CAPÍTULO 31

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Pride olhou para Sheer, Lily e Livie sentados no sofá assistindo tv e suspirou. As cinzas de Ann tinham chegado a casa de Bells a uma hora atrás, e ele ainda não tinha contado.
Ele não sabia como Livie iria reagir, Sheer e Lily com certeza ficariam tristes. Ele acordou aquela manhã com um telefonema de Violet avisando que seu pai, tio V. e Brass tiveram que arrombar a casa de Dusky e retirá-lo de cima do corpo morto de Ann. A Reserva parou. Não por amarem Ann, na verdade pouca gente gostava dela, mas por Dusky. Ele demorou muito tempo para perdoá-la e tentar conviver com ela. Pride se lembrou dela beijando Jewel e se sentando perto dele, ele a enlaçou, a segurou.
E havia outro problema: Jewel. Ninguém sabia como ela reagiria, mas ela foi a grande responsável por Dusky e Ann se aproximarem. Ela fez tudo. Ela não reagiria bem.
E havia a questão de Rebbeca e da própria Jewel, tão mal explicada quanto a morte de Ann. Pride não tinha um bom pressentimento quanto a isso.
Ele ligou para Minerva, ela não atendeu, como das outras vezes e ele sentiu um grande vazio dentro de si.
Violet estava de castigo por supostamente ter dois namorados que tentaram se matar na madrugada anterior, então não ia ligar para ela, ou ir na casa de seus pais, ele tinha de tomar coragem para contar. Pride olhou o celular, ele já tinha ligado para Simple, Simple tinha atendido mas não disse nada demais. Pride estava tão angustiado que chegou a ligar para Candid! Graças a Deus ele não atendeu. Se Pride ouvisse uma piada sua sede poderia aflorar.
Ele pegou o celular, foi para seu quarto e chamou. No segundo toque, seu irmão atendeu:
"Alô." Sempre formal. Ele era informal às vezes com Daisy, ela e ele viviam às turras. E com Violet, é claro.
"Já está sabendo?" Pride perguntou.
"Sim, você já contou?" Pride balançou a cabeça no momento em que disse:
"Não."
"Por que não?" Ele perguntou.
"Por que eu não sei como Sheer e Lily vão reagir. E nem... Você sabe."
"Sheer e Lily devem aprender que ninguém é eterno, eu sinto muito por terem de aprender isso através da morte da avó deles, mas a vida é isso. E Livie... Ela e a mãe romperam, mas ela a ama, Livie ama todos a sua volta. Sem falar que depois de toda essa confusão, Livie não deveria deixar de perdoar Ann. Livie não é hipócrita."
"Você a conhece melhor que eu." Pride disse e um sentimento de revolta aflorou.
"Mas ela é sua, não é? Está aí com você, não aqui comigo, então, conhecê-la não adianta muito." Ele disse.
"Por que não contou, Honor?" Pride perguntou.
"Pela mesma razão que você não contou para eles ainda. Você iria descobrir, ela voltaria. Quando eu soube já era um fato consumado. E eu não fazia idéia das drogas. Eu achava que era puro medo." Ele disse.
"Mas e Lily? E Sheer?" Pride não entendia como ele podia ter feito isso com os sobrinhos.
"Lily estava em contato com ela, não da forma ideal, mas não por culpa minha, Sheer é independente, ele sempre teve muito amor de..."
"Mas não era suficiente! Eu odeio você, você estragou tudo, Honor!' Pride chorou.
"Me desculpa. Eu assumo a minha culpa e é por isso que estou aqui. Não vou voltar. Eu oro a Deus por você e ela, eu torço por vocês. Eu quero que vocês sejam felizes, eu quero, eu preciso que sejam. Por que não consigo imaginar um mundo onde eu seja culpado pela sua infelicidade, irmão. E eu sou. Não é fácil pra mim também." Ele disse.
Pride suspirou.
"Ela está mal. Tem dias que ela quase não se levanta da cama. Eu estou cansado, estressado. Quando está bem, ela está sempre se insinuando e uma vez a gente quase..." Pride se lembrou dela nua entrando no quarto dele, depois que Sheer e Lily dormiram, mas Pride ficou com medo de engravidá-la, e recusou. Com muita dificuldade.
"Talvez seja o que precisam." Honor disse, mas sua voz o traía.
"Eu não sei. Ela estava no cio. Já pensou se ela engravida? E eu n sei se teria cabeça para colocar uma camisinha, não acho que daria tempo. Eu fico alucinado com ela as vezes."
Honor ouviu em silêncio.
"Ela não pode tomar alguma coisa?" Ele ainda perguntou. Pride rosnou. Só por tocar no assunto, ele a queria.
"Ela toma muita coisa, vários remédios do tratamento. Honest deu uma olhada e disse que precisava de exames para entender como o corpo dela estava lidando com aquela medicação, mas ela se recusou."
"Quem passou os medicamentos para ela?" Honor perguntou.
"Na Inglaterra, não sabemos. Aqui foi Michael." Honor bufou.
"Você confia em Michael?" Ele estava certo em perguntar. Pride não confiava.
"Ela parece controlada."
"E Jewel? Como ela está lidando com tudo isso?" Honor mudou de assunto. Não havia nada mesmo a dizer a mais do que eles disseram.
"Eu não sei. Acho que ainda não contaram." Pride tinha muita coisa na cabeça para se preocupar também com Jewel. Ele sentia muito por ela, ela ia ficar muito triste, mas...
"Talvez fosse melhor Sheer e Lily ficarem na casa de nossos pais."
"Por que?" Pride sentiu um arrepio de alerta
"Por que aqui em Homeland chegou uma conversa de que Rebbeca e Jewel tiveram suas mentes atingidas." Ele começou.
"Quem disse isso?" Pride ficou intrigado.
"Isso importa? O coração de Rebbeca quase explodiu, mas ela convulsionou como se estivesse tendo um ataque epilético. Isso acontece na mente, Pride. E Jewel? Me corrija se eu estiver errado: ela apenas dormiu e não acordou?" Pride concordou:
"Sim."
"E quem foi que plantou sonhos na sua mente durante cinco anos?" Pride balançou a cabeça.
"Livie não teve nada a ver com isso!" Era um absurdo Honor sequer pensar uma coisa dessas.
"Mande Sheer e Lily para a nossa casa só por precaução e fique de olho em Livie. Você se lembra de Honest contando de Jewel gritando?" Honor perguntou e Pride se lembrou de Honest chegando em casa tentando esconder seu ouvido sujo de sangue. Daisy viu e ele contou. Jewel tinha gritado e os ouvidos dele tinham quase cozinhado.
"É talvez..." Era muita paranóia imaginar que Jewel gritaria e eles se machucariam.
"Talvez, não, Pride. Mande-os agora." Honor comandou.
"Ei! Eles são..."
"São, são seus filhotes. E se se machucarem por ignorância sua eu vou lembrá-lo pra sempre." Pride resolveu que mal não faria.
"Certo."
"E Minerva?" Honor perguntou.
"Ela está aí." Pride sentiu saudade, tanta que era melhor não falar nela.
"Não, ela não está aqui." Honor teimou.
"Você sai do quarto?"
"É claro que saio. E é por isso que te digo com toda certeza de que Minerva não está aqui." Pride suspirou, mais essa!
"Pride, depois nos falamos, mande meus sobrinhos para a casa da mamãe e diga que não deixem eles saírem de lá."
"Mas Jewel..." Ele começou.
"Quem está falando de Jewel? Estou falando de Dusky!" Pride engoliu em seco.
"Adeus." Ele desligou e foi a sala.
"Sheer, leve sua irmã para a casa de sua avó. Agora." Ele disse, Sheer se levantou e se abaixou para Lily subir nas costas dele. A diferença de tamanho entre eles era muito grande.
"Papai?" Lily subiu nas costas de Sheer e o olhou.
"Vá, meu amor, daqui a pouco nós também vamos." Pride disse. Sheer acenou e saiu. Pride ainda ficou observando seus filhotes, Sheer era tão responsável! Tão prestativo!
"O que aconteceu?" Livie perguntou.
"Você pode ter que ser protegida, pois algumas pessoas estão falando que você pode ter..." Ele não sabia o que dizer, que droga!
"É por que minha mãe morreu? Eu senti que ela se foi e não foi hoje, foi ontem. Eu só não quis dizer nada, me deu uma tristeza tão grande! Eu não sei, mas é como se..."
"Olha, está tudo bem. Vamos ficar bem, eu vou ligar para o seu pai."
Ela se sentou, desamparada, triste e desolada, Pride ligou, mas o tio V. não atendeu.
"Livie. Ela estava doente." Estava? Pride não sabia, ela parecia igual no dia em que ele e Violet foram na casa do tio Dusky.
"Eu não fui vê-la. Eu fui covarde, eu não lutei e agora..." Pride se ajoelhou e tocou no rosto dela.
"Lutar? Do que está faltando?" Pride perguntou mas não a ouviu. Um barulho muito agudo atingiu os ouvidos dele e Pride fechou os olhos, tentou cobrir os ouvidos, mas o barulho agudo doído estava dentro da cabeça dele, o sangue já escorria por entre seus dedos.
Pride se virou a ponto de ver os vidros das janelas se quebrarem e uma sombra pequena passar por entre as armações dos vidros. Ela tomou fôlego e gritou, Pride se encolheu tentando proteger Livie, mas a dor era lancinante ele sentia que sua cabeça ia explodir, a sede veio, seus olhos ficaram vermelhos, ele se ergueu, e viu que era Jewel. Gritando, o som dos infernos saia da boquinha dela, ela gritava com tudo o que tinha, ele sentiu o desejo de despedaçá-la e ele estava louco a ponto de fazer isso. Livie jazia no chão, tapando os ouvidos, mas fios de sangue escapavam por entre seus dedos.
Jewel foi perdendo o fôlego, Pride via tudo vermelho, mas antes que ela se calasse e ele saltasse sobre ela, Hush apareceu a abraçou e fechou a boca dela. Pride saltou sobre ele, era a sede, não poderia se conter, Hush se transformou numa bola protegendo Jewel até que Pride, depois de arranhá-lo, lhe arrancando um pedaço da pele das costas, conseguiu parar e caiu sobre Hush.
Pride rolou de cima dele e ainda ouviu Jewel dizer por entre os braços de Hush.
"Não importa, eu mato ela depois. Eu vou vingar a minha Dinda!" Pride rosnou,no chão sem forças, surdo e quebrado. Livie estava desmaiada, Hush todo machucado.
Ele só fechou os olhos e rezou para morrer.

FILHOTES DE VALIANT - PRIDEOnde histórias criam vida. Descubra agora