CAPÍTULO 37

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Pride acordou, tonto, com um gosto horrível na boca e foi ao banheiro. Uma gota de sangue cortava sua bochecha, mas no todo a experiência não foi ruim. E lhe deu uma idéia de algumas coisas que ele não percebeu antes. Sua sugestão funcionava em Livie até certo ponto. Era uma ressalva, talvez ele poderia pará-la, ou impedí-la. Ele tinha de estar cada vez mais perto e mais consciente dela.
Ele tirou a roupa, entrou no banheiro e tomou um banho. Quando ia saindo secando o cabelo, Livie entrou no quarto e estacou. Ele a olhou, ela saiu do quarto balbuciando um pedido de desculpas. Ele sorriu. Ela era tímida.
Ele se vestiu, inclusive vestiu uma cueca box, não sabia por que, mas quis dar a ela a atenção de que respeitava a timidez dela. Ela não saberia que ele estava de cueca, mas...
Pride saiu, eles tinham comido, Sheer estava ajudando Lily com alguma lição, ela estava arrumando a casa.
"Eu entrei para pegar roupa para lavar. Me desculpa." Ele sorriu, ela sorriu também. Será que ela se lembrava que compartilharam sexo? Ele achou melhor não tocar no assunto.
Ele voltou ao quarto, foi ao banheiro, olhou nos cantos, seu quarto era meio bagunçado, pegou as roupas e voltou a sala. Livie estava na área de serviço.
Um monte de espuma de sabão saía de dentro da máquina, ele riu e a desligou. Ela sorriu sem jeito.
"Eu acho que eu nunca lavei roupa. Na casa da minha avó há funcionários até pra vestir a gente se precisar." Ele sorriu.
"Há uma medida para o sabão, olha aqui." Ele indicou e o coração dele doeu.
"É a letra de Lily!" Ela sorriu. Era. Mas foi Minerva que deu a idéia, e foram as duas que fizeram a tabela.
"Tênis do papai, jogar fora." Ela riu.
"Eu não tenho tanto chulé assim. Na verdade, eu não tenho chulé." Ele se defendeu. Livie parou de sorrir.
"Minerva ficou muito pouco tempo aqui, mas deixou uma marca. Eu espero que ela esteja bem." Ela disse e segurou uma mão dele.
"Ela disse que iria para Homeland. Mas honor..." Ele disse o nome do irmão, os olhos dela mudaram. Ele continuou, afinal, isso tinha de dar certo.
"Honor disse que ela não está lá." Pride estava preocupado. Havia o tal cara misterioso, o cara que queria algo dela, onde ela foi parar?
"Ele vai para a Europa na semana que vem." Ela disse, Pride a abraçou. Eles ficaram um tempo assim, mas já era hora de parar com isso.
"Vamos comer. Pizza!" Era melhor, muito melhor. Ele ia ligar e pedir, mas resolveu que precisavam sair, precisavam se divertir um pouco. Ele teria aquela Livie com ele o máximo que pudesse.
Eles foram para o refeitório e sim, se divertiram. A pizza estava boa, Thorment, Marlena, Claire e Enrico também foram, eles juntaram as mesas e passaram um bom momento. Lily como sempre dormiu cedo, Livie ficou com ela no colo, Pride viu que ela, de tempos em tempos, fechava os olhos e sorria, Livie estaria vendo os sonhos de Lily?
Na volta, ele tocou no assunto:
"Você as vezes fechava os olhos e sorria, parecendo um pouco alheia a conversa." Sheer se sentou mais ereto, prestando atenção. Ele estava alerta. Pride não sabia se era bom ou ruim, seu filhote tão novo ter essa responsabilidade de ajudar a cuidar da mãe e da irmã.
"Eu não resisti, eu via os sonhos dela. Ela estava num campo com..." Ela parou de falar.
"Ela gostava muito de Adam e Noah?" Livie perguntou.
"Sim. Noah tinha uma pequena predileção por Harmony, mas Adam era apaixonado por Lily." Ela acenou.
"Ela corria com eles, eles eram dois lobos enormes." Livie disse, acariciando o rostinho de Lily.
"Eles eram bons no fim das contas, mas Noah demorou mais para ser aceito por todos."
Ela acenou.
"A visão dele é forte. Não deve ser fácil viver a vida dele." Ela disse, Pride concordava.
Eles entraram em casa, Pride colocou Lily na cama, Sheer também se deitou. Livie veio e beijou os dois.
Na sala, ela se despediu, ia dormir. Pride sentiu um vazio. Poderia ser ela a acordar ou ser a outra. Isso era tão injusto! Ele foi ao corredor e a sentiu no quarto de Minerva. Ele abriu a porta e ficou observando ela tocar o papel de parede.
"Quer ficar com esse quarto? Você não decorou o outro." Pride perguntou. Uma dor cortou seu coração por oferecer o quarto de Minerva a Livie, pois o cheiro dela estava ali. Ele não tinha nem trocado os lençóis. Pride dormiu um dia ali, envolvido pelo cheiro dela, mas não foi suficiente.
"Não, não é o quarto. E só que..." Uma lágrima escorreu pelo rosto dela.
"O que foi?" Pride se aproximou e tocou no rosto dela. Ela baixou os olhos. Pride ergueu o queixo dela com a mão.
"Livie. Se quiser, tiramos tudo daqui. Jogamos tudo fora, até o papel de parede." Ele faria. Livie precisava dele, Minerva tinha ido embora.
Ela virou para ele, os lindos olhos verdes claros rasos de lágrimas.
"Sabe qual é essa cor? Rosa-chá. A minha preferida." E Pride rosnou. Honor. Ele era um desgraçado. Ele continuava ali, ele a tocava como Pride não conseguia tocar. E ele era um maldito covarde. Covarde por abandonar Livie, logo quando ela mais precisava dele.
"Quer que quebremos tudo aqui? Uma vez Violet disse que tinha vontade de por fogo nas coisas que a incomodavam à luz do luar e de dançar nua para a lua enquanto tudo queimava."
Livie riu. Pride arranhou uma parte do papel de parede, estava bem colado, mas saiu uma grande parte.
Livie olhou com dó, mas puxou uma pontinha o papel quase não saiu.
"Força! Arranca tudo." Pride a incentivou. Ela puxou com mais força.
Eles arrancaram uma boa parte, mas ainda havia muito.
"Eu estou com sono." Ela esfregou os olhos, exatamente como Lily fazia as vezes.
"Amanhã a gente termina." Ele disse.
"Eu não vou dançar nua, nem fazer uma fogueira." Ela disse.
"Sem fogueira." Ele sorriu. Livie abriu a porta de seu quarto, Pride fechou. Ela o olhou, não havia desejo nos olhos dela.
"Durma comigo. Só durma." Ele pediu, ela acenou.
Eles entraram, ele foi ao chuveiro, rápido, afinal fizeram um grande esforço para tirar a porra do papel de parede. Ele saiu enrolado numa toalha, ela já estava deitada na cama. Ele vestiu uma calça de moletom para dar mais segurança a ela e se deitou.
Ela se afastou um pouco, colocou as mãos debaixo da cabeça e olhou para ele.
"Foi bom? Hoje, mais cedo?" Ela estava falando do sexo.
Foi? Pride não sabia dizer. Foi alucinante, quente e o clímax foi explosivo, mas só.
"Sim." Ele disse, sem mais.
Ela acenou.
"Eu fui falar com Florest, eu queria a mãe dele, mas ela não estava. Ele me deu uma pílula do dia seguinte e orientações para a próxima vez. Está tudo na gaveta do meu quarto, mas você pode pegar metade das coisas e trazer pra cá." Ela disse.
Pride acenou. Era estranho falarem de sexo, quando estavam os dois ali e tudo o que ele sentia por ela era carinho. Havia desejo, mas de uma forma estranha. Como se estivesse adormecido.
"Eu não posso engravidar, Pride. Não tem problema ela saber disso, então estou dizendo. Eu não quero." Ela disse.
"Eu também não." Ela sorriu.
"Eu sinto muito por tudo o que te causei, sinto mesmo. Mas eu estou voltando no tempo, estou refazendo meus passos e estou vendo que eu não sou tão culpada quanto eu pensava, isso ajuda, me dá forças. Era pra eu ter ido na casa de Bells hoje. Vamos amanhã?" Ele acenou.
Livie fechou os olhos e dormiu. Pride ainda não conseguiu, ele saiu do quarto pelas portas de vidro e foi para a sua oficina. Uma corrente perfeita estava sobre a mesa, sinal de que Stylet conseguiu fazer pelo menos aquilo. Pride sorriu. Perseverança era tudo.
Simple passou pelo quarto dele e saiu na oficina também. Pride abriu a boca para xingá-lo pela ousadia, mas ele estava sério demais.
"Fez sexo com ela?" Ele perguntou.
Pride deu de ombros.
"Ela precisa de mim, eu e ela somos adultos, temos filhotes. O que você queria?"
"Vamos embora amanhã. Eu vou aparecer mais por aqui, mas eu quero que você tenha cuidado. Tenha cuidado com ela, a vigie. Como dizia o vovô, encape esse pirulito, não seja idiota de arrumar mais problemas. Eu já estou com muita coisa na cabeça e com o chorão do James no meu pé. Não me faça ter de vir aqui chutar seu traseiro." Ele ainda falava quando Pride o abraçou apertado. Simple era seu irmãzinho, o pior e o melhor dos irmãozinhos.
"Vou sentir sua falta." Pride disse.
"Você nos perdoou? Mesmo?" Ele perguntou e Pride sentiu que era isso o que ele tinha vindo perguntar.
"Sim, seu peste. Eu perdoei vocês. Só não façam de novo."
"Isso é meio difícil de prometer, Pride, somos quem somos." Pride acenou. Eles mais ajudavam que prejudicavam, era verdade.
"E Minerva? Honor disse que ela não está em Homeland. E você sabe onde ela está." Ele assentiu.
"Mas você concorda comigo de que é melhor que você não saiba, não é?" Pride assentiu. Era.
"Sente falta dela?" Simple perguntou.
"Sim, eu sinto. Eu sinto tanta falta!" Pride não sabia como lidar com aquilo de amar Livie e sentir falta de Minerva.
"Tenha paciência. Estamos trabalhando para acertar as coisas. Eu tenho uma idéia, algo que está começando a fazer sentido, mas preciso de sua sinceridade." Pride se esticou.
"Quando fez sexo com Livie hoje. Como ela estava?" Pride franziu a testa.
"Disposta. Não foi uma coisa muito carinhosa, foi quente e quase impessoal. Para ela, eu quero dizer, não para mim, claro. Embora..."
Simple assentiu.
"Faça todos os dias. Todos os dias, Pride, é importante. Não importa como ela esteja, desde que seja de dia. Ela vai amar você e tudo vai ficar bem." Pride estranhou o jeito que ele disse. Na primeira parte, sobre compartilhar sexo com Livie todos os dias, ele estava sério, quase como se estivesse o sugestionando. Depois, a parte de Livie amá-lo e que ia ficar tudo bem, Simple sorriu malandro, era mentira, ele não acreditava naquilo, foi estranho.
"Ela vai... As regras dela estão chegando." Ele disse. Simple sorriu.
"Dê o seu melhor." Ele apertou o ombro de Pride e saiu.
Pride não iria compartilhar sexo com ela menstruada, não ia mesmo!
Ele sorriu e se deitou.
Livie dormia a sono solto e ele fez uma prece para que a Livie que acordasse fosse aquela mesma. Mas se lembrou do conselho de Joy, que era para ele esquecer isso de 'duas Livies'.
Talvez, parar de pensar nisso, ou de ficar reparando em cada gesto e palavra dela ajudasse.
Ele lidaria com o que tivesse de lidar.

FILHOTES DE VALIANT - PRIDEWhere stories live. Discover now