CAPÍTULO 11

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Pride respirou fundo antes de abrir as porta da casa de seus pais e entrar. Violet ter voltado tão cedo indicava que algo muito sério estava acontecendo e tinha a ver com ele, ele tinha certeza disso.
Na sala, Violet estava abraçada a sua mãe num sofá, coisa estranha, já que sua mãe deveria estar passando uma descompostura nela, não a abraçando. Simple e Honest estavam sentados juntos, muito perto e isso acendeu uma luzinha de alerta na mente de Pride. Candid se sentou no braço do sofá onde eles estavam formando uma frente unida, exatamente como eram antes. Pride sempre admirou a união deles e estavam unidos agora, os semblantes sérios e contritos, os rostos idênticos.
Noble estava de pé, perto de seu pai, outro sinal de alerta. Seu pai era inquieto, estava parado, outra coisa estranha. James e Joe se sentavam em outro sofá. Pride pensou que só faltava Daisy ali, sentada ao lado de Violet para que os microuniversos dentro da família dele estivessem completos: os trigêmeos, os gêmeos, as gêmeas, Noble e seu pai, Honor e sua mãe. Ele sempre foi o único desconectado da família.
Violet estava com algo branco no braço, Pride se aproximou, se ajoelhou em frente a ela e tocou. Era uma contenção feita de algo duro. Gesso?
"O que é isso?" Ele tocou, parecia gesso.
"Pergunte a Honest." Ela olhou para Hon ele sorriu e deu de ombros.
"É só por uns dias, Vi. Do que adianta fazer medicina se eu não puder tratar minha família do jeito certo?" Ele disse.
"Seu braço cicatrizou com o osso torto. Tem de usar isso até o osso consertar. Humanos ficam semanas com isso, você vai ficar só por uns dias." Ele explicou.
"O que aconteceu?" Ele perguntou.
"O que aconteceu? O que não aconteceu, Pride. Violet não foi para o Alasca. Isso não aconteceu." Sua mãe respondeu por Violet, ela baixou a cabeça. Pride ergueu o rosto adorado da sua irmãzinha, sua confidente, sua melhor amiga. Que tinha escondido algo muito sério dele, ele sentia isso.
"Eu fui para a Inglaterra por que eu descobri uma coisa terrível e eu tinha de investigar."
"E quebrou o braço investigando?" Ele perguntou, ela baixou os olhos, Pride ainda segurava o queixo dela.
"Na verdade ela fez o que alguns de vocês nunca vai fazer, que é lutar contra um macho humano aprimorado, que pesava o dobro do peso dela." Seu pai disse, os olhos em Honor que estava na porta da sala que levava a sala de jantar, o mais longe de todos na sala. E isso o impactou. Honor olhou para o chão. Honor era simples, calado, tímido e sensível. Se ele estava afastado era por que não queria estar ali, o que deixava a história ainda pior. Pride se levantou e o encarou. Honor o encarou, seus olhos diziam 'sinto muito' e uma lágrima rolou do canto dos olhos estranhos dele. Os olhos dele eram claros, diferentes dos olhos dos outros, assim como os de Pride eram azuis, também diferentes dos dos outros. Assim como os olhos deles, Honor e ele eram muito diferentes dos irmãos. Pride acenou. Honor virou as costas e saiu.
"Então?" Ele disse e se sentou numa cadeira.
"Eu fui para Inglaterra por que um dia, eu entrei no quarto de Honor para levar Lily para a sala de treinamento, você me pediu para levá-la." Violet começou. Pride suspirou, ela começaria do início, por que sabia da ansiedade que o tomava nessa hora. Isso era uma forma de lhe dar tempo para controlar a chama de inquietação que ardia dentro dele. Pride esperou.
"Eles falavam sobre poesia e eu fiquei ouvindo, Lily disse que achava que Homero começou quase que simplesmente narrando uma viagem marítima, mas depois ele foi picado pelo inseto do extraordinário. E daí tudo ficou tão incrível, tão impossívelmente admirável, que ainda que saibamos que sereias não existem, muitos de nós olhamos para o mar e esperamos ver uma calda de uma delas voltando para as profundezas." Ela disse e o encarou.
Pride piscou. Lily não podia ter dito algo assim. Lily gostava de ler, mas ela nunca leu nada dos clássicos, ela, em sua pouca idade não teria paciência. Ela era a maior fã dos livros de John e Flora, ela lia uma página e ficava vários minutos admirando as ilustrações. Um livro como A Odisséia, não seria atrativo para ela, mesmo se fosse ilustrado.
"Eu a chamei, levei para a sala de treinamento, voltei e apertei Honor contra a parede." Violet continuou.
"O que deve ter sido extraordinariamente fácil." Candid disse, Honest e Simple sorriram, seu pai suspirou.
"Como Lily podia ter um conhecimento desses?" Noble perguntou. Ele continuava no mesmo lugar, com seus braços cruzados.
"Não é dela. É de outra pessoa. Outra pessoa que tem a capacidade de ver pelos olhos dela, de falar usando a boquinha dela." Violet disse, Pride se levantou.
"Quem?" E se isso fizesse mal a sua filhotinha? Pride sentiu sua visão ficar vermelha. Qualquer ameaça a seus filhotes reduzia o controle dele a cinzas.
"Calma, filhote, por favor." Seu pai disse e isso o confundiu. Seu pai estava triste, preocupado e ansioso. Todos estavam ansiosos e estressados, não precisava ter uma afinidade com os sentimentos alheios para perceber isso. Simple e Honest, é claro, estavam mais compostos.
"Escute, eu preciso que você me entenda." Violet disse. Sua mãe acenou concordando com a cabeça.
"Eu, então comecei a prestar mais atenção nela e cheguei a conclusão de que graças a Deus, ter sua cabecinha invadida as vezes não fazia mal a ela, na verdade, Lily tinha um certo controle disso. Uma vez, eu a escutei chamar você, Pride, de Pride, não de papai, ela porém, piscou com força e voltou a falar como ela mesma. Eu então, comecei a dar informações contraditórias a ela, mas não surtiu efeito, Lily não ligava para muitas coisas que não fossem relacionadas a ela, Sheer e você." Pride se sentou de novo.
"Então, eu te dopei e te levei para a casa de Lash, depois de dopar Lily também." Pride rosnou.
"Eu precisava saber, Pride. Lily continuou bem. Então, eu tive que ir para Inglaterra." Ela omitiu alguma informação, ele sabia.
"Fazer o que na Inglaterra? Essa foi a primeira pergunta." Ele disse, estava impaciente.
"Você se lembra de ter acordado na casa de Lash e de Romulus aparecer por lá?" É claro que Pride se lembrava. Se foi estranho acordar naquela sala, naquela casa, mais estranho ainda foi ver Rom entrar na sala, todo suado e vermelho como se estivesse correndo do próprio capeta. Ele que odiava correr.
"Sim. Aquela foi a resposta que eu precisava, daí eu tive certeza." Ela disse.
"Certeza de quê?" Ele perguntou e pelo canto do olho viu seu pai e Noble se aproximando, um de cada lado dele. Que merda estaria acontecendo?
"De que Livie está viva."

FILHOTES DE VALIANT - PRIDEWhere stories live. Discover now