua ordem de despejo. Se decidir que nos casaremos amanhã, será feito. Não haverá festa, ou qualquer dessas coisas." Ela acenou, ele também e a guiou até a mesa. Honor tinha conseguido fugir. O cheiro dele não estava em nenhum lugar do refeitório, Romulus estava sentado na cadeira que Honor ocupava, Celina tinha recomeçado toda a sua história de vida. Pride se sentia incomodado sempre que Romulus estava por perto, ele parecia o olhar com os olhos de Livie, seja lá que porra seria isso.
Honest conversava com Joe, Candid estava abraçado a tal de Cláudia, ela parecia com sono. Simple e Marcy não tinham voltado. Pride olhou de esguelha para Minerva, ela não parecia ter gostado de ver que Simple e Marcy ainda estavam em algum quarto dali.
"No meio do mato, Pride? Isso sim é uma novidade. Então ainda tem pau?" Candid perguntou, Honest riu.
"Sim, quer ver? Só não me responsabilize se ficar depressivo, afinal o seu não cresce mais." Pride disse, Candid fechou a cara, quando Cláudia riu.
"Vamos, Cláudia, vamos, Celina? Estou cansada." Minerva disse. Claudia se levantou, Celina parou de falar sobre a vez que o pai dela cortou sua mesada e se levantou também.
"E Marcy?" Candid perguntou, seu olhar malicioso bem fixo nos olhos de Minerva
"Simple a leva. É o mínimo depois de usá-la." Minerva disse.
"Ele não está usando-a. Os dois estão nessa por que querem. Ela não foi obrigada a nada." Honest disse, implacável. Pride concordava, então não disse nada. Minerva viu a idiotice do que disse então, deu a mão a Celina e saíram. Candid as levaria, então também saiu.
"E então?" Joe perguntou.
"Eu fiz a proposta. Talvez a primeira não aceite, mas alguém irá."
"Sabe o que eu penso sobre isso." Joe disse e também saiu.
"Que proposta?" Honest perguntou. Pride deu de ombros, não era segredo mesmo.
"Eu pedi Minerva em casamento. Casamento humano, não acasalamento. Eu pagarei as dívidas dela e ainda a ajudarei a melhorar a livraria, ela cuidará dos meus filhotes e mais a frente, talvez até faremos sexo. Se ela quiser pode até engravidar. Mas isso é para mais para frente." Ele disse e encarou Honest.
"Puta que pariu! Tem certeza, Pride? Isso é muito fora da curva." Honest disse, Pride deu de ombros.
"Agora que eu falei com ela, eu me sinto no caminho. Não sei se é o caminho certo, mas é um caminho, Hon. É melhor que viver todos os dias como se eu estivesse morto." Pride apertou o ombro de seu irmãozinho. O engraçado é que se o chamasse assim, seria desafiado. Honest era cruel.
"Eu entendo. Qualquer coisa é melhor que a prisão em que você se meteu."
Pride acenou.
"Exatamente."

FILHOTES DE VALIANT - PRIDEDonde viven las historias. Descúbrelo ahora