CAPÍTULO 21

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Pride estava em sua oficina quando Lily apareceu, toda arrumada, com o cabelo cheio de fitas.
"Estou bonita, papai?" Ela se aproximou, ele a suspendeu nos braços e a cheirou. Minerva também estava ali, arrumada como uma executiva dos filmes. Saia e blazer escuros, uma blusa branca e sapatos de salto.
"Vão sair?" Ele perguntou, mostrando em seus olhos que Minerva deveria ter falado com ele antes.
"Vamos ao banco, depois tomar sorvete e depois vamos a livraria." Lily disse muito animada. Pride encarou Minerva, ela só ergueu suas sobrancelhas.
"Só as duas?" Lily era uma criança Nova Espécie, algo que a impedia de sair como uma criança normal.
"Peter vai conosco. Charlie quer que ele encomende cortinas para o quarto de Alícia e estaremos aproveitando a companhia dele." Ele pensou em alguma coisa para protestar, mas Peter era tão forte quanto o tio V., muitos até diziam que ele era mais letal.
"Tio Pete disse que vai me deixar ajudar ele a escolher os tecidos." Lily deu uns pulinhos.
"Bom passeio, então." Não havia muito o que dizer. Elas saíram, Pride as acompanhou até a porta da sala e ficou olhando elas subirem no jipe e acenou para Peter. Um cheiro familiar chegou aos seu nariz e ele suspirou.
O cheiro de Livie mexia com ele, o fazia querer rugir, mas também querer sorrir e isso não era o pior: o excitava.
Ele aguardou, ela terminou de subir e parou a frente dele. Pride a examinou. Todo aquele tempo e tudo o que ele queria era tê-la ali a sua frente. Mas aí uma visão dela beijando Lily e roçando seu corpo no de Honor, lhe passou pela mente e Pride sentiu o costumeiro calor dentro de seu peito, a raiva tentando subir, tomar conta dele. Ele inspirou fundo.
"Oi. Eu pedi para Peter convidar Lily e Minerva para irem a cidade com ele." Subterfúgios. Ela sempre agiu assim? Ele não sabia, eles nem se conheceram direito.
"Não precisava, era só vir que conversaríamos." Ele disse, seco, vazio. Pride estava ainda sofrendo os efeitos de ter se rendido a sede no dia anterior. Ele pareceria uma casca vazia ainda por um ou mais dias.
"Não vai me convidar para entrar?" Livie perguntou, ele se afastou o suficiente para ela passar, ela passou. Ele inspirou o cheiro dela se enchendo dele. Não sabia o por quê de fazer isso, mas fez.
Ela se sentou no sofá, olhando em volta. O arroubo violento de Pride tinha sido arrumado, a sala estava impecável. O buraco que ele faz na parede foi tapado por um quadro, idéia de minerva. Pride tinha dito que mandaria arrumar, ela sorriu, colocou o quadro e disse que homens deixavam tudo para depois. Pride sorriu ao pensar que por ela ter colocado o quadro a frente do buraco, ele não teria mesmo pressa para consertar.
"Pride? É um quadro bonito." Livie disse, ele tirou os olhos do quadro.
"Foi John que pintou." Era um quadro e Lily e Sheer, Tio V. e seu pai. O nome do quadro, dado por Candid, claro, era 'batalha de avôs'. Muito apropriado.
"Eles são felizes?" Ela perguntou, se levantando e tocando no rosto de Sheer no quadro. John como o artista bom que era conseguiu captar o ar travesso do sorriso de seu filhote.
"Eu me esforço para isso." Ele sempre pensou que seus filhotes eram até muito felizes se considerando que eram órfãos ver mãe. Órfãos de mãe viva! A raiva voltou a lhe arranhar por dentro de seu peito.
"Sheer está na fábrica?" Ela perguntou, Pride acenou. Tudo era tão estranho! Livie ali, viva, linda e cheirosa e ele não conseguia imaginar um assunto que pudesse conversar com ela.
"E Minerva? Vocês estão juntos, vocês dormem juntos?" Ela perguntou e ele viu nos olhos dela que essa pergunta era importante para ela.
"Minerva é minha companheira. Quer dizer, é minha..." Ele tinha esquecido o termo humano certo.
"Esposa? Tem diferença, não tem? Entre esposa e companheira?" Ela perguntou, Pride entendeu onde ela queria chegar.
"Eu e Minerva temos um acordo. Casamos no mundo humano, mas eu vou cumprir minha palavra e não vamos nos separar." Ele queria deixar isso bem claro.
"Mas e tudo o que vivemos todo esse tempo?" Ela perguntou. Pride olhou bem nos olhos dela, ela pareceu sincera.
"Não vivemos nada, Livie. Você foi embora. Tudo o que sonhamos juntos não foi real." Ele disse com dor no coração. Os sonhos com Livie foram o combustível para mantê-lo vivo. Pride sentia que podia acontecer qualquer coisa de ruim, de mal, qualquer sofrimento durante o dia, mas sonhar com ela a noite o fazia seguir em frente.
"É mesmo?" E a mente dele foi tomada por uma imagem muito real dos dois, ele e Livie compartilhando sexo de forma louca, quente e excitante. Pride a segurava contra a parede, Livie o beijava. Ele piscou, a cena não mudava, Livie gemia, Pride rosnava, ele arremetia contra ela, a pressionando contra a parede, ela lhe tomava a boca num beijo esfomeado.
Pride sentiu seu pau endurecer, e deu um passo até ela, Livie sorriu. Ele, porém, balançou a cabeça e deu outro passo para trás.
"Faz diferença ser real ou não, Pride? Nossos sentimentos continuam. Você ainda está vinculado a mim. Papai disse." Ela se aproximou e tocou no rosto dele.
"O que você veio fazer aqui, Livie?" Ela continuou tocando, desceu a mão pelo peito dele, até chegar na barriga dele e parar logo acima da ereção que ele já ostentava.
"Eu quero ser mãe dos meus filhos, Pride."
"Você continua sendo mãe deles." Ela se aproximou mais, ficou a frente dele e sua outra mão tocou uma das pernas dele.
"Sou? Por que Lily chama Minerva de mamãe também. E Sheer..." Ela ficou triste. Pride pegou as mãos dela, mãos pequenas e macias e se afastou.
"Não mexa com a minha cabeça." Ele disse ela assentiu. Pride rosnou de frustração, estava excitado, mas não gostou da demonstração de poder dela. A mente dele estava a mercê dela e ele não gostou disso.
"Você tem todo o tempo do mundo para conquistar o amor deles. Minerva nunca ficaria entre eles e você." Pride disse.
"Mas e entre você e eu?" Ela se aproximou de novo, e dessa vez só parou quando estava bem perto, tão perto que o pau de Pride encostou na barriga dela.
"Livie..." Ele disse, ela o bombardeou com uma imagem mental deles se beijando, era tão real, que ele se viu se deliciando do sabor dos lábios dela e fechou os olhos. Os cabelos negros ondulados e macios, o cheiro dela, as mãos dela o tocando abrindo caminho até chegar no pau dentro das calças, o retirando para fora e o manipulando.
"Papai?" A voz de Sheer o despertou da loucura, ele abriu os olhos e viu que tudo estava acontecendo ali, não na cabeça dele. Ele se afastou de Livie e guardou seu pau dentro da calça.
"Oi, Sheer!" Ela disse e sorriu. Sheer a olhou, parecia confuso.
"Onde está Minerva? E Lily?" Ele perguntou. Sheer ficou desconfortável com o que viu, afinal, Minerva morava ali, ela era esposa dele e talvez Sheer pensasse que Pride estava traindo Minerva.
Pride segurou um rosnado de frustração, tudo estava tão complicado!
"Elas saíram com seu tio Peter." Ele respondeu, Sheer entrou pelo corredor.
"Eu só vim buscar uns jogos. Enrico me convidou para dormir lá, tudo bem? Eu já falei com Minerva, por ela tudo bem." Ele firmou os olhos em Pride deixando claro que estava perguntando para Pride e excluindo Livie. Isso o preocupou, pois era mais uma coisa complicada de se lidar. Livie o olhava triste.
"Tudo bem, amanhã vamos almoçar na sua avó, não se esqueça." Pride o lembrou.
"Eu sei, Minerva já disse. Tchau, papai, tchau, mãe." Ele saiu. Pride olhou para Livie e ela estava observando Sheer descer a encosta.
"Acha que algum dia ele vai me ver como mãe dele?" Ela perguntou se aproximando novamente dele.
"Ele te vê como mãe dele. Vocês só precisam conversar." Ela o tocou no braço, Pride se afastou. Ele não gostou dela bagunçar os sentidos dele.
"Se Minerva deixar, você quer dizer." Ela disse e se aproximou mais. Pride a desejava, era um fato, mas toda a situação estava a beira do bizarro. Livie procurou os olhos dele, ele virou a cabeça.
"Livie, não dá pra conversar assim. E Minerva queria ir embora, eu que não deixei."
"Então, a mande embora. Mande ela embora e vamos formar uma família. A família que deveríamos ter desde o início!" Ela disse, os olhos verdes claros suplicantes. Pride tocou no rosto dela e enxugou uma lágrima que rolou. Mas ele devia ser forte. Tudo não se resolveria de forma fácil assim. O problema maior não era Minerva.
"Nós não firmamos essa família que você diz por sua causa. Você fugiu." Ele disse e os olhos dela pareceram ficar mais claros.
"Eu era nova e tive medo. Você me assustou todas as vezes que eu coloquei os olhos em você. Meu pai me viciou, eu sei que errei, mas o vínculo entre nós continua. Não lute contra isso, Pride!" Ele olhou e estava em outro lugar, no quarto ou sala de Gabriel, Livie estava deitada com os bebês sobre ela, ela cantava. Pride sorriu, era uma imagem tão linda! Eles deveriam ficar juntos.
"Viu? Eu sei que eu errei. Mas o passado ficou para trás, Pride! Nós podemos ter um lindo futuro, eu quero muito compensar você por tudo o que eu te fiz. Eu preciso do seu perdão, Pride. Me perdoe." Ela disse com voz doce.
"Saia da minha cabeça!" Pride fechou os olhos com força e depois os abriu.
"Me desculpa, acontece sem querer. Eu me enchi de coragem e vim aqui tentar resolver tudo. Mas você continua resistente." Ela disse tocando no rosto dele, a voz doce, o toque leve.
As mãos de Livie eram pequenas, ela era suave. Pride se afastou.
"Não precisa resolver agora. Não pense que eu não tenho pena de Minerva por ter entrado nessa situação tão complicada. Mas pelo que papai contou, ela é uma golpista, então..."
"Minerva não é uma golpista!" Pride a defendeu.
"Eu propus. Eu sabia de toda a história dela!" Ele disse, Livie se assustou.
"Toda a história?" Livie perguntou, como se soubesse de alguma coisa a mais.
"Livie, por favor, quando você fala assim, só me faz pensar no quanto nós somos estranhos um ao outro. Eu e você não tivemos uma conversa séria, não tivemos tempo."
"Você começou a fazer jóias depois que um bracelete antigo de sua mãe, dado por sua avó, quebrou e sua mãe ficou desolada. Você concertou o bracelete, logo seu pai trouxe uma jóia de Sophia, um relicário e você também concertou. Você não gosta de doces e não é por que não lhe caem mal, você só não gosta mesmo. Sua cor preferida é o verde, sempre foi e quando você me conheceu, você amou os meus olhos. Você perdeu a virgindade muito novo com oito anos. Com Halfpint. Ninguém sabe, nem ela, você a fez esquecer. Você não gosta muito de caçadas, você tem dó de matar animais. Quer que eu continue?" Ela disse e sorriu.
Pride ficou olhando para ela. Isso não era conhecer o outro, e ele não gostou do fato de Livie achar que era.
"Isso não me surpreende, só mostra que você é capaz de revirar a minha mente e eu não gosto disso." Ele não gostava. Livie acenou e se afastou.
"Eu vou te dar um tempo, Pride. Eu entendo o quão difícil é para você voltar a sua palavra. Mas Minerva não vale vivermos em sofrimento. Na verdade, ela é inteligente a ponto de entender que continuar nesse casamento só vai trazer mais sofrimento." Ela disse.
"Você pediu para Honor ir para Homeland?" Ele perguntou. Se ela queria que Minerva se fosse, talvez foi ela que mandou honor embora.
Livie piscou várias vezes.
"Honor? Ele foi embora?" Ela pareceu desesperada por um segundo, depois se recuperou. Ela fechou os olhos e ficou assim por um tempo.
"Honor foi um amigo. Durante muito tempo ele não sabia que era eu. Ele chegou a perguntar algumas pessoas, ele se preocupa muito com Lily, ele a ama. Ele ir embora porém, mostra o quanto estamos certos em ficar juntos. Honor percebeu isso e se Minerva quer mesmo ir, ela deve." Pride estreitou os olhos. Livie disse aquilo desprovida de emoção, foi estranho.
"Eu amadureci, Pride. Eu sei o que eu quero agora e vou fazer o que for preciso. Eu te amo." Ela se aproximou rápido e o beijou. Pride retribuiu o beijo, a apertou contra ele, deixando de lado a vozinha em sua mente que dizia que ele não deveria fazer isso.
Livie puxou as bordas da camiseta dele, sem parar o beijo e Pride se viu elevando os braços, a ajudando a tirar a camiseta. Ela tirou, Pride voltou a tomar a boca dela com sede. O beijo continuou, Pride apertou a bunda dela contra ele e rosnou
"Com licença." A voz de Minerva o despertou da névoa de desejo que o envolvia. Pride soltou Livie e se virou. Minerva passou entre eles, Pride e Livie se beijavam bem a frente do corredor que levava aos quartos.
"Talvez seja uma boa hora para conversarem, Pride." Livie disse e se foi.
Pride não conseguiu ignorar a expressão satisfeita no rosto dela.

FILHOTES DE VALIANT - PRIDEWhere stories live. Discover now